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O Motonliner Vagner Alexandre Abreu enviou este texto que aborda a proposta da Abraciclo ao Contran sobre a nova classificação para obtenção da nova Carteira Nacional de Habilitação para Motociclistas.

“Peço licença para emitir uma opinião por aqui. Estava notando nos comentários sobre o editorial Proposta da Abraciclo divide categoria “A” em três e notei muitos comentários contrários ao mesmo alegando ou “comer o dinheiro do povo” ou “dá na mesma”. Penso aqui nos prós e contras relativos a ideia da entidade, primeiro pensando no porque.

Quando se categoriza ou divide algo é para poder facilitar a fiscalização e controle relativo àquilo. Com uma subdivisão da categoria A é possível assim organizar a fiscalização rotineira dos policiais e fiscais e assim separar condutores despreparados de condutores educados e prontos para usar seu veículo da melhor forma possível e evitando problemas com o meio.

Alia-se também o fato de que no caso das motos de maior potência, a subdivisão ajudaria a regular o acesso e também cria-se um degrau antes do acesso as motos de entrada para poder permitir que jovens entre 16 a 18 comecem desde cedo a ter contato com veículos motorizados e sejam bem educados para lidarem com o trânsito durante o resto da vida.

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Em um resumo, imagino que o que a ABRACICLO pensa (ou não, isso espero que ela responda) é algo mais ou menos assim: a categoria A1 seria para os jovens a partir dos 16 anos, a A2 seria para as motos de entrada e para a maioria de nós, e a A3 para as motos de maior performance. Lembrando-se também que muito se fala em dividir a categoria de automóveis também, separando também veículos de passeio mais comuns de veículos de alta performance.

Claro que há de se considerar que para um país continental como o nosso, há os problemas de fiscalização e controle (como citado pelo Luís Sucupira, num dos comentários), mas isso caberia em outra discussão que, a propósito, muitos nem gostariam de entrar já que é relativo justamente a aumentar a fiscalização e muitos que reclamam sofreriam com as consequências, já que muitos motociclistas ainda cometem muitas irregularidades. Além disso, uma fiscalização maior em rodovias já acabaria de vez com a farra das motos de alta potência. Mas como eu já disse, caberia em outra discussão a qual gostaria de um dia abrir para ver se as pessoas pensam mais sobre isso.

Quanto a educação no trânsito, no caso a preparação das auto escolas, digo por experiência própria (acompanhando auto escolas e até amigos que tiraram a carta) que não adianta culpar as auto escolas, sendo que muitos que querem tirar sua habilitação as querem o quanto antes, o mais rápido e prático possível e fazendo de tudo para tal. Isso também cabe na mesma discussão sobre a fiscalização.

No entanto, no caso de auto escolas, imagino que com a divisão de categorias de motos, a habilitação poderá até sair mais barata, já que provavelmente cada etapa terá uma menor exigência e ao mesmo tempo a etapa anterior será um degrau para a próxima.

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Há o fato de que motos são modificáveis e motos de uma baixa cilindrada podem até ser modificadas para virarem uma moto de cilindrada maior. Basta ver que há motos de 50 cilindradas que até ganham “kits de performance”, onde trocando o cilindro e o pistão, já o transforma em uma moto de 100 cilindradas. Essa discussão é técnica e caberia também em uma outra discussão a parte.

Enumerando então prós e contras, temos:

Prós

– Melhor fiscalização, pois com as divisões por categorias os policiais ganham mais foco e também podem inibir pessoas despreparadas com motos de alta performance;

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– Uma elevação gradual da educação do jovem para o trânsito e a regulação das motos de cinquenta cilindradas;

– O uso de moto de alta performance por pessoa preparada e acostumada a lidar com a mesma;

– Um trânsito mais harmonioso no futuro, com pessoas já preparadas e educadas cada uma em sua categoria;

– Ao contrário de muitos comentários, é possível que até seja mais barato a habilitação, já que a exigência para cada etapa de habilitação será bem menor e cada etapa anterior será um nível de aprendizado para a próxima.

Contras

– Poderá haver um grande número de habilitações com categorias compradas ou falsas, já que muitos não vão querer perder a comodidade do sistema atual; ou motores modificados de forma que pareçam estar em uma categoria inferior;

– Não nivelará todos os motociclistas ao mesmo nível – isso na verdade é tanto um pró como um contra, mas para muitos, provavelmente é um contra;

– Não terá uma implantação fácil se não contar com um plano de educação para o trânsito melhorado, atualizado e focado a educar os condutores de forma a saberem suas responsabilidades como tal.

A questão de separar as categorias de motos vem de longe e como já dito por alguns, já foi uma vez usada por aqui. Não vejo como muito inconveniente esta separação, pelo contrário. Vejo até como uma forma justa de preparar condutores e evitar abusos, como os que vem acontecendo hoje, com jovens (e até mais velhos) usando motos de alta performance de forma totalmente arriscada, sem respeito ao próximo e muitas vezes arriscando a vida própria e a do próximo. Um acidente, além de custar uma (ou mais) vidas, também custa recursos dos cofres públicos, tempo e vagas dos hospitais, sentimentos dos familiares das vítimas, o custo dos reparos, etc…

Noto que muitos hoje entram no mundo das motos e na vida do trânsito e não pensam com cautela e respeito a si mesmo e ao próximo. Apenas querem se ostentar, serem hedonistas, terem prazer de acelerar a moto e sentir a potência do motor colocado embaixo de seus corpos. Não julgo exatamente isso, afinal, isso também lembra os velhos jovens em “cafe-racers”, mas sim a forma de como é feita atualmente. Isso caberia em uma terceira discussão, sobre a cultura motociclística, moral e afins.

Enfim, espero não ter sido chato e peço desculpas por qualquer inconveniência.  Espero que estas palavras levantem uma discussão interessante a todos e reflitam que caminho os motociclistas querem seguir. Sucesso ao Motonline.”