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Levamos a Honda Africa Twin (ela atende também por CRF 1000L) para um passeio pela Serra da Canastra (MG), um dos paraísos nacionais para quem gosta de praticar off-road (trilhas, para os mais antigos). A ideia era confirmar se o fator responsável pelo fracasso de vendas da moto tem a ver apenas com o preço mais alto em relação às concorrentes no lançamento em 2016, o que acabou por “queimar” a moto no mercado que oferecia menos que suas concorrentes quando o assunto era eletrônica embarcada.

Mesmo com descontos e reduções promocionais de preço, a Honda Africa Twin não decolou e nos dois anos que se seguiram ao lançamento (2017 e 2018), ela é a quarta colocada no ranking de vendas entre as bigtrail acima de 800 cc. Confira:

  1. BMW R 1200 GS: 5.668 motos
  2. Triumph Tiger 800: 5.372 motos
  3. BMW F 800 GS: 2.112 motos
  4. Honda Africa Twin: 1.157 motos
  5. Suzuki V-Strom 1000: 1.055 motos
Um dos vários riachos que atravessamos com a Africa Twin na Serra da Canastra

Um dos vários riachos que atravessamos com a Africa Twin na Serra da Canastra

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Honda Africa Twin: menos eletrônica

Esse teste confirmou o que desconfiávamos, que realmente a Honda Africa Twin pagou por aquela primeira impressão deixada aos consumidores, de uma moto que oferece menos e custa mais que suas concorrentes. Mas é preciso deixar claro que “oferecer menos” fica apenas no quesito das funcionalidades eletrônicas, porque de resto a moto oferece até muito mais, sobretudo quando falamos de viagem e aventuras onde se vá encarar qualquer caminho, como pudemos comprovar neste teste. Viajamos com garupa, duas malas laterais mais o top-case e usufruímos dos ajustes de suspensões para cada ocasião e sentimos o vigor do motor que oferece 90,2 cv de potência e o torque sempre disponível.

Estilo

Estilo

Design bem marcado de uma bigtrail raiz

Conforto

Conforto

Posição de pilotagem confortável e segura

Todo-terreno

Todo-terreno

Areia, lama, pedras, cascalho, ela encara tudo

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Frente-verso

Frente-verso

Esguia e alta, mas com adequada altura do assento

Pneus

Pneus

Dunlop para uso misto não decepcionaram

Consumo

Consumo

Com carga plena, a moto fez média de 22,7 km/litro

Destacamos ainda o consumo da Honda Africa Twin durante os 974 km que rodamos (cerca de 170 deles em um circuito off-road pesado) com 42,89 litros de gasolina comum, o que resultou na média geral de 22,7 km/litro, uma excelente marca para uma moto desse porte. Outro aspecto que fica claro é que a Honda Africa Twin é a mais trail de todas as bigtrail do mercado, por sua ciclística muito bem ajustada e características como boa altura livre do solo, mas que permite ao piloto ótima (e segura) posição de pilotagem com total liberdade de movimentos. Facilidade reforçada ainda pela possibilidade de desligar o controle de tração e o ABS na roda traseira com um toque, de forma muito rápida e intuitiva.

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O riacho com pedras  soltas aterrorizou, mas todos, inclusive eu, passaram sem problemas

O riacho com pedras soltas aterrorizou, mas todos, inclusive eu, passaram sem problemas

Para finalizar, o lançamento da nova Africa Twin 2020, que chega em duas versões e com um pacote de funcionalidades eletrônicas completíssimo, confirma que a Honda fez o “mea culpa”, principalmente por apresentar a nova moto em duas versões – Standard e Adventure Sports – com o modelo de entrada ao preço de R$57.990, compatível com a concorrência, contra os R$64.900 daquela primeira moto em versão única do final de 2016 e que foi avaliada agora neste teste. Resta saber se os (poucos) consumidores com capacidade de comprar motos nessa faixa de preço vão se sensibilizar com os bons apelos da Honda Africa Twin.

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Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.