A Honda CB 300 ou CB 300R chegou em 2009 com a dura missão de substituir a street média mais vendida da história do Brasil, a CBX 250 Twister. Inicialmente, impressionou pelo design moderno e obviamente, maior potência. Porém, sua trajetória foi marcada por altos e baixos, êxito nas vendas e idas à oficina, até chegar ao resgate do emblemático nome Twister em sua sucessora. Relembre a história.

Lançamento da Honda CB 300
A Honda CB 300 chegou ao mercado no meio de 2009 para substituir a CBX 250 Twister. Projetada para atender às novas normas de emissão de gases, a moto trouxe um motor atualizado, praticamente o mesmo da XRE 300, e um design que lembrava a segunda geração da CB 600F Hornet.
Logo de início, a CB 300 se destacou com um motor de 300 cilindradas, injeção eletrônica e duplo comando de válvulas no cabeçote. Ou seja, a mesma base da CBX, mas redimensionada de 249 cc para 291,6 cc.
Com esses avanços, ela oferecia 26,5 cv de potência e 2,8 kgfm de torque, ante os 24 cv e 2,48 kgf.m da Twister. Seria tudo perfeito, e a CB 300 ficaria marcada como uma das motos mais queridas do Brasil, se não fosse um detalhe que deu muito o que falar e, pra falar a verdade, até hoje é lembrado: a trinca do cabeçote.
A Polêmica do Cabeçote
Apesar das inovações, os modelos fabricados nos anos iniciais enfrentaram sérias críticas devido a um problema recorrente no cabeçote do motor. Vazamentos de óleo e até mesmo a quebra do motor deixaram muitos consumidores insatisfeitos. A Honda recomendava inspeções frequentes a cada 4.000 km, mas a ausência de um recall oficial gerou indignação.
Tentando explicar: motor da CB300 foi redimensionado e teve um aumento das válvulas de admissão e escape. Isso resultou em uma menor espessura das paredes do cabeçote, onde as velas ficam alojadas. O resultado frequente era de superaquecimento e consequentemente, trincas no cabeçote. Foi uma questão delicada: de um lado, surgiam centenas (ou milhares) de queixas de usuários na internet todos os meses; do outro, a Honda assegurava que a manutenção preventiva prevista no manual evitaria qualquer problema no conjunto mecânico.
Motor Flex e design atualizado
Em 2013, a Honda introduziu o motor Flex na CB 300, permitindo o uso de etanol como combustível. Essa mudança aumentou a potência para 26,73 cavalos e o torque para 2,86 kgfm, além de trazer novos elementos estéticos, como defletores laterais e um painel com luz indicadora para partida com etanol.
Em 2014, a CB 300 chegou a ganhar uma edição comemorativa com as cores da equipe Honda da MotoGP, patrocinada pela Repsol. A edição foi limitada, mas a Honda não chegou a informar quantas com esses grafismos foram produzidas.
A antiga CB 300 fez sucesso?
A CB 300 ficou nas lojas até meados de 2016. Oficialmente, entre junho de 2009 e setembro de 2015 foram produzidas 374.083 unidades da CB300 R. Um número e tanto, mas ainda abaixo da antecessora.
Produzida de 2001 a 2008, a CBX 250 Twister emplacou 459 mil unidades, segundo a Fenabrave. A média anual também caiu, de 51 mil motos na CBX para 49 mil na CB. Para fechar, novas regulamentações ambientais entrariam em vigor em breve. A Honda precisava agir e era o momento perfeito para isso.
Moto nova, nome antigo: o retorno da ‘Twister’
Depois de tantos altos e baixos com a CB 300R, a Honda buscou uma alternativa resgatar seu prestígio e sucesso no setor. E encontrou. Em 2015, apresentou uma moto criada ‘do zero’, mas com um nome respeitado pelo mercado. Nascia a CB 250F Twister.
Uma curiosidade: inicialmente, o modelo era comercialmente chamado apenas de CB Twister, sem as ‘250 cc’. Afinal, não seria fácil convencer o consumidor, habituado a comprar motos cada vez maiores, que ele deveria trocar uma 300 cc (a CB 300R) numa 250 cc. Junto do tamanho do propulsor, a potência caiu 16%, para ‘apenas’ 22,5 cv.
Exceto o nome estrategicamente repetido, era uma moto totalmente nova. Inclusive, foi o primeiro modelo a adotar o motor SOHC que em breve seria visto também na CRF 250F e, após cuidadosamente aperfeiçoado, nas novas Sahara 300 e Tornado 300. Motor, rodas, chassi, elétrica, carenagens, pneus. Tudo novo para uma nova história.
Em 2023, surge uma nova ‘CB 300’
Na carona do robusto e econômico motor SOHC, do bem resolvido visual (que recebeu várias atualizações e até edições especiais) e do poder do nome Twsiter, a CB 250F se consolidou como um sucesso. Oito anos depois, as 300 cilindradas já poderiam voltar, assim como o nome CB 300. Ou quase.
Em 2023, a Honda lançou a CB 300F Twister. Era uma evolução da 250F Twister e, assim, nada tinha a ver com a antiga CBX 250 Twister e, muito menos, com a polêmica CB 300R. A única semelhança entre as duas elas era o nome – ou nem isso, já que uma adotava o ‘R’ enquanto a outra preferiu o ‘F’. Entre suas novidades, estavam:
- Desempenho: O motor Flex da CB 300F entrega 24,7 cavalos de potência e 2,67 kgfm de torque.
- Design: Inspirado nos modelos CB 500F e CB 750 Hornet.
- Tecnologia: Painel digital completo com computador de bordo, embreagem assistida e deslizante, iluminação full LED e tomada USB.
Disponível em duas versões – uma com o sistema de freios CBS (Combined Brake System) e outra equipada com ABS, – a nova geração da Twister traz as qualidades tradicionais de seus modelos anteriores, mas com avanços técnicos. Entre as novidades, estão o câmbio de seis marchas com embreagem assistida deslizante, um motor modernizado que funciona tanto com gasolina quanto com etanol e maior desempenho graças ao aumento de potência e torque.
No quesito ciclística, a atualização inclui uma suspensão dianteira com tubos de 41 mm de diâmetro, a mesma dimensão utilizada na CB 500F, evidenciando o cuidado no desenvolvimento do modelo. Já na traseira, houve um aumento no curso da roda, que passou de 108 mm para 120 mm. Outro detalhe significativo é o pneu traseiro, agora mais largo, com medidas de 150/60R-17, que melhora a aderência e a estabilidade.