Stefan Pierer, CEO da KTM, anunciou sua saída do comando da empresa austríaca em meio a uma crise financeira que desafia a marca. A decisão ocorre em um momento crítico, com dívidas bilionárias e reestruturações em andamento.

KTM em Crise
KTM em Crise

KTM em Crise: Stefan Pierer deixa o comando

Stefan Pierer, CEO da KTM por mais de 30 anos, decidiu deixar o comando da marca, conforme comunicado da Pierer Mobility AG, empresa controladora da fabricante de motos. A decisão marca o encerramento de uma gestão iniciada em 1992, que posicionou a KTM como uma das maiores fabricantes de motocicletas off-road e esportivas no mundo.

A saída de Pierer ocorre em meio a um cenário desafiador para a KTM, que enfrenta uma crise financeira significativa. A empresa entrou em um processo de “auto-administração” por 90 dias, iniciado em novembro de 2024, para tentar reverter um passivo estimado em 2,9 bilhões de euros (mais de R$ 18 bilhões). O impacto é amplo, afetando mais de 3.600 funcionários e aproximadamente 2.500 credores.

Stefan Pierer costumava acompanhar de perto eventos e atletas. Na foto, aparece com o piloto Ryan Dungey, no Supercross de 2016
Stefan Pierer costumava acompanhar de perto seus atletas. Na foto, aparece com o piloto Ryan Dungey, no Supercross de 2016

Em sua declaração oficial, Pierer destacou a paixão que sempre teve pela empresa: “A KTM sempre foi mais do que uma empresa; era minha paixão e missão. Decidir entregar o comando não foi fácil.” O cargo de CEO passou para o Co-CEO Gottfried Neumeister. O executivo foi contratado em setembro do ano passado, e já estava previsto que Pierer passaria o cargo aos poucos para Neumeister. De toda forma, Stefan Pierer vai continuar participando como membro do conselho da empresa, e vai acompanhar o processo de reestruturação.

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O Vírus da Crise

A crise da KTM é resultado de uma combinação de fatores, com destaque para os efeitos da pandemia de COVID-19. Durante o período de isolamento, a demanda por veículos leves aumentou, mas a produção da KTM estava paralisada. Quando as atividades foram retomadas, a empresa aumentou sua produção, mas o mercado começou a entrar em retração, resultando em estoques gigantescos acumulados ao redor do mundo. Essa pelo menos, é uma das explicações dos conselheiros da Pierer Mobility.

Além disso, a marca realizou investimentos ousados nos últimos anos. Em 2013, adquiriu a Husqvarna que trouxe junto a GasGas para o portfólio. Em 2023, a Pierer Mobility comprou 50,1% da MV Agusta, porém com o período crítico, está tentando “devolver” a marca. Embora essas aquisições tenham fortalecido a posição da KTM no mercado, também contribuíram para a crise atual, ao elevar os custos operacionais e o endividamento da empresa.

E uma crise puxou outra: com o pedido de recuperação judicial, as ações da Pierer Mobility AG despencaram e sua dívida líquida aumentou em 89,3%.

A KTM em Crise pode afetar o Brasil?
A KTM em Crise pode afetar o Brasil?

Segundo informação recente do jornalista Roberto Agresti, o governo austríaco deverá socorrer a KTM com parte da dívida. Além disso, os credores aceitaram negociar as dívidas da KTM, recebendo 30% do valor total. É aguardar para ver!

A KTM em Crise pode afetar o Brasil?

A crise da KTM também levanta questões sobre o impacto no mercado brasileiro. Em abril de 2024, a marca recebeu aprovação do Conselho de Desenvolvimento do Amazonas (Codam) para construir uma fábrica em Manaus. O investimento de R$ 97 milhões previa a geração de mais de 100 empregos diretos, representando uma aposta estratégica para fortalecer a presença da KTM no Brasil.

Atualmente, a KTM opera no país por meio de uma parceria com a Factory Powersports e a Dafra, que monta modelos off-road e a linha Duke 390. Contudo, a continuidade do projeto da fábrica, pode depender diretamente do sucesso do plano de recuperação judicial da marca.

KTM Duke 390
KTM Duke 390

Enquanto o futuro da KTM no mercado global e no Brasil é incerto, o novo comando terá a missão de reconquistar a confiança dos consumidores e investidores. Nossa esperança é de superação.

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Jornalista, web designer, desenvolvedor web e editor ao mesmo. Já fui radialista, publicitário e até metalúrgico metaleiro. Acabei entrando e abraçando o mundo 2 rodas por influencia do meu irmão mais velho.
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