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Escapamento alterado representa ruído acima do desejável e problemas de audição

Escapamento alterado representa ruído acima do desejável e problemas de audição

Um estudo do Instituto Nacional de Surdez e Outras Doenças de Comunicação (EUA) mostrou que uma moto emite ruídos em torno de 95 decibéis (dB), nível acima do recomendado. A pesquisa acendeu um alerta entre especialistas: o trânsito do dia a dia, que já atinge níveis altíssimos de ruído e obriga o uso de equipamentos de proteção para os guardas de rua, também coloca em xeque a saúde de motoristas e, principalmente, dos motociclistas.

Isso porque a exposição prolongada ao barulho de uma motocicleta pode causar nos pilotos o que se denomina PAIR (Perda Auditiva Induzida por Ruído), doença que ocupa o segundo lugar entre as mais frequentes do aparelho auditivo e entre as doenças ocupacionais que mais afetam os trabalhadores.

Especialistas alertam que o mundo está mais barulhento e nossa audição não está preparada para os níveis de ruído causados pelas máquinas criadas pelo homem, principalmente no trabalho. “Hoje, estima-se que 10% da população mundial têm algum grau de perda auditiva, sendo que grande parte danificou sua audição por exposição excessiva a sons que poderiam ter sido evitados”, alerta a fonoaudióloga da Audibel – empresa de aparelhos auditivos -, Fabiana Ferreira Camillo Stevanato. No caso dos motociclistas, tudo pode ficar pior ao se alterar o sistema de escapamento, utilizando materiais personalizados, que elevam ainda mais a altura do som emitido pelos veículos.

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A OMS (Organização Mundial da Saúde) já considera a poluição sonora o terceiro maior problema ambiental mundial, mas muitos trabalhadores não estão atentos a essa questão e ignoram o uso de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) como os protetores auriculares que, embora sejam obrigatórios no horário de expediente, muitas vezes ficam pendurados no pescoço e não nos ouvidos dos profissionais. “Dependendo do local onde esse profissional atua, o volume de ruído pode ultrapassar facilmente os 85 decibéis (nível máximo, suportado pelo ouvido durante 8 horas)”, exemplifica a fonoaudióloga.

E as consequências não param por aí. Além da perda auditiva, a poluição sonora causa efeitos negativos na saúde humana, como: Insônia (dificuldade de dormir); Estresse; Depressão; Perda de audição; Agressividade; Perda de atenção e concentração; Perda de memória; Dores de Cabeça; Aumento da pressão arterial; Cansaço; Gastrite e úlcera; Queda de rendimento escolar e no trabalho; Surdez (em casos de exposição a níveis altíssimos de ruído). Isso sem falar no zumbido, sensação de chiado ou apito constante – reflexo de muito tempo de exposição a determinado tipo de ruído. “É muito comum ficar com essa sensação após exposição prolongada em ambientes ruidosos, porque o volume máximo suportado pelo ouvido normalmente estava muito abaixo daquele ao qual o indivíduo estava exposto”, diz.

Segundo a fonoaudióloga, todo e qualquer lugar onde haja ruído constante é necessário proteção. Além da intensidade do ruído, o tempo de exposição é quem vai dizer por quanto tempo o trabalhador pode ficar exposto a esse barulho. “É importante observar o nível de ruído em cada ambiente para que a audição não seja lesada”, ressalta. Vale lembrar que a perda auditiva costuma ser gradativa, por isso é preciso ficar atento! Se você anda tendo dificuldade para entender o que as pessoas falam, pede com frequência para repetir o que foi dito ou costuma ouvir televisão com o volume muito alto, pode ser hora de procurar um médico. “Quanto antes procurar ajuda, mais fácil será para dar o diagnóstico e contornar o problema”, alerta Fabiana.

Confira na tabela os limites para vários níveis de ruído, de acordo com a Norma Brasileira NBR 105152 (ou ABNT NB-95):

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Nível de ruído dB (A) Situação de risco Máxima exposição diária permissível
85 Toque do telefone 8 horas
90 Secador de cabelo 4 horas
95 Trânsito 2 horas
100 Som do helicóptero 1 hora
105 Cortador de grama, maquita 30 minutos
110 Britadeira/Buzina de carro 15 minutos
115 Turbina de avião 7 minutos
130 Show, caixas de som 7 minutos
Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.