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Participei de encontro de final de confraternização de uma grande empresa incorporadora de capital aberto e ouvi frase que me fez refletir bastante: “No início de 2008 estávamos eufóricos com o mercado e terminamos o ano sem imaginar como se comportaria o futuro. Em 2009 aconteceu o inverso, iniciamos o ano sem muitas perspectivas e estamos terminando em um ambiente praticamente de euforia”. Aliás, mais de um economista – brasileiro ou não – nos alertou de que ser a bola da vez, o queridinho do mundo quase nunca é vantajoso, mormente com a globalização onde decisões são tomadas, por vezes, pelas forças do mercado.

Mas não reconhecer que este Natal era inesperado e que o ambiente econômico no próximo ano está amplamente favorável seria, no mínimo, fechar os olhos para os acontecimentos e para os pressupostos econômicos para 2010.

Os financiamentos com recursos da caderneta de poupança previstos para este ano de R$ 28 bilhões – redução de mais de 6% em relação a 2008 -, encerrarão com a aplicação de R$ 32 bilhões e projeção para 2010 de R$ 40 bilhões.

– A Caixa Econômica Federal estimava no início do ano investimentos de R$ 24 bilhões em habitação e apresentou balanço de janeiro a novembro confirmando a contratação de R$ 39 bilhões com a assinatura de mais de 5 mil operações de financiamento por dia. Parte desta contratação deve-se ao programa Minha Casa, Minha Vida que não existia no começo do ano;

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Até outubro, o Brasil foi o país do G20 (excetuando a China) que mais criou empregos formais – 1,17 milhão. A construção civil foi responsável por 210 mil empregos adicionais no período. Estimativas do Ministério do Trabalho apontam para 2 milhões de empregos formais líquidos em 2010.

O PIB (Produto Interno Bruto) estimado para o ano que vem pelas diversas consultorias econômicas está entre 5% e 6%, e em alguns casos apontam para 6,5% ou 7%.

A classe média, no conceito da Fundação Getúlio Vargas, continua crescendo. Era 42,4% da população em 2002 e em junho deste ano atingiu 53,2%. No mesmo período de 2002 a junho de 2009, a classe baixa decresceu de 29,2% para 18,3% da população.

A massa salarial do trabalho crescerá esse ano, nas seis principais regiões metropolitanas do País, e o índice de 4,43% saltará pra 6,32% em 2010.

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A relação crédito/PIB do Brasil atingiu 45,7%. Nada mal para quem possuía em 2003 um estoque de crédito de apenas 21,8% do PIB. Porém, ainda é muito pouco se comparado com países como Chile (69,2%), Índia (76,1%) ou Itália (97,2%). Isso indica que nosso crédito tem um espaço monumental para crescer.

Bastaria a leitura acima para imaginarmos um ano de 2010 auspicioso para a indústria da construção civil e imobiliária, entretanto a grande surpresa do ano de 2009 ficou por conta de sua majestade “o consumidor”, este sim o que menos sentiu a crise instalada há pouco mais de um ano. De norte a sul do País, literalmente falando, há otimismo e previsão de crescimento do mercado imobiliário variando de 20% a 25%. De toda forma, estamos estimando um desenvolvimento do setor no município de São Paulo entre 10% e 15%.

Como outros tantos e apesar de neste Natal termos muito a comemorar, fica a preocupação com obstáculos que ainda precisarão ser enfrentados, como a pressão dos materiais de construção dos oligopólios, as questões do meio ambiente, a burocracia excessiva na aprovação de empreendimentos, o desenvolvimento de tecnologia que permita a redução do ciclo da construção e tantas outras questões a serem resolvidas. Mas, não é hora de falar sobre isso e sim de desejar boas festas e um 2010 com muita paz.

Celso Petrucci é economista-chefe do Secovi-SP, diretor-executivo da vice-presidência de Incorporação Imobiliária do Sindicato e membro titular do Conselho Curador do FGTS

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