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Os números divulgados hoje (3/1) pela Fenabrave – Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos – confirmaram a queda nas vendas de motocicletas em 2013. Os 7,5% de queda em relação a 2012 foi ligeiramente menor do que se previa – 8,5% – em função do excelente desempenho das vendas no mês de dezembro, quando houve aumento de 15% nas vendas de motos.

Segundo o presidente executivo da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, o aumento em dezembro se deveu principalmente pela modalidade consórcio, que é responsável pela venda de 47% das motocicletas em todo o Brasil. “Com a chegada do 13º salário, muitos consumidores que tem cotas de consórcio deram lances e retiraram suas motos em dezembro e isso empurrou o desempenho do mês”, explicou Alarico.

Nordeste lidera venda de motocicletas no Brasil, tendo chegado em dezembro a mais de 40% do total

Nordeste lidera venda de motocicletas no Brasil, tendo chegado em dezembro a mais de 40% do total

De fato os números do mês de dezembro mostram que mais de 40% dos emplacamentos de motocicletas foram realizados na região Nordeste do Brasil, deixando definitivamente a região Sudeste para trás. A média de emplacamentos no Nordeste foi de 36% ao longo do ano, mas em dezembro subiu para 40% puxada pelas vendas via consórcio e ajudando a melhorar o desempenho do setor em todo o Brasil.

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Alarico: acomodação do setor de motos em novo patamar

Alarico: acomodação do setor de motos em novo patamar

No total, o setor de motocicletas emplacou em 2013 pouco mais de 1,5 milhão de motos, o que segundo a Fenabrave representa um patamar de acomodação do mercado. “O cenário em 2013 continuou sendo de maior seletividade na concessão de crédito para compra de motocicletas e isso pesou fortemente sobre o setor e não acreditamos que aquele cenário de crédito fácil voltará a acontecer”, fala Alarico, dando a entender que o pior já passou e que essa fase de acomodação do mercado serviu para um ajuste fino do mercado brasileiro de motocicletas. “Creio que quem permanece deve colher bons frutos a partir de agora”.

Análise Econômica e Previsões para 2014

Uma análise do cenário macro-econômico apresentada por Tereza Fernandez (MB Associados) na Fenabrave, mostrou dois cenários para 2014, levando em consideração o carnaval que acontece em março, a Copa do Mundo Fifa em junho e as eleições em outubro. “Estes três eventos podem influir negativamente no desempenho econômico do País de uma maneira geral, pois o Carnaval retarda as decisões importantes das empresas, a Copa do Mundo vai tirar pelo menos sete dias úteis do calendário do varejo e as eleições mobilizam recursos, mas adiam decisões econômicas importantes”, explicou Tereza. “Tudo isso num cenário de manutenção das atuais condições macro-econômicas com inflação sob controle no patamar de 6,5% no ano, câmbio no patamar de R$2,35 – R$2,50 por dólar, taxa de juros com aumento entre 0,5% e 0,75% no ano, inadimplência em queda e pleno emprego”, complementou.

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Diante deste cenário, a previsão para 2014 é de estabilidade para o setor de automóveis e de motos também. Mas se houver qualquer descontrole numa destas variáveis e, por exemplo, houver algum aumento significativo do desemprego, isso poderá ter um efeito cascata com influência mais forte na economia. “Neste cenário mais pessimista podemos encarar um recuo de 3,6% para o desempenho do segmento de automóveis, comerciais leves e motocicletas em 2014”. A previsão considera ainda que para o setor de motocicletas o recuo pode ser maior, chegando a 4,5% em função da maior fragilidade do setor de distribuição de motos.

Tombo geral no segmento de motos nos últimos dois anos; exceção para Harley-Davidson e BMW

Tombo geral no segmento de motos nos últimos dois anos; exceção para Harley-Davidson e BMW

A análise individual do setor de motocicletas no Brasil nos últimos dois anos mostra uma quadro pintado de vermelho com duas pequenas pintinhas azuis. Exceção feita a Harley-Davidson e BMW, todas as outras marcas de motocicletas tiveram expressivas quedas entre 2011 e 2013. O cenário ruim, no entanto, não causou mudanças nas participações de mercado, a não ser pelas situações ainda muito duvidosas da Kasinski, Flash (marca da Kasinski) Sundown e Iros, que não estiveram no Salão Duas Rodas e não se tem notícia (nem boas nem más) de qualquer uma delas há muitos meses.

Triumph ocuparia boa posição no ranking de vendas

Triumph ocuparia boa posição no ranking de vendas

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Importante destacar que não aparecem no quadro as marcas Ducati, MV Agusta e Triumph em função dos volumes pequenos das duas primeiras e da Triumph ainda não registrar dados históricos para comparação, apesar da marca inglesa ter alcançado bom volume de vendas logo no seu primeiro ano de participação efetiva no mercado brasileiro. Contudo, as três marcas estão no quadro a parte.

Além disso, deve ser considerado ainda que mais de 70% dos ciclomotores (motos de até 50cc) vendidos no Nordeste não são emplacados e portanto não aparecem nestes números. Basta olhar o quadro ao lado onde aparecem os dados de venda no atacado (janeiro a novembro/2013) de dois modelos e seus respectivos volumes emplacados.

Mais de 70% dos ciclomotores no Brasil não são emplacados e não aparecem nas estatísticas

Mais de 70% dos ciclomotores no Brasil não são emplacados e não aparecem nas estatísticas

Descontando-se ainda um possível nível de estoque na rede de distribuição, é bem razoável considerar-se que tanto Traxx, quanto Dafra e ainda a Shineray têm volumes de venda bem mais expressivos em relação aos dados de emplacamentos. E aí sim haveria mudanças importantes no ranking nacional e na participação de mercado.