O mercado motociclístico vem se reinventando aos longo dos anos, com a competitividade de projetos surpreendendo os consumidores. Podemos ilustrar este pensamento com as marcas Harley-Davidson e BMW. A primeira é conhecida em todo o mundo por seus produtos clássicos, custom, enquanto a segunda possui a big trail mais vendida do planeta. E se elas decidissem criar projetos para ‘cutucar’ as concorrentes?
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É o que aconteceu com o desenvolvimento de dois novos produtos, que inicialmente chegariam ao mercado ainda em 2020. De um lado a Pan America, primeira Big Trail da lenda americana, e do outro a R 18, uma clássica com motor de dois cilindros e 1.800 cm³ de engenharia alemã.
Harley em meio as big trail: Pan América
Vamos começar pela Harley, que conta com novo motor de 1250 cilindradas, bicilíndrico, o Revolution Max. Aliás, propulsor que gera 145 cv, mais do que os 136 cv da líder de vendas BMW R 1250 GS Adventure.
Segundo a Harley-Davidson, o novo conjunto também irá equipar futuros lançamentos e se destaca por oferecer menos vibração, mais torque em baixas rotações e potência em altas, peso e centro de gravidade reduzidos, além de maior durabilidade. Além disso, adoção da transmissão final por corrente – ao invés de correia, tradicional em produtos da marca. Isso garante uma manutenção mais simples, se necessário, além da possibilidade de reparo menos complicado.
A Pan America vai oferecer painel TFT, conectividade, para-brisa ajustável, aquecedores de manoplas, controle de tração e de velocidade de cruzeiro. Mas um dos principais itens da big trail será a possibilidade de contar com suspensão com ajuste eletrônico de pré-carga.
A Harley também anunciou parceria com a Brembo e a Michelin, empresas com as quais já tem um relacionamento. A grife italiana de freios desenvolveu novas pinças de freios monobloco com quatro pistões especialmente para big trail, enquanto a francesa participa do desenvolvimento da moto criando pneus especificamente para o modelo.
R 18: a BMW ataca no segmento custom
Já a BMW Motorrad inaugura um novo segmento na companhia com as R 18 e R 18 Classic. São modelos que seguem a tradição da marca, tanto tecnicamente quanto em termos de design, e que empresta aspetos tecnológicos e visuais das motos famosas como a BMW R 5 voltando a atenção ao essencial: tecnologia purista sem adornos e o motor boxer como parte central da moto.
Enquanto a R 18 tem um estilo mais purista, a Classic apresenta um grande para-brisa, banco do passageiro, alforjes laterais, faróis de LED adicionais e roda dianteira de 16 polegadas. Não por acaso foram adotados outros elementos, como o tanque em forma de lágrima, a transmissão exposta e a pintura de listras finas – remetendo à lendária boxer de 1936.
Abaixo do tanque há o maior motor boxer de 2 cilindros já fabricado pela empresa alemã. São 1802 cm³, que entregam potência máxima de 91 cv a 4.750 rpm e fazem a motocicleta atingir (sem qualquer dificuldade) velocidade máxima de 180 km/h.
A suspensão da nova R 18 é uma estrutura de aço tubular de duplo loop. A atenção meticulosa aos detalhes é evidente em recursos não aparentes, como juntas soldadas entre tubos de aço e peças fundidas. Como na lendária BMW R 5, o braço oscilante traseiro envolve a transmissão do eixo traseiro num estilo autêntico usando ligações parafusadas.
Além disso, a R 18 também oferece três modos de condução padrão “Rain”, “Roll” e “Rock”, algo incomum neste segmento. O modelo também inclui controle de tração comutável e controle do motor (MSR), entre outras opções.
Quem diria? A lenda americana entrando em um mercado que hoje é liderado pelas gigantes europeias, enquanto uma das principais marcas do Velho Mundo quer disputar o mercado de motos custom. Quem ganha com todas essas novidades e ousadias das montadoras somos nós, amantes do motociclismo!