Ficamos eufóricos quando, em outubro de 2019, o Mundial de Motovelocidade anunciou que voltaria ao Brasil. Assim, a MotoGP retornaria ao país em 2022, 18 anos depois da sua última passagem por aqui, em 2004, no – infelizmente – extinto Autódromo de Jacarepaguá. Mas neste semana tivemos novas notícias.
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MotoGP no Brasil
A nova gestão do município do Rio de Janeiro, que assumiu o poder no início de janeiro, comunicou o cancelamento do projeto. Assim, sem rodeios. Entre outras manifestações, o secretário de Meio Ambiente Eduardo Cavaliere afirmou em redes sociais que os envolvidos estavam “desistindo oficialmente” da construção da nova pista. Também foi solicitado o arquivamento do processo.
O fator que teve maior peso nesta decisão foi o ambiental. Afinal, o complexo seria edificado em plena Floresta do Camboatá, uma área de mata atlântica situada no extremo norte da capital carioca, que possui cerca de 200 mil árvores de 146 espécies, segundo a Agência Brasil. Assim, o arquivamento foi solicitado junto ao próprio Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
Polêmicas I
Desde o início, o projeto foi envolto por polêmicas. Enquanto ativistas defendiam a proteção da floresta, líderes da Rio Motorsports (empresa responsável pela construção) e até autoridades políticas garantiam a edificação – o próprio presidente Jair Bolsonaro afirmou que havia ‘99% de chance’ do GP do Brasil da F1 acontecer em solo carioca já em 2021.
Foi neste contexto que a Fórmula 1 incluiu o novo autódromo do Rio de Janeiro em seu calendário provisório de 2021, no final do ano passado. Do mesmo modo, ainda em 2019 a Dorna, responsável pelo Mundial de MotoGP, assinou um contrato com os brasileiros garantindo a realização de provas no país de 2022 a 2026.
Polêmicas II
Entretanto, uma nova discussão surgiu. Assim que a Prefeitura se manifestou sobre o arquivamento da construção, a Rio Motorsports emitiu uma nota assegurando que “o projeto segue em desenvolvimento”.
Além disso, o texto cita Eduardo Cavaliere, afirmando que o secretário “não possui conhecimento algum sobre o processo” e que não “se atentou ao ‘detalhe’ de que a prefeitura não é a única parte nesse processo de licenciamento. Logo, o poder público municipal não pode, de forma solitária, unilateral e abusiva, solicitar o processo de arquivamento, uma vez que há um sócio contratual”.
Coube à secretaria municipal de Meio Ambiente refutar a nota. Ao Estadão, o órgão afirmou que “o caráter passional, com ataques pessoais desprovidos de fundamentação técnica da nota da Rio Motorpark, revela o desespero de quem se habituou à total ausência do Estado no ordenamento do sistema de proteção ambiental da Cidade do Rio de Janeiro. A Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, reforça o seu compromisso integral com a dura defesa do meio ambiente”.
E agora, se foi a MotoGP no Rio de Janeiro?
À medida em que os conflitos ganham força eles também consomem tempo. O GP do Brasil de Fórmula 1 irá acontecer em menos de 280 dias e, neste cenário de incertezas, já foi anunciado ‘de volta’ ao Autódromo Internacional de Interlagos, em São Paulo.
A vinda da MotoGP deveria ocorrer na sequência, no primeiro semestre do ano que vem, período em que o Mundial costuma fazer sua passagem pelas Américas. Como até agora não há sequer um centímetro de asfalto no traçado carioca e a competição nunca desembarcou em outro autódromo por aqui (exceto Jacarepaguá, hoje demolido), tudo são incertezas. Permanecemos no aguardo de um comunicado oficial dos organizadores do Mundial.