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A Petrobras não poderá atender todos os pedidos de fornecimento de combustíveis para novembro. Segundo a estatal, a demanda teria vindo acima da capacidade de produção. Claro, todo esse movimento acendeu um alerta para as distribuidoras, que apontaram para risco de desabastecimento no Brasil.

Mas afinal, vai mesmo faltar gasolina no próximo mês? Quais seriam as soluções? Vamos conferir de forma detalhada o que está acontecendo, e saber se vai dar para colocar combustível no tanque.

Gasolina cara

Gasolina cara? Mais do que isso, Petrobras não deve conseguir atender toda a demanda…

Petrobras recebeu alta demanda e não vai poder entregar?  

Em comunicado recente da própria empresa, a Petrobras afirmou que recebeu uma demanda muito alta de pedidos de fornecimento de combustíveis para o próximo mês. Segundo a petroleira, as encomendas estariam acima da capacidade de produção. Somente com muita antecedência seria possível contornar os pedidos.

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Na nota divulgada na noite de segunda-feira, a estatal afirma que está operando com seu parque de refino em utilização de 90%, no acumulado de outubro. Número grande frente aos 79% da capacidade registrada no primeiro semestre de 2021.

Gasolina cara

Gasolina cara e possivelmente em falta, alerta Brasilcom

Mesmo com esse alerta, a Petrobras declarou que segue atendendo os contratos com as distribuidoras. Tudo isso segundo a empresa, de acordo com os prazos vigentes e sua capacidade. Além disso, a companhia diz estar maximizando a produção e entregas. Como descrito, está operando com utilização elevada nas refinarias.

Mas essa situação de potencial desabastecimento é alimentada por relatos de entidades como a Associação das Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom). Segundo a organização, que representa mais de 40 distribuidoras regionais de combustíveis, a Petrobras teria avisado sobre cortes nos pedidos feitos para fornecimento de gasolina e óleo diesel.

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Importações, alta no preço e cotação internacional

Esse cenário de uma iminente falta de gasolina no mercado brasileiro não ocorre em um bom momento, se é que existe situação favorável para tal. Isso porque as importadoras e distribuidoras de combustíveis têm apontado grande defasagem no Brasil nos preços de diesel e gasolina, frente aos praticados no mercado externo. Ou seja, os preços, que já não estão muito baixos, deveriam estar ainda mais altos.

Segundo cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço do diesel no país – antes de chegar na bomba ao consumidor – está 17% defasado. Enquanto a gasolina está 14% abaixo dos valores a nível mundial. Com isso em mente, percebe-se que fecha-se a possibilidade de importações para suprir a demanda.

 

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Gasolina cara tem a ver com compras do exterior

Segundo a Brasilcom, com os preços internacionais bem superiores aos praticados no Brasil, as empresas distribuidoras não estão conseguindo comprar combustíveis no mercado externo. Vale ressaltar que o país não produz o volume de combustíveis necessário para consumo próprio e já depende de importações.

Gasolina cara

Gasolina cara? Preço segue cotação internacional

Com isso, a Petrobras desde 2016 vem buscando praticar preços de mercado internacional, para garantir que as compras lá fora não tragam prejuízos. Por essa razão a petroleira tem reajustado os preços dos combustíveis conforme os movimentos internacionais.

Mas esse plano sofre críticas nas ruas, devido às constantes altas que refletem as cotações de preços externos ao país. Ou seja, se o barril de petróleo ou derivados é negociado por valor mais alto internacionalmente, o preço aqui vai acompanhar e subir também.

De acordo com Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), o alinhamento de preços ao mercado internacional é necessário para atrair os investimentos para a ampliação do parque de refino brasileiro. Segundo o IBP, sem a percepção clara de que os preços variam segundo regras de mercado, não há segurança para a ampliação do parque de refino nacional.

 

Etanol pode ser alternativa à gasolina cara?

Ainda no mês de maio uma possível falta de álcool anidro (Etanol em composição pura) assustou os donos de postos de combustíveis. E sim, com a falta haveria um maior consumo de gasolina. Isso sem mencionar que a gasolina final é composta por 27% de álcool anidro e 73% de gasolina do tipo A.

Na época essa possível escassez álcool foi avistada pela entressafra da matéria prima, a cana-de-açúcar, além de dificuldades na moagem da então nova safra. Foi uma notícia nada animadora para os condutores de motocicletas e veículos bicombustíveis.

Gasolina cara

Gasolina cara poderia ser contornada com Etanol, não fosse os preços…

Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira dos Revendedores de Combustíveis Independentes e Livres (AbriLivre), Rodrigo Zingales, a alta dos preços do etanol pode existir pela ausência de incentivos do governo à produção. Além disso, as principais usinas do país têm a possibilidade de produzir açúcar e etanol.

“Uma usina de açúcar e álcool está capacitada para produzir açúcar, etanol hidratado e, eventualmente, o etanol anidro. O que acontece é: se o preço do açúcar internacional está alto, a usina vai preferir produzir açúcar ao invés de etanol”, diz Zingales.

Até a primeira quinzena de outubro, a gasolina foi mais vantajosa que o etanol nas bombas para os consumidores em praticamente todos os estados do Brasil. Ainda não foi dessa vez que pudemos se valer do preço para colocar Etanol. E parece que não vai ser agora…

 

Por fim, vai faltar gasolina ou não? 

Segundo resposta realizada nesta semana, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis afirma que não há indicação de desabastecimento. A entidade buscou acalmar ânimos e ressaltou que segue realizando o monitoramento da cadeia de abastecimento.

O que podemos concluir com tudo isso é que a demanda aumentou de fato, frente a cenários de redução dos deslocamentos no auge da pandemia, em 2020. A única coisa que já podemos pensar (e já foi vista durante a greve dos caminhoneiros de 2018) é que se o produto ficar escasso, quem acaba por falar alto é lei da oferta e da procura. Preço mais alto!

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Uma corrida em massa para os postos só faria o preço aumentar agora…

Mas com um cenário de alta demanda – um corre-corre aos postos – só faria as coisas piorarem. Na dúvida e com o preço alto, não vale a pena fazer um rombo no bolso e aumentar ainda mais a procura na bomba.

Em 2018 também vimos também que, quem correu sem necessidade para o posto ficou com combustível mais caro parado no tanque. Depois de dez dias a paralisação acabou e os preços retornaram ao patamar inicial. Não, o brasileiro não tem um dia de paz.

Fernando Santos
Jornalista amante do mundo da moto, vivendo destinos e sons. Ávido por novidades e crescido com o cheiro de motor dois tempos. [email protected]