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Quando um fabricante de motos desenvolve um novo modelo de motocicleta, o que surge da prancheta dos engenheiros projetistas é o que eles consideram ideal para aquele modelo, pensado e discutido antes com várias áreas da empresa. Uma vez aprovado, entra em campo o time que tornará o projeto viável comercialmente, ou seja, buscará soluções tecnológicas que atendam ao projeto com custo adequado ao mercado para o qual ele se destina.

Claro que cada fabricante possui seus próprios métodos para projetar, desenvolver e apresentar um novo modelo de moto ao mercado, mas essencialmente todos passam pela fase de buscar peças que já existem em outras motos, e até mesmo em carros, para ter custo final menor no seu novo produto. Nenhum fabricante tem capacidade para desenvolver todas as peças do seu novo produto e para suprir esta necessidade, buscam o grande número de fabricantes de peças para carros e motos que invariavelmente já possuem itens em catálogo que podem ser utilizados nos novos projetos.

Garimpar similaridades em motopeças pode trazer grande economia

Garimpar similaridades em motopeças pode trazer grande economia

Isso se aplica a várias peças da moto, como motor de arranque, sistemas de injeção de combustível, sistemas de freio, sistemas de suspensão, corrente, coroa, pinhão, pneus, filtros, pastilhas e lonas de freios, baterias, lâmpadas, conectores elétricos, etc… Feita a escolha, o fabricante da peça passa a fabricar a mesma peça que já fabricava, só que com a logomarca da montadora contratante e seguindo padrões de qualidade exigidos pela marca. Na maioria dos casos, aquela peça receberá uma nova numeração de série, identificação para entrar no catálogo de peças da nova moto, e uma nova embalagem da montadora como “peça original”.

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Que fique claro desde já que nada há de errado com este procedimento. Aliás, ele e muito saudável ao mercado pois uma mesma peça pode equipar diversas motos (ou carros), ostentando várias marcas de montadoras e recebendo códigos de fabricação distintos. O que incomoda é encontrar aquela “peça original” por um preço bem menor no chamado “mercado paralelo” ou de peças similares. E é por esta razão que muitos motociclistas costumam buscar essas similaridades no mercado, descobrindo peças de algumas motos que servem em outras da mesma marca ou de marcas diferentes e até mesmo em automóveis e caminhões.

Bomba De Combustível Elétrica Bosch F 000 Te0 103

Bomba De Combustível Elétrica Bosch F 000 Te0 103, o pivô da discórdia – divulgação Bosch

Esse tema não é novo e aqui mesmo no Motonline há várias reportagens que abordam esse assunto. E agora novamente o assunto volta em função de um caso recente que causou alvoroço na internet. Um proprietário de uma BMW F 800 GS teve a bomba de gasolina da sua moto danificada, exigindo sua substituição. Consultada uma concessionária BMW, foi informado que a bomba nova custava R$ 2.620,00.

Inconformado, o dono da moto, que é mecânico de automóveis, resolveu “fuçar” para descobrir o defeito e como consertá-lo. Ao retirar a peça reconheceu imediatamente como sendo a mesma peça que equipa o Volkswagen Gol 1.0 (Bosch TEO103 – capacidade de 3bar@100L/h). Após adquirir a peça de mesma marca no mercado paralelo de autopeças por R$ 158,00 (6% do valor pedido pela concessionária), fez a substituição e, como esperado, afinal a peça era a mesma, a moto voltou a funcionar perfeitamente, fazendo uma significativa economia de R$ 2.462,00.

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Com base neste relato e noutros que podem ser encontrados em várias fontes, fica o questionamento: O que justifica uma diferença tão grande de preço da mesma peça quando ostenta marcas de montadoras diferentes? Qual o critério para definição do preço das “peças originais” de diferentes montadoras? O perfil do consumidor da moto influi diretamente no preço da peça?

É claro que a economia de escala (vende muito = preço menor por unidade) é um fator que tem influência direta sobre o preço final. A tal da “Lei da Oferta e da Procura”, aquela que determina que se há sobra de um produto seu preço cai e, ao contrário, se há falta, o preço sobe, também influi. Mas não parece normal que um mesmo fornecedor venda uma peça de sua fabricação destinada a um carro popular no Brasil – VW Gol 1.0 – por R$158,00 (preço do varejo) e esta mesma peça fornecida como “peça original” para a BMW F 800 GS custe R$ 2.620,00.

BMW F 800 GS - divulgação

BMW F 800 GS – divulgação

Como este caso citou a BMW Motorrad, pedimos através de sua assessoria de imprensa, que a empresa expusesse sua posição sobre o tema. Veja a resposta da empresa:

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“O BMW Group Brasil recomenda que a manutenção dos produtos da marca seja feita única e exclusivamente por meio da rede de concessionários, que é treinada para seguir os procedimentos técnicos sugeridos pelo manual de serviços adequado e utilizar somente peças genuínas BMW Motorrad. A manutenção na concessionária e o uso de peças originais também garantem a segurança do cliente e o bom funcionamento dos sistemas do veículo. Os serviços prestados e os equipamentos utilizados são de alta qualidade e foram pensados exclusivamente para atender aos produtos da BMW Motorrad, assegurando qualidade e confiabilidade ao procedimento”.

Nosso objetivo é deixar claro a você consumidor motociclista para que não aceite preços aviltantes para peças de motos, mesmo motos grandes e caras. Pesquise, busque grupos de discussão e o Fórum Motonline para encontrar soluções com preços razoáveis e justos para peças de reposição, mas sem colocar em risco sua moto ou sua segurança.

Aos fabricantes de motos e de peças, nosso espaço está aberto para todas as manifestações, mesmo as contrárias às nossas opiniões, sempre para esclarecer o tema e trazer mais e melhores informações aos consumidores. A quem se interessar em abordar o tema, escreva para o email [email protected].

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Mário Sérgio Figueredo
Motociclista apaixonado por motos há 42 anos, começou a escrever sobre motos como hobby em um blog para tentar transmitir à nova geração a experiência acumulada durante esses tantos anos. Sua primeira moto foi a primeira fabricada no Brasil, a Yamaha RD 50.