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A mais nova ameaça para as fabricantes mundiais é uma escassez global de magnésio. Segundo alertam entidades, a mais recente crise de abastecimento para as linhas de produção pode chegar em breve, atrasando também a entrega de motos 0km.

Até o momento, o maior alerta vem da Europa, mas caso a situação se confirme não deve ser surpresa que o movimento afete o mercado nacional também. Vamos entender então o que está acontecendo e quais os riscos alertados:

 

Entrega de motos e a falta de magnésio

O magnésio é um material usado em muitas ligas de alumínio. Entre as peças automotivas (e, claro, de motocicletas) ele está presente em um infinidade de componentes. São painéis de carroceria, rodas, eixos, freios, placas de suspensão e até blocos de motor.

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Motores triumph

Magnésio é utilizado em vários componentes, inclusive em motores!

No último mês, a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) emitiu um apelo urgente em toda a Europa, em uma ação contra o risco iminente de paralisações de produção de magnésio.

Segundo a entidade, sem uma resposta urgente por parte da União Europeia, esta questão, se não for resolvida, ameaça milhares de empresas em todo o continente. Seriam afetadas cadeias de abastecimento e consequentemente milhões de empregos.

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Ducati

Fábrica da Ducati em Bolonha foi temporariamente paralisada no auge da pandemia

Mas afinal, por que está faltando magnésio?

O fornecimento de magnésio originário da China – fornecedora referência global –  foi interrompido ou reduzido drasticamente desde setembro de 2021. Essa ação é resultado do esforço do governo chinês para conter o consumo doméstico de energia.

A China foi atingida por uma crise energética, mas a situação está piorando em função das indústrias enfrentarem a pressão do aumento dos preços da energia. Isso sem falar das metas de combate às emissões de carbono.

H-D Live Wire

Mesmo com a crise de magnésio, Europa é o centro do debate sobre o uso de motos elétricas e redução das emissões de carbono

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O país e suas províncias usam combustível fóssil como a principal fonte para mover a produção econômica, queimando carvão para gerar energia. Ao mesmo tempo, a demanda por produtos fabricados na China aumentou com a pandemia. Ou seja, não há como atender a demanda.

 

Europa dependente da China

Ainda segundo a ACEA, a União Europeia é quase totalmente dependente da China. Cerca de 95% das necessidades de abastecimento de magnésio do velho continente vem do país asiático. Além disso, a atual escassez de oferta chinesa já resultou em preços recordes da matéria prima ainda em oferta no mercado internacional.

Chip

Recente crise de chips e semicondutores colocou a produção de carros e motos a prova…

Caso o cenário não ganhe um rumo diferente, a Europa deve ficar sem estoques de magnésio até o final de novembro. Com a escassez de produção, novamente veremos um cenário semelhante ao início da pandemia, com a interrupção de linhas em empresas. No outro lado do globo, gigantes do setor de matérias primas nos EUA já alertam também sobre a situação.

 

Entrega de motos – Crise afeta somente importadas e Europa?

De uma forma breve a resposta é não! Assim como se viu com a recente crise de chips e semicondutores, um movimento no exterior e internacional afeta também o mercado nacional. Afinal de contas, o país está entrelaçado no jogo mundial de fornecimento e produção.

Harley-Davidson

Unidade da Harley no Brasil trabalha interligada com o fornecimento de peças de fora do país

Vale ressaltar que existem ainda marcas com fábricas no Brasil que se baseiam em muitos componentes vindos do exterior. A Harley-Davidson, por exemplo, produz suas motocicletas em processo CKD (Complete Knock-Down). O método trata-se da montagem de kits de peças e motor vindos de outras unidades mundo afora.

Como o mercado mundial e as principais fabricantes vão contornar esse desafio ainda é uma incógnita. No entanto, já vemos sinais de que ainda não veremos a produção de motocicletas novas voltar à situação anterior a pandemia em breve. E os preços das motos usadas? Parece que vão seguir em alta!

Fernando Santos
Jornalista amante do mundo da moto, vivendo destinos e sons. Ávido por novidades e crescido com o cheiro de motor dois tempos. [email protected]