Publicidade

Prepare-se! Algumas transformações radicais nas motocicletas (e também nos carros) estão por acontecer a médio prazo, e dependendo de quão radicais serão, teremos que estar preparados para o futuro que já está aí batendo à nossa porta.

Nós, motociclistas da velha guarda, presenciamos muitas transformações nas motos com as quais até hoje nos surpreendemos positivamente ou sentimos saudades de como era antes.

No decorrer de quatro décadas, talvez a mais impactante das transformações que presenciamos tenha sido a migração imposta pelas leis que limitavam a emissão de poluentes na atmosfera, fazendo com que os fabricantes de motocicleta abdicassem dos fumacentos motores de dois tempos (2T), substituindo-os pelos de quatro tempos (4T).

Se antes tínhamos motocicletas com motores 2T de pequena cilindrada e grande desempenho, tivemos que “engolir” a tremenda falta de desempenho que os motores 4T passaram a nos oferecer. Lembro que com a pequena Yamaha RD-50 (6,3 cv a 9.500 rpm), conseguia-se facilmente acompanhar as Honda CB-125 da época (12 cv a 9.000 rpm), tanto na arrancada como na velocidade final, isso em meados de 1976, e também o eterno duelo entre a RD-350 (55 cv a 9.000 rpm) e a CB-750 (82 cv a 9.500 rpm).

Publicidade

Nestes dois exemplos havia muita semelhança de desempenho entre motores com diferenças tão gritantes de cilindrada e de preço também, porque motos com motores 4T custavam muito mais caro, porque na época era uma tecnologia ainda em evolução – a restrição do tamanho dos motores para motos exigiu muito investimento na redução do seu tamanho físico, além do que nos motores 4T o número de peças é maior por causa do comando de válvulas, componente inexistente nos motores 2T.

Como o planeta pedia socorro (e ainda pede), os motores 2T foram abolidos definitivamente das linhas de montagem de motocicletas.

Em 40 anos as transformações não pararam por aí, e vieram em grande número: os freios a disco, o ABS, suspensões monoamortecidas, pneus com compostos de borracha mais eficientes, eletrônica embarcada, todas positivas, gerando conforto e segurança para o motociclista.

Depois veio a injeção eletrônica, essa teve o seu lado bom e também o ruim; apesar dos benefícios que esse recurso oferecia principalmente aos pequenos motores das motos, dando mais eficiência de funcionamento, redução na periodicidade de manutenção, economia de combustível e a aposentadoria do velho carburador, de novo tivemos alguma perda de desempenho por causa da instalação de catalizadores.

Publicidade

Nessa sequência de transformações, estamos para viver outra que vai impactar de forma extremamente agressiva na forma como vemos e como utilizamos os veículos de duas rodas: vem aí a MOTO ELÉTRICA.

A Zero X testada pelo Motonline

A Zero X testada pelo Motonline

Dentre todas as opções de energia alternativa que estão sendo pesquisadas, talvez a eletricidade armazenada em baterias seja a mais viável economicamente e ao que tudo indica é neste sentido que os grandes fabricantes estão se voltando, dados os lançamentos que estão ocorrendo cada vez com mais frequência nos salões de automóveis e motocicletas. As baterias estão cada vez se tornando mais compactas e com maior capacidade de carga e autonomia, viabilizando a fabricação de motocicletas mais leves e ágeis. O grande “calcanhar de aquiles” ainda é o tempo de recarga das baterias mas as soluções vão aparecendo aos poucos, como é o caso da utilização de energia cinética da frenagem que, transformada em energia, retorna à bateria. Estamos no gênesis dessa nova tecnologia e muitas novidades vão ser noticiadas cada vez com mais frequência.

A médio prazo a sobrevivência do nosso planeta vai exigir medidas radicais para extinguir os motores a explosão com derivados fósseis e medidas também radicais serão tomadas para desestimular seu uso – acredito que as taxações pelo direito de uso de veículos como conhecemos hoje serão tão altas (impostos, pedágios, preço dos combustíveis) que teremos que migrar compulsoriamente para novas opções de energia. Quando isso acontecer, muita coisa vai mudar no jeito de andar de moto.

Publicidade

O nosso planeta pede socorro

A moto elétrica traz consigo várias características às quais teremos que nos adaptar e isso demandará algum tempo e boa vontade de nossa parte. Apesar de serem consideradas “qualidades” desse novo tipo de energia, haverá uma reviravolta total se compararmos com as motos com motor a explosão e isso nos causará uma certa resistência inicial, comum a qualquer grande mudança que encaramos.

As motos elétricas atuais, inclusive a testada pelo Motonline, em princípio não serão tão emocionantes como as de hoje pois não fazem barulho, não necessitam troca de marcha, não oferecem condições de pilotagem tão esportiva (sentir o motor “encher” numa saída de curva é uma emoção que não tem preço), não exalam cheiro de gases de escapamento, detalhes que mexem com nossos sentidos enquanto pilotamos, e estas novas características exigirão profundas mudanças culturais.

Em pesquisa que fiz recentemente no Orkut, numa comunidade de donos de motos entre 125 e 400 cilindradas, lancei a seguinte pergunta:

Você está preparado para ter uma moto elétrica? – o resultado foi:
– 37% – NÃO – Não abriria mão do prazer das motos atuais.
– 30% – SIM – Ajudaria a preservar o planeta.
– 33% – Ainda não pensei a respeito.

Apesar de ter sido feita num universo pequeno, a pesquisa dá a noção exata da resistência natural que temos às mudanças, mas queiramos ou não, elas virão e serão inevitáveis.

Daí, pergunto: Você está se preparando para ter uma moto elétrica? Lembre-se que o futuro está aí pertinho, caminhando tecnologicamente a passos largos e quando você menos esperar, um tsunami de mudanças vai te pegar desprevenido.

Separador_motos

Mário Sérgio Figueredo
Motociclista apaixonado por motos há 42 anos, começou a escrever sobre motos como hobby em um blog para tentar transmitir à nova geração a experiência acumulada durante esses tantos anos. Sua primeira moto foi a primeira fabricada no Brasil, a Yamaha RD 50.