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Enviado por Motonline, ter, 19/10/2010 – 07:24

Chegou a hora de colocar em prática tudo que foi aprendido até agora! Com o apoio da Kawasaki efetuamos nossa inscrição para a quarta etapa da Copa Ninja. Por diversas razões, que serão apresentadas ao longo deste capítulo, essa experiência foi espetacular.

Pilotos na primeira curva após a largada da 4a. Etapa da Copa Ninja

Pilotos na primeira curva após a largada da 4a. Etapa da Copa Ninja

Posição inicial

Posição inicial

Sensor instalado

Sensor instalado

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Sensor raspado após tocar o chão

Sensor raspado após tocar o chão

Cada etapa da Copa Ninja é composta pelos treinos livres na sexta-feira, treinos classificatórios no sábado e corrida no domingo. Veja a seguir o relato do nosso participante sobre essa experiência.

“Os treinos de sexta-feira foram ótimos. Peguei a ninjinha totalmente modificada, com o câmbio invertido e mesmo assim o meu tempo baixou para 2’20”, 7” melhor do que o meu tempo antes da preparação da moto. Isso deixa claro que a preparação da moto é realmente importante e gera resultados concretos.

Sensor instaladoNos treinos de sexta-feira passamos por um situação interessante, relacionada ao problema do suporte do descanso lateral, citado no capítulo anterior. Para que pudéssemos de alguma forma medir nosso risco, foi fixada nesta parte do quadro uma pequena peça de alumínio 2cm mais próxima do chão para atuar como um sensor. Se em algum momento esse sensor tocasse a pista saberíamos que aquele era o liSensor raspado após tocar o chãomite de inclinação da moto sem que ocorresse uma queda. O sensor funcionou!! Após o segundo treino, quando parei no box, verificamos que a peça havia tocado a pista. Nas curvas para a esquerda, aquele era o limite da moto.

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Sábado partimos para a classificação. O dia não teve grandes novidades e no final meu melhor tempo foi o mesmo que eu havia conseguido no dia anterior, 2’20” o que me rendeu a 21ª posição no grid formado por 25 motos.

No final do dia o Carlão, responsável técnico da Procomps nos sugeriu encurtar um pouco a relação, trocando a coroa de 43 dentes por uma de 45. Como a moto realmente não estava aproveitando muito bem a sexta marcha nas retas, concordamos em fazer a mudança.

Domingo chegamos bem cedo ao autódromo, por volta das 7h00. Às 8h30 ocorreria o warm up, com 10 minutos de pista liberada para dar algumas voltas com a moto e checar se está tudo certo. Só 30 minutos antes do warm up a ninjinha ficou realmente pronta, após o Bitenca instalar a ponta do guidon do lado direito, que estava faltando. Durante esse aquecimento pude então verificar que a moto estava funcionando perfeitamente. Ótimo! Tudo pronto para a largada!!

Vinte minutos antes da largada o nervosismo ficou evidente e quem conversou comigo naquele momento pôde notá-lo. ‘Corrida é bem diferente de treino’ é uma frase dita por muitos que freqüentam o ambiente de competição. Na corrida a adrenalina fala mais alto e todos os pilotos estão na pista disputando posições.

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Harada passando as últimas orientações

Harada passando as últimas orientações

Por outro lado o que me tranqüilizava um pouco era o fato de saber que eu havia percorrido o caminho correto até chegar à corrida. Eu estava com os equipamentos de segurança adequados, havia aprendido as técnicas de pilotagem no curso, praticado durante os treinos, e a moto estava devidamente preparada para essa situação. O Harada então me passou algumas últimas orientações antes da corrida: ‘Tudo o que tinha que ser feito em relação à preparação para a corrida já foi feito. Agora concentre-se em colocar isso em prática e fazer uma boa corrida. Fique atento não só com o que acontece a sua frente, mas também ao seu redor. Utilize a visão periférica para se antecipar às situações que possam colocar em risco nosso objetivo. Faça o que você sabe e dentro do seu limite!’. Sábias palavras vindas de quem já vivenciou esse ambiente por muitos anos.

Conversa rápida com Bitenca no Grid

Conversa rápida com Bitenca no Grid

Uma conversa rápida com o Bitenca, já no grid, e então fui para a volta de apresentação. As motos se alinharam no grid novamente… 30 segundos para a largada… motores em alta rotação… LARGADA!!

Consegui largar bem. A primeira curva após a largada é sempre muito complicada, pois todas as motos estão próximas. Passei bem por ela e mantive uma boa posição, acredito que a mesma da largada. Começaram então a se formar alguns grupos de pilotos disputando posições.

Dois outros pilotos estavam virando com um tempo próximo ao meu e era com eles que eu estava disputando posição nas primeiras voltas. Devido a pouca experiência, minha opção foi por uma pilotagem mais controlada. Na entrada das curvas eu freava com um pouco mais de antecedência, o que permitia que eu entrasse bem e com o traçado correto nas curvas, sem gerar desespero. Meus adversários, para me ultrapassar, retardavam a frenagem. Mas com isso eles entravam nas curvas menos equilibrados, espalhavam demais, e no meio ou na saída da curva eu conseguia retomar a posição aplicando o X. Estava muito divertido!

Grupo de 3 pilotos disputando posições

Grupo de 3 pilotos disputando posições

Piloto cai e atravessa a pista em frente ao piloto do Motonline

Piloto cai e atravessa a pista em frente ao piloto do Motonline

Na terceira volta ocorreu um dos pontos mais emocionantes da corrida para mim. Por muito pouco eu não atingi a cabeça de outro piloto a uns 70 km/h. Por muito pouco mesmo! No final da reta principal, na entrada do “S do Senna” ele colocou a moto por dentro e retardou a freada para ganhar minha posição. No entanto, na 1ª perna do “S” ele perdeu o traçado e foi reto na grama. Sem conseguir parar a moto na grama, seguiu na direção da saída da 2ª perna do “S” e, ao tocar a zebra, perdeu o controle da moto e caiu.

Neste momento eu vinha contornando essa parte do “S”, quando me deparei com uma moto e um piloto deslizando pela pista. Em uma reação totalmente instintiva, acionei os freios da moto como jamais o havia feito, para tentar evitar o choque. Vi tudo em câmera lenta. Primeiro passou a moto e depois o piloto, sendo que a parte do piloto que passou por último foi exatamente a cabeça. Consegui segurar a moto e por alguns milésimos de segundo minha roda dianteira não se chocou contra a cabeça dele. Demorei alguns segundos para retomar o ritmo da corrida. Não imaginava que a técnica de frenagem aprendida durante o curso teria tamanha importância tão cedo e evitaria um acidente que provavelmente teria graves conseqüências. Isso tudo foi filmado e você poderá conferir no vídeo que está mais adiante!

Já que o acidente não ocorreu, vamos enrolar o cabo novamente! E como se já não bastasse, mais um momento de altíssima adrenalina…

Na segunda perna da curva do lago, que é feita em alta velocidade, eu estava fazendo a curva por fora disputando uma posição com outro piloto que vinha por dentro. Minha moto começou a espalhar e ir para a parte “suja” da pista. Por causa da sujeira, fiquei com receio da moto escorregar, levantei-a, passei pela zebra e fui pra fora da pista. Saí a uns 130 km/h em uma parte gramada do autódromo, totalmente esburacada. Minha intenção nesse dia era praticar motovelocidade e não motocross, mas não tive opção! Rsrs… A moto pulava feito um cavalo chucro, completamente fora de controle, e achei que ela iria entrar com a roda dianteira em um buraco e me arremessar por cima dela. Tirei a mão do acelerador e aos poucos voltei a ter o controle da moto. Consegui entrar novamente na pista ileso. Incrível! Neste momento senti que já estava abusando da sorte!! O piloto com o qual eu estava disputando posição abriu então uns 5 segundos de mim. Tentei buscá-lo mas ele estava andando bem e o máximo que eu consegui foi manter essa diferença.

Veja no vídeo abaixo algumas imagens da Copa Ninja.

Durante a corrida, cada vez que eu passava na curva do lago via alguns pilotos e motos caídos na área de escape. Raspei o joelho algumas vezes nas curvas. A sensação de raspar o joelho no chão, para um piloto iniciante como eu que nunca havia passado por isso antes, é bem assustadora e cada vez que isso acontecia eu levava um susto e a moto chacoalhava na curva. Como disse anteriormente, na corrida fui um pouco além do que eu já havia feito nos treinos. Felizmente terminei a corrida sem cair. Isso pra mim, considerando as situação pelas quais passei, já era uma vitória, mas acabei tendo alguns outros motivos para comemorar ainda mais. Na categoria Light, para pilotos amadores, cheguei em 7o lugar. Dos 15 que largaram nessa categoria, 9 completaram a prova. Outro fato que me deixou contente foi não ter tomado nenhuma volta, nem dos pilotos da categoria Pro. Para fechar com chave de ouro, quando saíram os tempos da corrida verificamos que o meu tempo havia sido 2” abaixo do meu melhor tempo até então, 2’18”.

Durante o curso e os treinos ouvi o Alex Barros dizer algumas vezes que pilotar uma moto é 90% técnica e 10% coragem e que essa coragem é usada basicamente nos momentos de disputar posições, e não na corrida toda. Comigo foi exatamente assim. Posso afirmar que foi principalmente a técnica que proporcionou a evolução e uma boa corrida. Convivemos com diversos riscos durante esse projeto, tanto relacionados ao piloto quanto à moto, que colocaram um limite claro para a coragem. O conhecimento sobre as técnicas de pilotagem e sobre os recursos da motocicleta aumentam a confiança do piloto, o que possibilita a evolução e a redução do tempo de volta. O desejo de evoluir é o grande combustível para as pessoas que pilotam em pista e, para isso, aprimorar a técnica é fundamental.

A Copa Ninja é disputada com motos de 250cc, que não é uma cilindrada muito alta, mas durante a corrida a adrenalina e a emoção atingem níveis altíssimos. Para os que gostam de motovelocidade, com uma pilotagem responsável a Copa Ninja é diversão garantida!”

Obs.: Para facilitar a discussão sobre esse assunto, além da área de comentários abaixo, criamos um tópico no fórum para os motonliners que preferem este formato. Clique aqui para acessar o tópico.

Fotos: Claudinei Cordiolli

Veja também os outros capítulos:

Capítulo 1 – Lugar de acelerar é NA PISTA

Capítulo 2 – Conheça o ambiente da pista

Capítulo 3 – Motocicleta e equipamentos: faça a escolha certa

Capítulo 4 – Primeiro contato com a pista

Capítulo 5 – A evolução ocorre com o treino

Capítulo 6 – Preparação da Ninja 250R para a pista