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A chegada do maior rali do mundo à Arábia Saudita marcou o fim de uma era. Depois da KTM dominar as 18 últimas edições do Dakar (7 realizadas na Europa/África e todas as 11 sediadas na América do Sul), coube a Honda quebrar a sequência de títulos dos austríacos. A marca japonesa voltou à vitória depois de 31 anos de jejum, sob o comando do piloto americano Ricky Brabec, nesta sexta-feira, 17 de janeiro.

Brabec celebra o título e Honda comemora três motos do time no top 10 - Foto: Dakar Media

Brabec celebra o título e Honda comemora três motos do time no top 10 – Foto: Dakar Media

Desde 1989 a Honda não vencia um Dakar e Brabec mudou essa história ao mostrar uma campanha vitoriosa e constante, concluindo os quase oito mil quilômetros de percurso (sendo mais de cinco mil de especiais) em 40h02min36s. Essa foi sua quinta participação no rali.

Como foi a etapa final

O último dos 12 trechos cronometrados foi ainda mais desafiador, que não economizou em pedras. Ao todo, foram 374 km de especiais, totalizando um trecho com 447 km, entre Haradh e Qiddiya, na capital Riad. Pablo Quintanilla, vice campeão com a Husqvarna, havia conseguido colocar pressão sobre Brabec ainda no penúltimo dia de prova. O chileno diminuiu a diferença para o americano de 25 para 13 minutos, a ponto de deixar a disputa mais acirrada no estágio final.

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Entretanto, o piloto da Honda teve um dia sólido nesta sexta, conquistando a segunda posição na última etapa. Quintanilla teve problemas, completou em quinto e fatalmente abriu mão do título. A derradeira fase de rali Dakar teve ainda o vencedor José Ignacio Cornejo de Honda, com 1h28min15s. Logo atrás, Brabec chegou a apenas 53 segundos. O então campeão Toby Price, em terceiro, ficou 2min24s distante do líder e Luciano Benavides, à 3min9s. Quintanilla, com a diferença de 3min23s do vencedor, completou o top5.

* Saiba como foram os dias anteriores *
Saiba tudo sobre o Dakar 2020
Dia1: KTM vence abertura
Dia2: Branch tem vitória surpreendente
Dia3: Honda tem as três motos mais rápidas da etapa
Dia4: Sunderland punido perde vitória para Cornejo
Dia5: Price vence, Sunderland cai e abandona
Dia6: Honda conclui metade do Dakar na liderança
Dia7: Paulo Gonçalves morre em acidente, oitava etapa é cancelada
Dia9: Quintanilla leva Husqvarna à vitória
Dia10: Honda mantém liderança com vitória de Barreda
Dia11: Husqvarna pode tomar liderança da Honda na final

Price foi o piloto mais bem colocado da KTM, mas viu o título passar para o lado de Brabec - Foto: Dakar Media

Price foi o piloto mais bem colocado da KTM, mas viu o título passar para o lado de Brabec – Foto: Dakar Media

A queda da KTM

A KTM não conseguiu manter seu reinado no Dakar, onde os astros recentes ficaram no quase e algumas estrelas já não estavam mais lá.

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Sam Sunderland – Campeão de 2017, o piloto perdeu a vitória da etapa 4 por ter excedido a velocidade permitida em um dos trechos. No estágio seguinte o britânico sofreu um acidente e teve de abandonar a prova.
Matthias Walkner – Vitorioso em 2018, o austríaco não consegui uma excelente performance este ano e terminou em 5° no geral.
Toby Price – Bicampeão em 2016 e 2019, foi o australiano quem levou a KTM mais longe, com a terceira posição no quadro geral. O piloto completou 5 de 6 participações no rali entre os três primeiros.
Cyril Despres – Lenda na KTM, o francês teve 5 títulos com a fabricante, mas desde 2014 mudou de casa. Neste ano ele se aventurou nos UTVs, abandonando a prova após o sétimo estágio.
Marc Coma – Outro herói da marca, o espanhol colecionou também 5 vitórias para KTM, a última em 2015. Nesta edição ele foi o navegador do ex-piloto da F1 Fernando Alonso, formando a dupla que chegou em 13° nos carros.

Resultado final entre as motos (Top10):

1° Ricky Brabec (Honda) 40h02m36s – Campeão
2° Pablo Quintanilla (Husqvarna) + 16m26s
3° Toby Price (KTM) + 224m06s
4° José Ignacio Cornejo (Honda) +31m43s
5° Matthias Walkner (KTM) + 35m00s
6° Luciano Benavides (KTM) + 37m34s
7° Joan Barreda (Honda) + 50m57s
8° Franco Caimi (Yamaha) +1h42m35s
9° Skyler Howes (Husqvarna) + 2hr04m01s
10° Andrew Short (Husqvarna) + 2hr10m40s

Brasileiros no Dakar 

MotosLincoln Berrocal conseguiu completar a sua missão de disputar todos os estágios do Dakar 2020. O paranaense finalizou a última etapa na 68ª posição com sua KTM Rally Replica 450. Aos 61 anos, ele era o piloto mais velho entre os 147 inscritos. Esta foi a sua segunda participação, que lhe rendeu o posto de 67° no geral, à 19h29min1s atrás do vencedor, Brabec.

Aos 61 anos, o brasileiro Lincoln deu uma prova de coragem ao concluir os quase oito mil quilômetros do Dakar - Foto: Dakar Media

Aos 61 anos, o brasileiro Lincoln deu uma prova de coragem ao concluir os quase oito mil quilômetros do Dakar – Foto: Dakar Media

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O paranaense, empresário e atleta amador, viu mais de um terço dos competidores da categoria ficarem pelo caminho, incluindo muitos atletas profissionais. Ser um dos 96 a persistirem até o final o deixou ainda mais emocionado na hora de receber a bandeirada. “Quero deixar um abraço a todas as pessoas que me apoiaram. Gente do mundo inteiro que torceu, mandou palavras de carinho. Com o auxílio de todos pude realizar um sonho e garantir essa alegria ao Brasil”, destacou.

UTV – O piloto Reinaldo Varela e o navegador Gustavo Gugelmin venceram a última especial da sua categoria. Entretanto, eles encerraram a participação neste ano em 9° lugar no geral. Campeões da edição de 2018, desta vez tiveram de driblar uma série de contratempos mecânicos, como um volante quebrado (ainda no primeiro dia) e muitos pneus furados. Tudo isso agregou no tempo e a dupla encerrou à 5h44min1s do vencedor norte-americano Casey Currie.

Campeões em 2018, os brasileiros venceram o último dia de rali na Arábia Saudita - Foto: Dakar Media

Campeões em 2018, os brasileiros venceram o último dia de rali na Arábia Saudita – Foto: Dakar Media

Dakar 2021

Depois de inúmeros desafios e conquistas nas 12 etapas da edição de 2020, fica a expectativa para o próximo rali. Após o acordo de cinco anos ser firmado com a Arábia Saudita, o país se tornou a nova casa do evento. Apesar disso, a organização pretende expandir as rotas da prova, inserindo novos destinos na região. A Jordânia seria uma possibilidade, devido a sua proximidade da sede. O Egito é outro candidato com potencial para entrar nos planos. Vamos aguardar.

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Guilherme Augusto
@guilhermeaugusto.rp>> Jornalista e formado em Relações Públicas pela Universidade Feevale. Amante de motos em todas suas formas e sons. Estabanado por natureza