Um índio potiguar avista de longe a chegada de estranhos de cabelos loiros e vermelhos vestindo armaduras e corre em direção à aldeia e avisa ao cacique Marangoab que reúne os guerreiros e trava uma luta feroz na subida da serra. Marangoab e vários guerreiros lutam até o fim. Capturado, Marangoab recusou-se a cooperar e foi executado. O ano é 1649. A luta de Marangoab foi contra Mathias Beck, um holandês que venceria a batalha contra a tribo Potiguar e dominaria a região por cinco anos até ser expulso pela Coroa Portuguesa.
Mais tarde a cidade que se chamou Outra Banda e Alto da Vista receberia o nome de Maranguape, em 1760, em homenagem ao cacique guerreiro Marangoab. Somente em 1869 é emancipada e deixa de pertencer à Fortaleza. Maranguape em Tupi significa “Vale da Batalha”.
Foi em busca desta e de outras histórias que eu e meus amigos do Anonymous MG saímos em um sábado nublado com cara de serra em busca dos segredos de Marangoab.
Quase um bairro de Fortaleza
Maranguape está situada na Região Metropolitana de Fortaleza, a cerca de 35 km do centro da capital do Ceará e é formada por um conjunto de serras como a Serra de Maranguape e Serra da Aratanha, com principal elevação o Pico da Rajada com 980 metros acima do nível do mar.
A cidade guarda ainda preservada as suas construções históricas e a sua vegetação exuberante formada na serra por Mata Atlântica e caatinga no sopé e em volta das serras. É berço do fundador do Correio no Ceará, Álvaro da Cunha Mendes; da abolicionista Elvira Pinho e de um dos proclamadores da República, o Tenente Coronel Jaime Benévolo; do Matemático e General de Brigada Francisco Benévolo; do Professor e escritor Tenente Odilon Benévolo; do historiador e jurista João Capistrano de Abreu; do humorista Chico Anysio e da atriz Lupe Gigliotti, nome artístico de Maria Lupicínia Viana de Paula.
Elvira Pinho foi uma das primeiras mulheres no Brasil a lutar em favor do voto feminino e pela abolição dos escravos. Os primeiros exemplos de organização de mulheres vieram das regiões norte e nordeste, no final do século XIX, e eram voltados para a causa abolicionista. Nascida no Ceará, em 1882, a “Sociedade das Senhoras Libertadoras ou Cearenses Libertadoras”, presidida por Maria Tomásia Figueira, em parceria com Maria Correia do Amaral e Elvira Pinho, atuou em defesa da liberdade fundando associações em Fortaleza e no interior do estado, contribuindo para que, em 1884, a Assembleia Legislativa provincial, finalmente, decretasse o fim da escravidão no Ceará.
A batalha contra a peste
O nome Vale da Batalha é mesmo merecido por esta cidade. Maranguape venceu a mais dura das suas batalhas com a ajuda de um baiano chamado Rodolfo Teófilo. A cólera matou quase um terço dos seis mil habitantes de Maranguape (1862).
Rodolfo aprendeu a fabricar a vacina e passou a imunizar o povo (1901) com ajuda de sua mulher e um criado vacinando o povo. Enquanto no Rio de Janeiro houve a Revolta da Vacina, no Ceará isso não aconteceu.
A terra onde nasceu o humor cearense
A cidade é berço de um dos maiores humoristas de todos os tempos – Chico Anysio. O Professor Raimundo foi o primeiro dentre os 209 personagens criados por Chico. Foi o primeiro personagem criado para o rádio e, posteriormente, o primeiro para a televisão. Daí até a sua morte foram mais de 40 anos dedicados ao humor inteligente e criativo cujos bordões povoaram o vocabulário das pessoas por muitos anos e ainda hoje nos pegamos dizendo frases como ”E o salário, ó!”
Na cidade há o museu de Chico Anysio que fica localizado na casa que foi residência da família por muitos anos. Lá existem oficinas de humor que ajudam a preparar novos humoristas cearenses para o mercado nacional. No Ceará é assim, o povo consegue fazer riso da própria desgraça.
Y-Park – Museu da Cachaça e esportes radicais
Passear por Maranguape é voltar no tempo. Apesar de estar dentro da Região Metropolitana de Fortaleza a cidade guarda aquele ar bucólico com praças, largos e casarios de tempos ricos em cana de açúcar. Aqui nasceu a Ypióca a marca de uma aguardente de cana, produzida no Ceará desde 1846 pela família Telles e que em tupi-guarani significa “terra roxa”, uma alusão ao tipo de solo extremamente fértil e propício ao cultivo da cana-de-açúcar. No local onde se iniciou a produção da aguardente existe hoje o Museu da Cachaça um local onde se pode aprender um pouco sobre a história do Ceará e do grupo Ypióca.
Conhecido como Y-park devido aos esportes radicais que são disponibilizados, o Y-Park recebe milhares de pessoas de todos os cantos do Brasil, inclusive do Ceará, que para lá vão com suas famílias para divertir-se. Para os amantes da cachaça é lá que também fica um dos maiores barris de cachaça no mundo com nada mais, nada menos que 347 mil litros de boa aguardente.
A exuberante natureza
A natureza exuberante da sua serra ainda guarda vestígios de mata atlântica e muitas cachoeiras e o Pico da Rajada com 980 metros de altura. Um passeio imperdível para os amantes das caminhadas e acampamentos. Há ainda muitos sítios pequenos que estão encravados na serra e ficam escondidos sob a farta vegetação nativa.
Maranguape é uma boa opção também na gastronomia. Além do restaurante com comidas típicas situado no Y-Park, há ainda o Paulinho Grill onde o cardápio é variado e bem gostoso e os preços são bem acessíveis.
Apoio Cultural: Esta matéria tem o apoio cultural de Make Safe Alarmes Presenciais, Custom & Race Moto Parts, Fort Motos Honda Maranguape, Motonline e Motoboy Magazine.