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Segure-se aí na cadeira, pois o papo será muito sério. Antes, para não perder o humor, a música de Maysa ‘Gata-Mansa’ – ‘Meu mundo caiu!’, a qual não poderia ser mais adequada para cantar a situação.

“Meu mundo caiu E me fez ficar assim Você conseguiu E agora diz que tem pena de mim”

“Não sei se me explico bem Eu nada pedi Nem a você nem a ninguém Não fui eu que caí”

“Sei que você me entendeu Sei também que não vai se importar Se meu mundo caiu Eu que aprenda a levantar”

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Bom, no discorrer destas linhas motociclísticas vocês vão entender a perfeita relação com a letra da música. Então vamos aos fatos:

Domingo, 14 de março de 2010 – 09 da manhã, Penedo, Rio de Janeiro. Eu estava indo na ‘Poposuda’ Shadow 600cc – encontrar o Paulo Couto na casa da tia dele para irmos a Aparecida do Norte aceder umas velas, assistir a uma missa, levar uma camisa de um amigo meu (Prof. Thelmo) morto em acidente de moto para entregar na sala dos milagres para que as orações o ajudassem a chegar logo ao Céu (Uma semana depois eu o Paulo Couto e um amigo motociclista Rusti – nosso mecânico – fomos a aparecida acertar as contas ). Cerca de cinquenta metros antes de chegar a casa da tia do Paulo Couto a moto simplesmente deitou de uma vez. Quando percebi o tombo saltei da moto e fiquei em posição de rolar. A moto caiu, levantou novamente e saiu sozinha até parar quase na porta da casa da tia do Paulo.

Quando eu levantei, o Paulo já estava no portão e sem entender nada – e eu também – levantamos a moto e fomos avaliar os prejuízos. Um mata-cachorro deformado, para-brisa quebrado, velocímetro com a base quebrada (consertado brilhantemente pelo Paulo Couto), uma calça rasgada no joelho e só. Em mim um pé machucado, semelhante a uma contusão que a gente acaba sofrendo numa partida de futebol quando um jogador maldoso resolve dividir a bola na maldade. O equipamento do piloto se pagou cada centavo. Uma parte boa é que estava só.

Em todo acidente existem várias causas prováveis. Vamos a elas: 1 – Eu não freei a moto. Ela simplesmente deitou numa reta. 2 – Existia um pequeno buraco em desnível com minúsculas pedrinhas de asfalto semelhantes a microesferas. Mas os pneus era novos e toda a moto recentemente havia sido revisada. Tudo que não estava bom foi trocado e ela estava muito macia, pareia moto zero. Me disseram que poderia ter sido o Efeito-Bola-de-Gude… vai saber? Soube depois que outros já haviam caído na quele mesmo ponto. Estranho, mas talvez tenha sido pelo mesmo motivo. 3 – Nada agarrou ou travou e não havia mancha de óleo no chão. Asfalto seco. 4 – ‘Barberagem’ do piloto. Mas eu estava numa reta, inicio de descida e desacelerando. Era continuar reduzindo, frear na porta da casa e por o pé no chão. Enfim, pode ter sido tudo e pode não ter sido nada. Ninguém conseguiu explicar. Nem eu. O que se sabe com certeza é que a frente da moto perdeu contato e virou de uma vez para o lado direito me jogando para o lado esquerdo. Típico de um tombo onde se perde a frente. Sem ainda uma explicação do por quê eu fui analisar o equipamento e gostei do que estava usando e me apavorei com o equipamento dito de proteção que estava na moto.

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O que eu vou continuar usando: 1 – Botas tipo off-road – foram elas que evitaram de quebrar o pé. 2 – Kit de caneleira-joelheira-proteção de coxa. 3 – Jaqueta de cordura com proteções. 4 – Luvas de couro de cano longo. 5 – Capacete de ótima qualidade. 6 -As plataformas traseiras ajudam bastante e servem como sliders evitando amassar o escapamento.

O que eu não uso mais: 1 – Pára-brisa – seja de acrílio ou de outro material eles quebram e quando quebram as partes que ficam presas no suporte viram facas afiadas. Se estivesse em cima da moto eu com certeza teria me ferido com gravidade. Da forma que ficou poderiam entrar numa pessoa mesmo com uma boa jaqueta. 2 – Faróis com abas. São lindos, mas inúteis e cortam como navalhas. Se bate em alguém pode provocar ferimentos graves.

O que eu vou analisar bem se volto a usar: 1 – mata-cachorro. Eu usava um bonito com desenho em forma de bigode – muito usado nas Shadows, mas ele é só bonito e caro. Nada mais que isso. Deforma-se facilmente com qualquer pancada (já toquei de leve numa calçada alta e levamos uma manhã inteira para desmontar e colocar no esquadro novamente.) Estou pesquisando um bom, mas não estou satisfeito com os que tenho visto. Se fosse uma esportiva colocaria apenas proteção de motor e os sliders. Nada mais. Mas numa custom, sliders não servem e mata-cachorros podem prender seu pé e lhe arrastar junto. Palavra de piloto experiente.

Resumindo: Equipamento de segurança faz toda diferença em um tombo-surpresa e se paga. Portando, não economize nenhum centavo com eles. Agora, com acessórios, quanto menos tiverem melhor, pois quanto mais partes puderem se soltar da moto ou ao deformarem virem a machucar o piloto ou carona e até mesmo alguém na rua… o melhor mesmo é gastar em segurança do piloto e carona. Mata-cachorro eu ainda não escolhi, mas quando eu encontrar um que seja bom protetor, bem mais do que apenas bonito e caro, será esta a minha escolha. Por enquanto, sem mata-cachorro. Pois segundo me foi informado eles só funcionam em velocidades não superiores a 30km/h. A propósito: quem anda tão devagar?

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Enfim, cantando Maysa ou não, a Poposuda levou uma dura a ponto de a gente ter que discutir a nossa relação. Eu sempre a tratei muito bem e sempre muito cuidadoso com a pilotagem sem desrespeitar seus limites e muito menos manutenção. Afinal, como a maioria das motos tem nome de mulher, essa seja talvez uma coisa que a gente não entende… Até mesmo por que podem ter sido ciúmes ou estava zangada comigo por ter ficado na revisão por uma semana. Vai saber… Quem entende as mulheres? Principalmente motos com nome de mulher…

Domingo 28/03 estarei de volta às estradas. Enfim, como diz a musica:

“Não fui eu que caí” “Sei que você me entendeu (Poposuda)” “Sei também que não vai se importar (Poposuda)” “Se meu mundo caiu” “Eu que aprenda a levantar”

Luís Sucupira
Motociclista desde os 18 anos. Jornalista e apaixonado por motos desde que nasceu.