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No sul de Minas o que não falta é uma boa parede de granito. Para melhorar, tudo cercado de trilhas.

No sul de Minas o que não falta é uma boa parede de granito. Para melhorar, tudo cercado de trilhas.

A serra do Pau d’Alho pode trazer lembranças que vão desde uma pizza, até simpatia contra mau-olhado. Para um verdadeiro Climbiker, ou moto-escalador, a serra do Pau d’Alho, no município de Andradas, representa um parque de diversões. As opções de lazer vão desde a trilha de moto por centenas de quilômetros de estradas de terra e caminhos precários até escaladas em rochas de granito de 200 m de altura. As três rochas mais importantes são a Pedra do Boi, Pedra do Elefante e Pedra do Pantano, assim mesmo, sem acento circunflexo no primeiro “a”, como os nativos pronunciam.

A atividade mais conhecida, no entanto, é o vôo livre, seja de asa delta ou de paraglider. Segundo os pilotos, o Pico do Gavião, localizado a 1.663 metros de altitude em relação ao nível do mar, garante decolagens de qualquer quadrante, o que permite aproveitar as rampas de concreto ou natural de grama em todas as faces. Além disso, o fácil acesso e a boa malha viária facilitam o resgate dos pilotos.

A escalada começou a ser praticada recentemente em Andradas. Para ser mais exato, foi a partir de 1998 que as primeiras vias foram abertas na pedra do Elefante (também chamada de pedra do Diamante) e hoje já são cerca de 50 vias divididas entre as pedras do Boi, do Elefante e Pantano. Ainda há vários projetos de abertura de novas vias, que certamente farão de Andradas um dos mais importantes polos de escalada da região.

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Nós tivemos a chance de experimentar duas vias, a Solaris (5º, 5º sup 220m) na Pedra do Boi, aberta recentemente por Marco Aurélio Nalon e a Caninana (6º, VIIb 170m) na Pedra do Elefante. Ambas exigem muita técnica e bons dedos, porque o tipo de granito abrasivo mais se parece com um ralador de queijo. Existem vias de 2º a IX grau e até um campo-escola para quem quiser dar os primeiros passos (na vertical) neste universo da paredes rochosas.

Como em toda turma tem praticantes de várias modalidades, pode reunir amigos de todas as tribos pois não falta o que fazer. Para quem curte pedalar (ou, quem ainda não descobriu as maravilhas do motor a combustão interna), são dezenas de quilômetros para subir e descer morros, por trilhas de servidão ou de gado, suficientes para arrebentar os pulmões.

Se o barato for andar a pé, ou seja, para aqueles indivíduos que não perceberam que a roda foi a mais importante descoberta da humanidade (depois do motor), existem trilhas de trekking que variam de 2 a 10 horas de caminhada. E já há planos para aluguel de cavalos.

Obviamente, nós, que conhecemos o melhor dos dois mundos: a roda e o motor, podemos desfrutar de horas e horas de prazer pelas trilhas, que podem levar às cidades vizinhas como Itajubá, MG, ou Mogi-Guaçu, SP. Existem trilhas para todos os gostos, desde estradão seco, até picadas cheias de pedra, ideais para os trialistas.

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Sim, é preciso saber onde estão estas trilhas. Para isso, o melhor guia é o Henrique Lima, treieiro e escalador, que montou um bom abrigo de montanha ao pé da Pedra do Pantano, no bairro do mesmo nome. Henrique, e seu sócio Jaca, dispõem de croquiteca para os escaladores e muita paciência para desenhar as trilhas para trekkers e bikers. O abrigo tem 10 beliches, além de área de camping. A maior qualidade do lugar é a hospitalidade deles, que nos recebem como se fôssemos parentes próximos. Como sempre, o espaço de conviência e meeting point é a cozinha e qualquer hóspede pode ir para o fogão a lenha sem a menor cerimônia preparar seu rango, que obviamente será devorado por um bando de escaladores esfomeados.

Se você é do tipo que fugiu do exército para não ter de dormir ouvindo ronco alheio, pode escolher uma das pousadas e hotéis de Andradas. Uma pousada que recomendamos é a Pedra do Elefante. Já no centro de Andradas você pode se hospedar no Andradas Palace Hotel. Tem até motel para os mais românticos.

A região é conhecida como produtora de bons vinhos, mas este “bons” fica por conta dos moradores e comerciantes locais. Em várias adegas pode-se degustar vinhos e escolher o que melhor combina com seu humor. Já a gastronomia é típica mineira, com todas aquelas maravilhosas misturas de carne de porco, com couve, feijão e ovo, as quais nossos cardiologistas insistem em nos manter afastados. Ignore esses homens de branco e caia na deliciosa tentação à pururuca da comida mineira, porque a cada dia seu desgaste de caloria será maior do que o equivalente a comer o chiqueiro todo.

A seguir, alguns endereços úteis e as instruções para não se perder:

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Como chegar: Andradas está a 39 km de Mogi-Guaçu; a 110 km de Campinas, a 220 km de São Paulo e 527 km de Belo Horizonte. A estrada principal de acesso é a Rodovia Ahemar de Barros, que passa por Mogi-Guaçu. É preciso encontrar a saída para Andradas com atenção, pois as placas estão mal conservadas. Antes de chegar ao centro de Andradas haverá uma rotatória, indicando Ibitiura de Minas. Siga por esta estrada de asfalto por 8 km até encontrar uma ponte de concreto. Logo após esta ponte haverá uma entrada à direita, em acesso de terra. Eventualmente existe uma placa indicando “Pantano/Lobos”, mas atos de vandalismo podem fazê-la sumir temporariamente. Siga pelo caminho mais batido nesta estrada de terra, ignorando os cruzamentos e após 9 km chega-se ao bairro do Pantano. É só virar à direito no final da estrada, em frente a uma Igreja, rodar cerca de 500 m e estará no abrigo de montanha do Pantano. O telefone do Henrique é (19) 3861-0043 ou (19) 9109-3656. A estrada de terra é boa e acessível mesmo a motos e carros de passeio normais. No site www.andradas.com.br podem-se encontrar várias informações muito úteis para hospedagem e até um mapa da região. Recomendo a Pousada do Elefante (35 9987-8399), ou o Andradas Palace Hotel, no centro da cidade (35 3731-6000).

Os Climbikers A paixão em comum pelo motociclismo fora-de-estrada e pela escalada reuniu um grupo de amigos que formaram os Climbikers, ou, em uma tradução livre, “moto-escaladores”. Cada um tem experiência diferenciada nas duas atividades e decidiram que o melhor seria reunir o que cada modalidade tem de melhor para que se completem. As motos permitem nos levar a locais onde até um carro 4×4 tem dificuldade

Tite
Geraldo "Tite" Simões é jornalista e instrutor de pilotagem dos cursos BikeMaster e Abtrans.