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“Há quem tenha nascido artista e há quem tenha nascido poeta; eu nasci para pilotar motos.” Giacomo Agostini, 1967

O gênio de Giacomo Agostini ainda hoje é venerado pelos pilotos

O gênio de Giacomo Agostini ainda hoje é venerado pelos pilotos

 

Entre 1968 e 1971 disputaram-se 69 Grandes Prêmios do Mundial de Motociclismo nas duas classes principais, 500cc e 350cc. Essas 69 corridas consecutivas tiveram apenas um vencedor: Giacomo Agostini. O que acabou de ler é, porventura, um dos recordes mais impressionantes da história do Mundial, mesmo se é preciso contextualizá-lo com a esmagadora supremacia da equipe oficial da MV Agusta, e com o fato de Agostini ter ficado sem o seu maior rival no final de 1967: Mike Hailwood. Aliás, há quem defenda que ‘Ago’ não teria conquistado uns incríveis 15 títulos mundiais se Mike ‘The Bike’ não se tivesse retirado tão cedo e se o promissor finlandês Jarno Saarinen não tivesse morrido em Monza, em 1973. Porém, a capacidade de Agostini para acumular sucesso veio do seu extraordinário talento natural.

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Destino

Tal como Mike Hailwood, Agostini nasceu no seio de uma família abastada – dinheiro nunca foi problema. O problema foi convencer o pai, rico industrial de Bergamo, a deixá-lo seguir um esporte tão perigoso. Conta-se que Agostini convenceu um notório amigo da família a passar-lhe um documento que o autorizava a participar em provas de ciclismo, escondendo deliberadamente o prefixo ‘moto’. Assim que legalmente habilitado, o jovem Agostini começou a formação nas rampas do trial, só depois passando para as pistas. Campeão italiano de 175cc e 350cc, o ragazzo consegue um quarto lugar na estreia no Mundial e chama a atenção do conde Domenico Agusta. Que o para companheiro do consagrado Hailwood na todo-poderosa MV Agusta. (Ricardo Araújo/Auto Sport/Portugal)

Já no primeiro ano, o jovem italiano é vice-campeão das 500cc e só perde o título nas 350cc devido a um problema mecânico na última prova, em Suzuka. Quando no final dessa época Hailwood decide rumar à Honda (queixando-se da preferência do conde Agusta em relação a Giacomo), Agostini fica como primeiro piloto da MV Agusta e começa a sua extraordinária cavalgada: sete títulos nas 350cc e oito (sete consecutivos) nas 500cc. O último foi aos 33 anos, com a Yamaha, o primeiro título de uma moto a dois tempos na classe-rainha

Em 11 de junho de 1942, nascia em Lovere, na Itália o bambino Giacomo Agostini.

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Com 9 anos, ganha de presente de seu pai uma Bianchi 50cc. Aos 10 anos, já estava com uma Bianchi 125 cc, que o levaria à paixão pela velocidade. Com seus 18 para 19 anos, Agostini decide que seria realmente piloto e, sua família, embora o desejasse engenheiro, resolveu apoiar. Assim , em 1961, pilotando uma Morini 175cc, no autódromo de Saluta, Agostini ganha sua primeira medalha de ouro, diante de toda a família. Em 1962, torna-se o Campeão Júnior da Itália (também com uma Morini) em corridas de subida de montanha, provas disputadas em estradas, muito comuns na Europa. (Ricardo Pupo)

O jovem Agostini com sua Morini 175, liderando uma prova, perseguido por Pasolini de Aermacchi

Vitória no Troféu Cadete F.M.I. com a Morini Settebello em julho de 1962 Em 1964, assina seu primeiro contrato profissional, com a Morini, onde ganha o Campeonato Italiano das 250cc, acumulando vitórias, inclusive sobre o favorito Tarquinio Provini , que andava de Benelli 250, de 4 cilindros.

Campeão Italiano de 250 com a Morini

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Suas vitórias repercutem e ninguém menos que o Conde Domenico Agusta, o contrata para ser o segundo plioto do time onde o primeiro era o grande Mike Hailwood. Pilotando uma MV Agusta 350cc, já na sua primeira corrida, Agostini conquista sua primeira vitória no mundial.

No início de carreira

Ao final da temporada, Agostini é o vice-campeão nas categorias 350 e 500cc, atrás de Jim Redman e de Mike Hailwood , respectivamente.

Agostini – MV Agusta 350 – 1965 Em 1966, Agostini é novamente vice na 350cc. Na 500, o mundo veria o maior duelo até então: Agostini ganha seu primeiro título, em cima de Mike Hailwood, que foi decidido somente na última corrida. Neste mesmo ano, Agostini participa, também, da famosa Tourist Trophy, e torna-se campeão Junior (350cc). Iria ganhar mais 9 vezes.

Ago na Ilha de Man Em 1967, novamente vice na 350 e campeão na 500cc, agora, já com mais folga sobre Hailwood.

Agostini em mais uma “briga” com Mike Hailwood em 1967 A partir de 1968, com Hailwood fora do mundial , até 1972 , ninguém , com nenhuma máquina era capaz de vencer a dupla Giacomo Agostini / MV Agusta.

Agostini 1968

A dupla imbatível! Ago e a MV 500 De 1968 a 1972, Agostini foi campeão ininterruptamente nas catergorias 350 e 500cc.

Agostini – 1970

Um desses “shows” foi em Nurburgring em 1970. Com seus 22 quilômetros e 170 curvas, o nevoeiro estava tão denso que não se via nem o adversário ao lado no grid. E Agostini venceu com mais de 3 minutos de vantagem sobre o segundo colocado.

Pódio no GP Suécia 1972. Agostini 1º, Phill Read 2º e o finlandes Jarno Saarinen em 3º.

Agostini desolado com a quebra da sua MV Agusta na Ilha de Man (1971) Começam os boatos de que estaria desmotivado, decadente e que só vencia porque as MV eram motos muito superiores.

Agostini de MV Agusta 500 – 1972

A temporada de 1973 , não foi nada boa para Agostini ! Phill Read ,contratado pela MV Agusta em 1972, e que vinha se destacando , estreava bem na temporada de 73.

Com muitas quebras e alguns tombos, após 4 GPs, Agostini não havia marcado nenhum ponto. E, Phill Read disparava na liderança. A gota d’água viria no GP da Suécia, quando , vinha na liderança mas, por jogo de equipe, recebeu ordens para deixar que Phill Read vencesse. Nem o título das 350cc conseguiu acalmá-lo.

Agostini (nº 1) atormentado por Phill Read (nº 3) – 1973

Assim, no dia 4 de dezembro de 1973, Agostini anuncia sua saída da MV Agusta e sua contratação milionária pela Yamaha.

O motivo alegado por Agostini, era que iria disputar provas de 750cc, cilindrada que a MV Agusta não tinha. Mas o que pesou foi o dinheiro e a convivência impossível com Phill Read. Quando achavam que ele não se adaptaria aos 2 tempos, Agostini mais uma vez encanta o mundo e vence as tradicionais e importantes 200 milhas de Daytona de 1974, fazendo o recorde de média horária até então, com 105,010 mph.

Preparando sua Yamaha 750 para a sua grande vitória em Daytona

Agostini em busca da vitória – Daytona -1974

Provando, então, para o mundo todo, inclusive para os americanos, que ainda é o melhor, vencendo várias feras do motociclismo , inclusive o favoritíssimo, o americano Kenny Roberts Para confirmar, vence também as 200 Milhas de Ímola, na Itália.

Vence seu sétimo e último título mundial nas 350 cc , com uma TZ 350 , que ele ajudou (e muito) a desenvolver

Agostini com a TZ 350 que lhe deu o último título mundial na categoria 350

Ago com sua Yamaha TZ 750

Na catergoria 500cc, além da moto não estar ainda bem desenvolvida, Agostini sofre uma queda mais séria, e fratura o ombro. Resultado … não disputa várias etapas, ficando em 4º lugar no mundial.

Ago de Yamaha TZ 750 em 1974

Em 1975, Agostini e a Yamaha jogam tudo nas 500cc

Ago com sua YZR 500 em 1975

Nas 350 cc, estava surgindo mais um destaque, o jovem e talentoso venezuelano Johnny Cecotto, que fica com o título, e muito elogiado pelo vice Agostini.

Nas 500, Agostini dá o troco, e vence o mundial em cima de Phill Read e sua MV Agusta

Agostini (nº 4) na caça de Phill Read (nº 1)

Em 1976, a Yamaha oficial se retira do mundial das 500, e Agostini começa a temporada com uma velha MV Agusta , vencendo o GP da Alemanha. Depois, compra uma Suzuki, que só quebra , e desiste da temporada.

Agostini “fazendo” Barry Sheene por dentro para vencer o GP da Alemanha de 1976 com uma MV 500

Agora, de Suzuki 500, Agostini tenta tudo, mas Barry Sheene iria ficar com o título das 500 em 1976

Na 350, com uma MV Agusta 350, vence só o GP da Holanda. O restante da temporada foram só fracassos.

Agostini de MV Agusta 350 a caminho da vitória no GP da Holanda em 1976

Também disputa a Fórmula 750, de Yamaha, sem resultados expressivos.

GP da França de 750. Agostini chegaria em 3º. Barry Sheene abandonaria.

Em 1977, após mais algumas frustradas tentativas, resolve abandonar definitivamente as pistas.Mas , com a velocidade correndo no sangue, tenta ainda o automobilismo (Fórmula 2 e Fórmula 1), mas sem o mesmo sucesso do motociclismo.

Agostini na F-2

Agostini seguido de Patrick Tambay em Imola, na F-1 Aurora em setembro de 1979

Assim, a partir de 1982, reaparece no circuito mundial, agora como chefe de sua própria equipe, a Agostini-Marlboro-Yamaha. Obtém vários títulos, inclusive com seu antigo adversário, Kenny Roberts e, também, com Eddie Lawson.

Kenny Roberts – Equipe Agostini-Yamaha- Marlboro

Hoje, empresário com vários negócios, administra sua fortuna feita no motociclismo.Em 1997, trabalhando junto com a Cagiva, desenvolve para a MV Agusta a revolucionária MV F-4, lançada no Salão de Milão.

Agostini no lançamento da MV Agusta F-4

Sua carreira de piloto durou 17 anos. Foram 311corridas, 122 vitórias em Grandes Prêmios, 10 vitórias no Ilha de Man, 1 vitória nas 200 Milhas de Daytona, 18 Campeonatos Italianos e 15 vezes Campeão Mundial

CAMPEONATOS MUNDIAS 1966 500 cc ( 3 vitórias ) MV Agusta 1967 500 cc ( 5 vitórias ) MV Agusta 1968 350 cc ( 7 vitórias ) 500 cc (10 vitórias ) MV Agusta 1969 350 cc ( 8 vitórias) 500 cc (10 vitórias ) MV Agusta 1970 350 cc ( 9 vitórias ) 500 cc (10 vitórias ) MV Agusta 1971 350 cc ( 6 vitórias ) 500 cc ( 8 vitórias ) MV Agusta 1972 350 cc ( 6 vitórias ) 500 cc (11 vitórias ) MV Agusta 1973 350 cc ( 4 vitórias ) MV Agusta 1974 350 cc ( 5 vitórias ) Yamaha 1975 500 cc ( 4 vitórias ) Yamaha 1974 200 Milhas de Daytona Yamaha

Nunca sofreu um acidente com gravidade

“Não tenho medo! O que há , na verdade, é uma grande emoção! Um calafrio capaz de percorrer o corpo inteiro nos poucos segundos que antecedem a largada, e que se estendem até o fim da primeira curva.”