A MV Agusta é uma referência quando o assunto é marca de motos de luxo, afinal sua trajetória é repleta de obras de arte sobre duas rodas. Porém, o histórico da companhia é conturbado, marcado por diversos donos e nomes ao longo dos anos. Conheça tudo sobre essa marca ícone.
A Fascinante História da MV Agusta
A MV Agusta nasceu em 1907, quando o conde Giovani Agusta, um aristocrata siciliano com uma paixão por máquinas voadoras, fundou a empresa aeronáutica. Assim, no início a marca concentrou-se na manutenção de aviões de outros fabricantes.
Contudo, com o início da Primeira Guerra Mundial, a empresa passou a produzir os seus próprios modelos para “Regia Aeronautica”, a Força Aérea Real Italiana. Já no fim da Segunda Guerra, a fabricação de aeronaves foi proibida na Itália.
Foi então que a família Agusta se concentrou nas motos, criando a marca MV “Meccanique Verghera”, em 1945. A primeira moto da marca MV Agusta foi oficialmente lançada no outono do mesmo ano, a “MV 98”.
Já em 1947, o lendário piloto Franco Bertoni pilotou o modelo na primeira vitória da MV, em Carate Brianza, perto de Milão. Foi só o começo de um legado de vitórias e inovações tecnológicas da marca nas pistas. Mas que sempre foi seguida pelas controvérsias e repentinas mudanças no mundo dos negócios.
Dominando as Competições: O Legado de Vitórias da MV Agusta
Domenico Agusta, filho do Conde Giovanni, foi quem decidiu diversificar a produção da marca na área das motos. Além disso, após as primeiras vitórias da empresa nas pistas, ele apostou cada vez mais em corridas, contratando pilotos e desenvolvendo modelos.
Contudo, foi em 1965 que iniciou a combinação mais vitoriosa da história nas corridas de motociclismo: Giacomo Agostini começa a carreira com as motos da MV. Em sua jornada, “Ago”, para os mais íntimos, ganhou 311 corridas. Ele ainda venceu 13 campeonatos mundiais e 18 títulos italianos.
Mudanças e renascimento da MV Agusta no Mundo das Motocicletas
Em 1973, foi vendida a participação de controle do negócio da família Agusta para a “EFIM”, um conglomerado detido pelo estado que, logo em 1977, decidiu-se fazer uma pausa na parte de motociclismo. Desta forma, a empresa ficaria quase 15 anos parada no box.
Assim, a marca renasceu somente em 1991 pelas mãos de Claudio Castiglioni, um entusiasta de motos que ressuscitou marcas italianas. Filho de Giovanni, um dos três fundadores da Cagiva (Castiglioni, Giovanni e Varese), em ele adquiriu a MV.
Além da Cagiva, Cláudio foi dono também da Ducati, adquirida do governo italiano em 1985. Como tudo que é bom dura pouco, em 1996 o grupo da Cagiva precisou apertar a cinta e vender a Ducati.
Foi somente assim que Cláudio se voltou para outra marca de seu portfólio, a MV Agusta. E o primeiro protótipo da marca, renascido, foi a F4. Uma moto concluída à véspera da Feira de Milão (EICMA) de 1997.
No dia da exibição, o logo da MV da motocicleta roubou a cena, afinal há muito tempo não se via nada novo da marca! Embaixo da carenagem o motor de quatro cilindros em linha de 749,5 cc, com 16 válvulas radiais. Um motor derivado da F1 que produzia 126 cavalos de potência. Já contamos a história desta incrível moto aqui.
Modelos que fizeram história no passado
MV Agusta 175 SeriesTramins – Em 1953, a Série apareceu em quatro versões: touring, GT, sport e superesporte. O motor contava com motor moderno e quadro duplex – que usava o propulsor como parte do conjunto estrutural. Rapidamente se tornou o modelo mais vendido da MV, fornecendo muito dinheiro para a equipe de corrida da época.
MV Agusta 750S – Projetada desde o início para ser uma motocicleta esportiva, o modelo tinha motor de quatro cilindros. Uma máquina com 72 cavalos de potência, bonita e rápida, exclusiva e terrivelmente cara! Mas o objetivo era ligar diretamente o produto com as motocicletas de corrida MV.
MV Agusta 500cc Grand Prix – Simplesmente, uma das motos de corrida de maior sucesso já produzidas. Entre 1956 e 1966, as quatro cilindros 500 cc da MV venceram todos os títulos do Campeonato Mundial da classe, nas mãos de John Surtees, Gary Hocking, Mike Hailwood e Giacomo Agostini. Só parou de vencer quando a marca lançou outro modelo de 500 cc de corrida, já com três cilindros.
Desafios e Reviravoltas no mundo dos negócios
Problemas financeiros abalaram o grupo Cagiva e o Sr. Castiglioni, que vendeu sua parte na marca MV para uma empresa malaia de automóveis, a Proton. A marca carecia de grandes investimentos, mas a nova dona precisava apenas do know-how de motores.
Com isso, não foi surpresa quando, em 2005, os malaios decidiram passar a marca italiana adiante, para a holding financeira italiana GEVI S.p.A. Contudo, em 2008, Cláudio encontrou uma nova oportunidade com a empresa, quando a Harley-Davidson adquiriu o Grupo MV. Concluída a aquisição, ele permaneceu como presidente da marca.
As Controvérsias e Dificuldades Enfrentadas pela MV Agusta
A Harley pagou dívidas e investiu na atualização da produção. Mas os americanos também foram balançados financeiramente e decidiram vender a fabricante em 2009. E aqui Cláudio teve sorte novamente. Em 6 de agosto de 2010, a MV renovada foi comprada pela família Castiglioni.
Já sob direção do filho Giovanni Castiglioni, em 2014 a Mercedes-AMG adquiriu 25% da MV. Era uma estratégia semelhante à da rival Audi, atual dona da Ducati. Entretanto, o grupo alemão se desfez mais tarde da italiana.
Em 2022, o grupo Pierer Mobility, dono da KTM, GasGas e Husqvarna adquiriu uma participação de 25,1% na italiana MV Agusta. Participação que em 2024 aumentou para 50,1% – ou seja uma aquisição majoritária da MV Agusta pelo grupo Pierer.
O Renascimento: O Novo Ressurgimento da MV Agusta e seu Papel na Indústria de Motos Atual
Stefan Pierer, diretor administrativo da Pierer Mobility AG e principal responsável pela MV, já falou dos planos para marca. Segundo ele, a MV Agusta é sofisticada, não apenas luxo, mas um luxo premium.
De acordo com o novo dono, a gama de motos Brutale será uma boa base para alguns desenvolvimentos ótimos no futuro. Contudo, o antigo modelo que ainda captura a essência da MV Agusta é a F4. Pensando nisso, uma sucessora para a moto está em estudos.
Principais motos MV Agusta da era atual
MV Agusta F4 – Criada por Massimo Tamburini, o modelo F4 inaugurou a marca em 1992, movida por um motor de quatro cilindros de 750 cc, produzindo 137 cavalos de potência. Mais do que a engenharia, o design deslumbrante chamava atenção. Além disso, a versão mais famosa da moto é a “F4 750 Senna”, lançada em parceria com o Instituto Ayrton Senna.
MV Agusta Brutale – A série de motos naked Brutale teve sua introdução em 2001, desde então já teve modelos utilizando motores de três e quatro cilindros, desde 675 cc até 1090 cc – em um total de 35 modelos. Desde então, a gama tem sido o produto principal e mais chamativo da marca italiana.
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Conclusão: O Impacto da MV Agusta no Mundo das Duas Rodas
Renascida, a MV Agusta se mantém hoje como uma referência no mercado de motos de luxo. Porém, o histórico da companhia no mundo das corridas não tem previsão de ser retomado, ao menos por enquanto, pelo grupo Pierer.
Contudo, o impacto que a marca causou no mundo das duas rodas segue vivo e forte. Prova disso é que, mesmo com problemas financeiros, a marca ainda é uma “mina de ouro” – disputada entre marcas concorrentes que já detiveram sua propriedade.