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Com cerca de 700 modificações, a Fat Boy está com motor de 1600 cc e câmbio de seis marchas.

Muito melhor na estrada, a diferença do câmbio com sexta marcha é absurda. Para ter essa certeza embarquei sentido ao sul de Minas Gerais indo direto de São Paulo até São Tomé das Letras, além de tudo queria curtir o visual da moto com a cidade mística. Diferente do modelo antigo que se esforçava bastante quando mantínhamos velocidades de cruzeiro em torno dos 140 a 150 km/h, se fosse permitido poderíamos manter essa média o trajeto inteiro, a sexta marcha caiu como uma luva deixando a moto muito mais solta. Câmbio Para quem acha que a alteração foi apenas a colocação de uma marcha a mais, está enganado! O câmbio foi totalmente reescalonado, mudando a relação de todas as marchas para com o antigo. Fora a relação de marchas, as engrenagens sofreram muitas alterações para oferecer maior conforto e menor consumo. Apenas a primeira e quinta têm engrenagens de dentes retos, isso porque suportam mais torque e essas duas marchas sem dúvida são as que mais sofrem esforço. A segunda, terceira, quarta e sexta são do tipo helicoidais, oferecendo um engate mais suave e silencioso. Guidão largo

Motor V2

Painel

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Câmbio 6 marchas

Outra diferença do câmbio é a corrente da relação primaria, a antiga tinha esticador mecânico que com tempo causava ruídos e necessitava de manutenção, agora tem esticador automático que ajusta automaticamente mesmo nas pequenas folgas.

Uma alteração de grande importância é que agora o câmbio está 1:1 com motor, explicando melhor, quando o motor esta a 1.000 rpm o câmbio também está virando na mesma velocidade. Antigamente o câmbio neste caso girava em mais ou menos 1.400 rpm subindo assim gradativamente. Em sexta marcha, por exemplo, agora o desgaste do câmbio é bem menor, com uma rotação mais baixa oferece maior velocidade na moto e conseqüentemente um consumo menor. Motor Outras grandes diferenças ficam por conta do novo motor 1600, além de ter mais potência e torque, o que mais impressiona é a falta de vibração, a moto está lisa mesmo! Tanto em marcha lenta como em altos giros, não sentimos mais aquela vibração forte, nem parece uma Harley. Isso porque além do maior torque, os contrapesos do motor estão mais pesados.

A potência aumentou bastante, de 65 cv passou para 78,8cv a 5.250 rpm e o torque está com fortes 12 kgf.m aparecendo já nos 3.300 rpm. Esse ganho só foi possível pelas alterações de algumas peças, que aumentaram o curso passando para 1.584 cc. Para começar o virabrequim é o mesmo da linha Screaming Eagle do ano passado que este ano vai passar para 1.800 cc. Além do virabrequim as bielas e os pistões estão mais leves. Quando diminui poucas gramas em peças móveis como essas, o resultado é extremamente satisfatório, porque o motor trabalha mais livre e conseqüentemente gera maior potência. Os pistões também estão menores ajudando ainda mais o virabrequim a aumentar o curso do motor.

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A injeção eletrônica ganhou novos reforços, uma é nova sonda lambida que corrige a mistura rapidamente, seja em qualquer regime de rotação. A outra é uma válvula em uma das ponteiras do escapamento que abre e fecha, além de dar mais torque em média em algumas situações, desvia os gases para a outra ponteira que tem um catalisador mais eficiente, poluindo menos.

Nas retomadas quando enrolava totalmente o cabo do acelerador, o velocímetro subia facilmente até os 170 km/h e dava uma estacionada, daí era só se debruçar sob o tanque para chegar nos 180 km/h e se tivesse uma “decidinha” se esforçando bastante ganhava cerca de 10 km/h a mais.

Os modelos da HD, ainda mantém aparência meio que rudimentar, com o velho e bom estilo clássico, que para os leigos não tem muita diferença entre os modelos dos anos 70 para os atuais. Só que por trás desse design cheio de estilos e cromados, hoje esconde muita tecnologia, que ano pós ano muda bastante o comportamento de seus modelos. Os freios estão bem melhores, o conjunto muito mais estável e o funcionamento do motor nem se fala, que além de tudo está inúmeras vezes mais confiável.

O V-2 que antigamente tinha 1.200 cc passou para o Evolution 1.340 e depois outro grande passo foi sua reformulação para 1.450cc e enfim 88 polegadas, motor esse já veio com alimentação feita através de injeção eletrônica, uma mudança bem significativa em relação ao funcionamento.

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Como não sou um bom exemplo de motociclista econômico, minha melhor medição de consumo foi de 14,2 km/l, percorrendo 214 km com um tanque, em uma média de 120 km/h. Quando acelerei para valer mesmo, essa medição baixou para 11,5 km/l.

Mas não foi apenas o desempenho do novo motor que me surpreendeu, o conjunto está muito estável, em um trecho cheio de curvas, traçava meu trajeto usando a pista inteira no limite e mesmo quando era surpreendido por alguma ondulação, o quadro se mantinha rígido tal como as suspensões, mantendo a linha perfeita de contorno nas curvas. Mesmo em curvas de alta a 160 km/h no seu limite de inclinação ela foi perfeita, se não fosse as pedaleiras que raspam facilmente no chão seria ainda mais divertido. O novo pneu traseiro tem largura de 200 mm, para que ele entrasse na moto, foi necessário reduzir a largura da correia.

No mesmo peso que me surpreendeu sua estabilidade, me decepcionei bastante na chuva, o novo pneu traseiro que estava dando show de aderência no seco, me deu enormes sustos. Depois de uns 60 km de estrada caiu um pé dágua e tentei manter um ritmo forte e seguro, mas sem abusar mesmo, na primeira curva a moto deu uma escorregada, achei estranho e pensei que era alguma sujeira que junto a água me fez perder aderência. Assim, bem na saída da segunda curva provoquei a motoca para ver sua reação, já estava preparado para uma resposta não agradável, virei o acelerador de uma vez e a traseira escapou fazendo uma linda manobra de supermotard, pena que nenhum fotógrafo estava para registrar o momento. Tive que reduzir bastante meu ritmo, porém para quem anda de motocross é uma curtição, devido ao entre eixos grande suas reações são passiveis e colocar ela de lado e controlar é muito mais fácil do que a maioria das motocicletas. Só que pensando em um consumidor normal, esse é um item que deveria ser revisto, não sei se é devido ao pneu mais largo que da “aquaplanagem” ou alguma distribuição de peso errada deixando a traseira mais alta, fazendo com que o peso do piloto como do motor ficasse mais na roda dianteira, deixando a traseira mais leve. A viagem inteira choveu e depois saiu sol, logo após outra chuva e sol, e assim foi até minha volta a São Paulo por onde percorri 930 km sem parar.

Os freios são potentes, o disco dianteiro é o mesmo que o traseiro, são eficientes só que nas primeiras “alicatadas” parece um pouco borrachudo, mas é só apertar pra valer que a moto freia bastante. O sistema traseiro auxilia muito, nas motos custom diferente das esportivas a frenagem da roda traseira divide bem a responsabilidade com a dianteira e esse novo pneu no seco garante mais aderência.

O modelo Fat Boy ficou consagrado com o filme Exterminador do Futuro II, onde Arnold Schwarzenegger radicalizava nas perseguições com seu inimigo. O visual meio bandido com rodas fechadas pegou, tanto que o estilo pouco mudou em relação ao modelo antigo, as rodas agora tem vários furos pequenos e o guidão permite passagens internas dos cabos.

Minha conclusão é totalmente favorável, a moto está empurrando mais, sua estabilidade é muito boa e a sexta marcha aumentou muito o conforto, sem deixar de ressaltar o que ela esta vibrando a menos para com os modelos antigos quem dera as Buell seguissem a mesma característica.

Preço e ficha técnica: www.harleydavidson.com.br