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Quem narra esta história é o motociclista Luiz Corrêa, que em fevereiro do ano passado já havia compartilhado conosco uma viagem de moto sua de Cuiabá até Curitiba, rendendo uma boa aventura. Em janeiro de 2017, ele chamou seu fiel escudeiro, o amigo Raul Klein, parceiro de várias viagens, para uma pequena expedição da capital mato-grossense até Gramado, conhecido destino na Serra Gaúcha. No meio do caminho, em Curitiba, encontraram suas caronas e mais um casal de amigos, companheiros com destino ao Rio Grande do Sul. Foram 13 dias e 5 mil quilômetros de amizade e vento no rosto, tudo o que um motociclista precisa para se conectar com ele mesmo e ser feliz.

Viagem de moto – Cuiabá a Gramado, por Luiz Corrêa

A bela moto viagem inicia na quente Cuiabá-MT, cidade onde residem 4 dos 6 intrépidos participantes. A primeira etapa foi de três dias, num “pequeno” deslocamento até a bela Curitiba. Daí se juntariam mais um casal de mototuristas. Essa primeira parte foram somente Raul Klein, numa Kawasaki Versys 1000, e eu,Luiz Corrêa, de Suzuki V-Strom 650 ABS.

1º Dia – Cuiabá – Campo Grande (721 km). Considerado o pior trecho. Muito quente e entre Cuiabá e Rondonópolis costuma ter trânsito bastante intenso de veículos pesados. Porém estava até razoável.

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2º Dia – Campo Grande – Londrina (658 km). Pensamos que o calor ficaria para trás, porém creio que foi ainda mais quente. Tudo bem, pois consideramos somente como um trecho de deslocamento.

3º Dia – Londrina – Curitiba (387 km). Trecho com melhores paisagens e temperatura mais agradável. Apesar da viagem ter ocorrido em época de chuva, pegamos somente uns 800 metros sob água que mal deu para molhar. Assim foi concluída a primeira etapa da viagem.

Viagem de moto aconteceu em janeiro e foi somando amigos pela estrada

Viagem de moto aconteceu em janeiro e foi somando amigos pela estrada

Neste ponto inicia a segunda e melhor etapa da viagem, e para isso a Versys ganhou um pneu dianteiro novo. O 4º dia foi para “lapidar” o roteiro, encontrar com as garupas Carolina Klein e Rosely Pretti e também descansar as nádegas de quem já tinha rodado por três dias seguidos. Juntaram-se ao grupo a dupla Priscilla Rissetti e João Pretti, com uma Triumph Tiger 800 XCx. Nota: em 2016, João foi de Curitiba até Manaus com uma valente Yamaha Ténéré 250. Apesar do bom curriculum dos pilotos, nenhum havia feito viagem longa com garupa, e as garupas também estavam invictas de longas jornadas.

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As companheiras de aventura: Triumph Tiger 800 XCa, Kawasaki Versys 1000 e Suzuki V-Strom 650

As companheiras de aventura: Triumph Tiger 800 XCa, Kawasaki Versys 1000 e Suzuki V-Strom 650

5º Dia – Curitiba – Urubici (468 km). Belas paisagens nos acompanharam no trajeto. Parada para almoçar em Pomerode e previamente combinada para encontrar a irmã dos intrépidos Rosely e João. Muita boa conversa durante o almoço, mas as férias eram para rodar de moto; então seguimos viagem até que… finalmente fomos brindados com uma chuva! Estava tão bom que resolvemos continuar sem colocar as capas. Uma boa água de vez em quando é muito bem vinda, e serviu para batizar as garupas iniciantes. Ninguém achou ruim! Na chegada em Urubici descobrimos que há mais motociclistas do que pessoas normais (risos) nessa cidade.

6º Dia – Urubici – Xangri-lá (411km). Melhor e mais cansativo dia. Ainda em Urubici, visitamos o Morro da Igreja com seus 1.822 metros de altitude, e contemplamos uma vista acima das nuvens. O local é onde foi registrada a menor temperatura do país: -18º Celcius. Seguimos para a mítica e majestosa Serra do Rio do Rastro. Encontramos muitos motociclistas felizes pelo caminho. Daí conhecemos simpático casal Mi e Vanderson (Yamaha XT 660R), de Criciúma. Juntaram conosco na descida da Serra e nos guiaram até a cidade deles. Muitíssimo obrigado!

Aliás, este dia foi de inesquecível beleza, porém erramos nos cálculos e não computamos as várias paradas para contemplação e também os trechos lentos de serra. Daí, apesar do trajeto não ter sido longo, foram umas 12 horas sobre a moto. Como todos os seis cometeram essa falha, ninguém pode reclamar ou achar ruim. Chegamos em Xangri-lá já escuro, e para piorar foi complicado achar hotel. Acabamos ficando no pior e mais caro hotel da viagem. Não cometam esse erro!

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Roteiro incluiu uma passagem pelo litoral gaúcho, em Xangri-lá, antes de ir para Gramado

Roteiro incluiu uma passagem pelo litoral gaúcho, em Xangri-lá, antes de ir para Gramado

7º Dia – Xangri-lá – Gramado (192 km). Mais lindas paisagens e temperatura aprazível. Esse trecho foi curto para compensar o “sofrimento” do dia anterior. Antes de pegar a estrada paramos para tirar algumas fotos na praia. Chegamos em tempo para passear na bela cidade de Gramado e visitar o museu da Harley Davidson, parque do Lago Negro e algumas lojas de chocolate. Há muitas opções turísticas na cidade, e até merecia mais um dia de estadia, porém… como bons intrépidos motociclistas viajantes, resolvemos seguir adiante.

8º Dia – Gramado – Lages (290km). Agora inicia o processo de volta. Próximo de Lages o calor volta a ser parceiro não muito bem vindo. A curiosidade é a grande quantidade de argentinos no hotel. Creio que seja rota dos hermanos para as praias brasileiras. Uma simpática família argentina fez questão de tirar fotos com as crianças em cima das motos. Esses correrão sério risco de contraírem o vírus do motociclismo!

Em Urubici/SC, acima das nuvens

Em Urubici/SC, acima das nuvens

9º Dia – Lages – Curitiba. Mais uma etapa da viagem concluída, e fim da jornada – exceto para Raul e Luiz. As garupas disseram ter adorado a nova experiência e parecem estarem dispostas para uma próxima… e quem sabe com trecho maior.

O 10º dia foi para despedir do simpático casal da moto inglesa (Priscilla e João), turismar em Curitiba, fazer revisão regular da V-Strom e embarcar as garupas Rosely e Carolina no avião de volta para Cuiabá. Para quem não conhece Curitiba, há muitos lugares para conhecer e visitar. Para os mototuristas também vale a pena passar pela famosa Estrada da Graciosa.

11º dia – Curitiba – Presidente Venceslau (638km). Inicia a terceira etapa da viagem, agora somente Raul e eu com as respectivas motos. Na saída de Curitiba ocorreu a única adversidade da viagem: notei que o top case da Kawasaki estava aberto, alertei pelo intercomunicador (que fez enorme diferença na viagem) e ao parar Raul descobriu que o bagageiro estava quebrado. Não temos 100% de certeza, mas provavelmente o bauleto foi arrombado no estacionamento do hotel de uma famosa rede hoteleira que pernoitamos na capital paranaense. Tivemos de esperar as lojas abrirem e o Raul teve de encarar esse prejuízo. Nossa sorte também acabou, pois ficar sem molhar em época de chuva é raridade. A água foi nossa parceira nesse dia, mas tudo tranquilo.

Ao todo, foram mais de 5 mil quilômetros percorridos na viagem de Cuiabá a Gramado

Ao todo, foram mais de 5 mil quilômetros percorridos na viagem de Cuiabá a Gramado

12º dia – Presidente Venceslau – Sonora (780km). Mais chuva para espantar o calor. Mesmo com muita água, a viagem foi bastante tranquila e nenhum percalço a não ser a sujeira nas motos. Para quem não tem experiência: se a estrada for boa e não tiver muito movimento, é só reduzir um pouco a velocidade, aumentar a atenção e tudo vai bem tranquilo sob chuva.

13º e último dia – Sonora – Cuiabá (355 km). Mais uma vez tivemos de encarar o triste trecho Rondonópolis-Cuiabá. Porém diferente da ida, agora estava com o tradicional e absurdo tráfego intenso de veículos pesados. Apesar do último trecho desanimador, o resultado de toda a viagem foi bastante positiva. Vontade de repetir semestralmente ou mesmo mensalmente não nos falta. Os 5.344km rodados só aumentaram a vontade de ultrapassar esse patamar. No meu canal do YouTube há mais detalhes desta e de outras viagens e passeios.

Dicas para fazer viagens de moto

-Duas coisas são essenciais: segurança e diversão – nessa ordem. A segurança em primeiro lugar, porém não pode esquecer do bom humor, mesmo que ocorram adversidades. O resultado positivo de uma viagem será bastante influenciado por esses dois fatores;

-Viajar com garupa também é mais desgastante para o piloto. Nessa situação é interessante evitar de rodar mais de 6 horas por dia. Faça paradas intermediárias no máximo de hora em hora. Essa dica só não é válida caso a garupa tenha espírito ou DNA do Rambo, Amir Klink ou Stéphane Peterhansel;

-Piloto e garupa com equipamentos apropriadas. Isso aumenta a segurança e conforto; ou melhor, minimiza o desconforto… pois se quiser conforto fique no sofá assistindo a vida dos outros pela televisão (risos).

-Procure companheiros que tenha afinidade, e saiba que terá de abrir mão de quase tudo que gostaria. Nesse quesito para mim foi nota 10 e espero que os demais moto viajantes também tenham tido essa mesma avaliação.

Logo mais os amigos Raul e Dia 17 de junho Raul e Luiz colocarão as motos para rodar novamente. No dia 17 de junho eles vão para São Paulo, aproveitando um evento profissional como pretexto para colocar a moto na estrada. A previsão será rodar em torno de 3,5 mil km. Após, em julho, estão planejando fazer Cuiabá-Brasília-Cuiabá (cerca de 2,2 mil km), com garupas, sendo que a irmã de Luiz poderá estrear como moto-viajante. Bons ventos, Luiz!
Se você, assim como o Luiz e tantos outros motociclistas que já narraram suas aventuras no Motonline, também tem uma história para contar, entre em contato com a nossa redação! Envie email para [email protected] ou [email protected]
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