A Honda apresentou a nova geração da NC 750X há cerca de um mês e já rodamos na novidade. A missão do modelo, devidamente atualizado com o oferecido no exterior, é agregar mais tecnologia e melhor desempenho à crossover, sem alterar o seu já conhecido DNA… mas será que consegue?
Antes de falar da nova NC da Honda, vale um breve resgate histórico. A New Concept é conhecida dos brasileiros desde 2013, quando ainda tinha apenas 700 cilindradas, e sempre registrou bons números de vendas por aqui. No ano passado, por exemplo, foram exatos 2 mil emplacamentos – segundo a Fenabrave. É um modelo estratégico para a Honda, pois acaba sendo o acesso de muitos motociclistas à sua gama de alta cilindrada.
Honda NC 750X 2022: o que mudou
Há muitas novidades com a nova NC 750. Começamos pelo design, que foi totalmente revisto e remete aos últimos lançamentos da marca, como a NT 1100. Já o conforto ganhou pontos com banco mais amplo, carenagens maiores, para-brisa elevado e porta capacete ‘no lugar do tanque’ maior, com 23 litros.
O principal avanço está na eletrônica. Entre outros recursos (como ABS e controle de tração), agora há 4 modos de pilotagem: Sport, Rain, Standard e User, que mesclam diferentes níveis de atuação da entrega de potência, freio motor e controle de tração – que pode ser desativado no User. A versão manual ainda conta com embreagem assistida e deslizante. E, claro, há a versão DCT.
Por sua vez, o desempenho foi favorecido por uma série de pequenos ajustes no motor. Com 2 cilindros em linha e 750 cm³, ele está 4 cv mais potente e 0,1 kgf.m mais forte. Assim, agora entrega 58,6 cv de potência e 7,03 kgf.m de torque máximos, a 6.750 e 4.750 rpm. Também passou a contar com acelerador eletrônico.
E ainda tem a ciclística. A moto perdeu 7 kg (quase 2 kg apenas no chassi) e teve suas suspensões recalibradas, incluindo a dianteira, assinada pela Showa. Elas ainda tiveram curso reduzido em 3 cm, fazendo com que o assento ficasse aproximadamente 30 mm mais baixo. Saiba mais novidades do modelo aqui.
Como é rodar com a nova NC 750X
O teste de primeiras impressões rolou na região de Brotas (SP), partindo de Piracicaba (SP). Foram quase 200 km analisando como as duas versões disponíveis (manual e DCT) se saíam em estradas com diferentes características, como rodovias, estradinhas sinuosas e trechos urbanos – terra não teve e abaixo falamos sobre isso.
Basta sentar na moto para ver que algo mudou. O banco está mais largo e confortável, ao passo que o piloto fica mais próximo do chão. Distante 802 mm do solo, o assento é amigável mesmo aos pilotos com menos de 1,70 m (para comparação, a Bros 160 tem 836 mm entre o banco e o chão).
Teste NC 750X 2022 |
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Gostamos | Não curtimos |
Suavidade do motor |
Pequena proteção aerodinâmica
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Trabalho do câmbio DCT | Valor dos acessórios |
Preço sugerido | Consumo |
Apesar da nova altura, a ciclística preserva as características conhecidas do modelo. A NC não é exatamente uma moto grandalhona, mas dá a impressão de ser ainda menor ao acionar o acelerador. Nas ruas ela é leve e muda de trajetória com facilidade, desviando de obstáculos com segurança.
Ao rodar chama a atenção a suavidade do já (re) conhecido motor de 745 cm³ e dois cilindros em linha. Se ele não entrega esportividade em altas rotações, compensa por um rodar suave e nível quase imperceptível de vibração em sua velocidade de cruzeiro. Em sexta marcha, mantém 130 km/h a apenas 4 mil rpm.
Viagem com a NC 750X 2022
Desta forma, a NC parece plenamente apta a devorar algumas centenas de quilômetros confortavelmente, sobretudo pelo funcionamento azeitado do motor. Outra nota azul vai para a estabilidade. E ainda colabora o câmbio, muito macio e com embreagem deslizante, com acionamento inegavelmente leve. É, portanto, uma boa moto para viajar.
O que irá incomodar, porém, é a pequena proteção aerodinâmica. A Honda até oferece como opcional (por salgados R$ 998) uma bolha elevada. Entretanto, o para-brisa não deve remover por completo o vento no peito do piloto, uma vez que é apenas um pouco (4 cm) mais alto que o original, mas não mais largo. O ideal seriam carenagens dianteiras mais largas e um para-brisa mais generoso.
NC 750 na terra
Infelizmente não pudemos dizer como é rodar com a nova NC 750 na terra, mas talvez isto não seja um grande problema. Afinal, o modelo realmente não foi projetado para ficar longe do asfalto.
Se isso já era indicado pela ciclística e rodas pequenas (de 17 polegadas) ficou ainda mais claro agora, pois a Honda não concedeu ao modelo o modo de pilotagem Gravel (cascalho, em inglês). Ele equipa todas as motos de uso misto da marca (inclusive o novo X-ADV), mas não compõe o pacote da NC. Ou seja, é uma moto pensada apenas para o asfalto – o que não significa que pode encarar alguns trechos leves de terra, como qualquer outra moto, ainda que naked, street ou até custom, encararia.
Veja também:
- Preço da NC 750X DCT; comparação com a concorrência
- NC 750X 2022: 8 coisas que mudaram na crossover da Honda
Eletrônica amigável
De fato, a nova geração da NC 750 marca um salto em tecnologia… mas se você não está habituado às parafernalhas eletrônicas e joysticks malucos nos punhos, pode ficar tranquilo.
O pacote eletrônico da crossover é eficiente e amigável. Todos os comandos acontecem pelo punho esquerdo, através – basicamente – de três botões. Ali você escolhe o modo de pilotagem, personaliza o User, lê sobre média de consumo, velocidade, tempo de viagem ou voltagem da bateria, entre outros dados importantes.
As informações são exibidas numa tela em LCD com fundo claro, que garante ótima visualização mesmo sob o sol do meio dia. Se não tem a conectividade e interatividade de uma tela TFT, o visor em cristal líquido ganha pontos justamente com quem busca simplicidade e facilidade de uso.
E o DCT, é bom?
O câmbio automatizado de dupla embreagem é um velho conhecido entre os carros e equipa a maioria dos superesportivos. É venerado pelo funcionamento eficiente que agiliza a velocidade de trocas e reduz a inevitável perda de força entre as mudanças manuais. Nas motos, é uma bandeira – e por enquanto uma exclusividade – da Honda.
A NC 750 é a moto mais acessível com câmbio DCT, também disponível nas Africa Twin, X-ADV e Gold Wing. No teste ele mostrou um funcionamento suave, com trocas minimamente perceptíveis praticamente em todas as ocasiões.
Numa aceleração progressiva você pode fazer uma brincadeira: desvie o olhar do painel e tente adivinhar qual marcha está engatada naquele momento, ciente de que irá correr o risco de não notar alguma troca ocorrer. As reduções são mais perceptíveis, mas não desconfortáveis.
Além disso, o câmbio é personalizável. Ele opera em três regimes de rotação (mais econômico, esportivo ou intermediário) e se você preferir ainda pode fazer trocas manuais através dos botões no punho esquerdo.
Consumo e velocidade máxima da NC 750X 2022
A fama de econômica acompanha a NC 750X desde seu lançamento. Não é raro ver proprietários apresentando médias acima dos 32 km/litro em rodovias, número não atingido por nenhuma outra moto da categoria – e melhores que muitas 500cc ou até 250cc, inclusive.
E foi justamente por isso que a versão 2022 nos decepcionou. Não que suas médias na casa dos 25 km por litro sejam vergonhosas, mas estão abaixo da expectativa. As médias nas versões manuais e DCT foram quase idênticas. Vale lembrar, claro, que rodamos em unidades praticamente 0km e fizemos poucas medições. Por isso ainda precisamos de um teste completo para dar um veredito sobre o seu consumo, algo que sairá em breve.
E a velocidade máxima? O top speed ‘oficial’ da NC 750X é de 187 km/h reais (quase 200 km/h no painel) na versão manual, segundo dados de homologação do modelo. No teste, ela acelerou com tranquilidade enquanto queríamos – até os 160 km/h no caso. Vale destacar, mais uma vez, o conforto na velocidade de cruzeiro – perto dos 130 km/h.
Preços, cores e versões da nova Honda NC
A NC 750X está disponível em duas versões, manual e com câmbio DCT. A MT está à venda nas cores Victory Red (vermelho) e Pearl Blue (azul perolizado), enquanto que a automatizada é encontrada – apenas nas lojas Honda Dream – em Grand Prix Red (vermelho) e Pearl Glare White (branco perolizado).
A NC 750 manual tem preço sugerido de R$ 49.700, enquanto a DCT parte dos R$ 55.700. São valores competitivos, muito próximo do cobrado pelas principais concorrentes e que até dão certa vantagem à Honda, graças a sua imensa rede de assistência técnica. Mas é o valor cobrado pelas concessionárias (será aferido em breve, pela Tabela Fipe) que será determinante para o sucesso do modelo.
Conclusão: a nova NC 750X vale a pena?
Este foi um teste de primeiras impressões, breve demais para um veredito definitivo. Porém, podemos afirmar que a NC se mantém fiel ao seu DNA e casou bem com as novidades, especialmente com o visual e eletrônica. Como qualquer modelo, tem pontos negativos – a exemplo da proteção aerodinâmica e consumo, que ainda precisam provar seu valor. Caso o preço de mercado fique próximo do sugerido pela marca é sim um boa opção para quem busca uma companheira para aventuras no asfalto.
Sobre o teste
Capacete: LS2 Renato Garcia
Jaqueta: LS2 Teide
Calça: LS2 Chart
Luvas: Race Tech Furious
Fotos: Divulgação Honda e Guilherme Augusto