Se você é um fã da NBA, certamente está assistindo às Finals de 2024, onde as franquias Boston Celtics e Dallas Mavericks disputam o título. E, se vive no planeta Terra, seguramente já ouviu falar no astro do basquete Michael Jordan.
Entretanto, talvez não conheça a história do atleta com o motociclismo. Nem o ‘detalhe’ que lhe impediu de repetir o sucesso das quadas nas pistas. Aliás, foram 10 temporadas de tentativas, com apenas uma vitória.
*Atualização: Celtics faturou o título da NBA 2024 ao vencer o jogo 5 por 106 a 88. Parabéns!
Michael Jordan, NBA e as motos
Não precisamos apresentar Michael Jordan, certo? Considerados por muitos como o melhor jogador de basquete de todos os tempos, o novaiorquino é uma lenda viva do esporte. Não apenas do basquete, mas do esporte mundial. Tanto que é frequentemente citado como um dos maiores atletas da história. E como ele conseguiu isso? Com uma carreira sem precedentes na NBA.
Foi campeão pela primeira vez apenas 5 anos após estrear na liga, foi decisivo em todos os 6 títulos do Chicago Bulls, foi o cestinha em 10 temporadas, foi eleito o Melhor Jogador da Temporada (MVP) em cinco ocasiões, esteve 10 vezes no All-NBA Team, foi bicampeão Olímpico, estrelou filmes, tornou-se um ícone da cultura norteamericana, é uma das principais celebridades dos anos 1990 e por aí vai. Quer saber mais sobre o cara? Assista à série The Last Dance ou o filme Air: a história por trás do logo.
E curtia motos, também. Curtia tanto que chegou à MotoGP, mas não como você está pensando.
Motos: da paixão à competição
Michael Jordan curtia velocidade e adrenalina desde pequeno. Quando jovem, um de seus entretenimentos favoritos era pilotar motos off-road na região onde a família vivia, na Carolina do Norte. Porém, foi afastado das duas rodas assim que tornou-se atleta profissional, por questões de segurança – e contratuais, claro.
Após cerca de 15 anos enclausurada, a paixão pelo motociclismo tomou forma assim que Jordan aposentou-se das quadras, em 2003. Na época, ele era frequentemente visto de moto pelas ruas de Chicago, o que acabou levando inúmeros motociclistas a ‘caçá-lo’ nas ruas (tarefa fácil, se tratando de um cara de 1,98m sobre uma esportiva). A solução: rodar silenciosamente, à noite.
Foi num role noturno que, casualmente, o astro da NBA encontrou o piloto local James Casmay. Logo surgiu o convite para acelerar na pista. E tão rápido quanto fez as primeiras curvas, tomou forma um desejo: ter sua própria equipe de motovelocidade.
Michael Jordan Motorsports
Jordan aproveitou sua poderosa influência e montou uma estrutura de respeito. O patrocínio veio de grandes empresas, como a Gatorade. A moto, da Yamaha. O projeto de macacões, roupas da equipe e o grafismo das motos, de ninguém menos que Mark Smith, diretor criativo da Nike. A convite de Casmay, o gerente de equipes de corrida Pete Mauhar cuidou dos pilotos.
Assim nascia, quase às pressas, a equipe Michael Jordan Motorsports. O objetivo era claro: montar um time para competir no campeonato americano de motovelocidade, o AMA Pro Road Racing, já em 2004. E assim foi feito.
Além de Jordan, o principal nome do time era Montez Stewart. A bordo de uma YZF-R1, o piloto obteve resultados tímidos. Ao fim da temporada, ficou apenas com o 35º lugar na Supersport e o 23º posto na Superstock. Um resultado que desanimaria qualquer um, menos um dos atletas mais competitivos do planeta.
Assim, MJ reviu a operação para a temporada seguinte. Em 2005, o time decidiu correr na categoria principal, firmou um contrato com a Suzuki e contratou novos pilotos. O destaque foi para Steve Rapp, que, com sua GSX-R 1000R, fechou o calendário em 3º na Superstock e 8º na Superbike. Uma evolução e tanto.
MJ teve um rival invencível
Nos anos seguintes, o time seguiu melhorando. Em 2008, conquistou uma dobradinha na categoria Superstock com os pilotos Aaron Yates e Geoff May. Porém, vencer na classe principal parecia simplesmente impossível.
Foi quando o multicampeão do basquete se deu conta de que jamais venceria um rival na motovelocidade: a superioridade das equipes de fábrica. Independente da influência de Jordan, dos recursos dos patrocinadores ou talento da equipe, não havia como uma equipe privada ameaçar os times oficiais das montadoras com suas décadas de experiência e componentes exclusivos.
Porém, a Jordan Motorsports chegou perto. Em 2010, venceu sua primeira (e única) corrida no AMA, disputada na rodada dupla em Daytona, na abertura do campeonato. O feito veio através do piloto Jake Zemke. Naquele ano, ele encerrou a temporada com o 3º lugar na classe principal, melhor resultado na história da equipe.
Apesar da inalcançável superioridade das equipes de fábrica, Jordan gostaria de seguir na motovelocidade. E queria crescer. O projeto era participar do Mundial de Superbike ou até entrar na MotoGP. Porém, em 2014 o grupo encerrou suas atividades por questões financeiras e perda de patrocinadores. Hoje, ele investe em sua equipe na Nascar.
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Ícone da NBA, Jordan andou na MotoGP
Realmente, 2004 foi um ano movimentado para Michael Jordan. Logo após deixar as quadras da NBA, o ala mergulhou de cabeça em sua antiga paixão pela motovelocidade. E foi além de ‘apenas’ ter sua própria equipe no AMA. Ele acelerou uma MotoGP.
Jordan participou de uma ação no circuito de Valência. Completou 4 voltas na pista, acompanhado por grandes nomes da motovelocidade: o bicampeão de WSBK Colin Edwards; o piloto oficial da Ducati e então vice-campeão da MotoGP, Sete Gibernau; e os irmãos Kurtis Roberts e Kenny Roberts Jr, campeão da MotoGP (com uma Suzuki).
Michael guiou uma Ducati Desmocedi GP4, mesmo protótipo usado pelos pilotos da equipe. Com motor V4, a italiana produzia 230 cv de potência e ultrapassava os 330 km/h – talvez um pouco menos, se guiada por um piloto com quase 2 metros de altura.
“Sete me convenceu. Me diverti muito, mas só consegui chegar até a quarta marcha. Como estes caras conseguem encher o motor em sexta?!” comentou MJ logo após a experiência, agradecendo aos pilotos que lhe acompanharam e mostraram o melhor caminho no traçado.
“Eu realmente gosto desta coisa de MotoGP. Quem sabe eu pudesse ter uma equipe um dia”, completou. Como sabemos, ele acabou focando na AMA Superbike, onde encarou 10 temporadas e venceu apenas uma etapa.
Entretanto, certamente, a ausência de vitórias não reduz a coragem de apostar alto num universo completamente distante do basquete – nem brilho dos resultados. Afinal, você conhece outro dono de equipe com seis anéis da NBA?