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O motociclista é uma pessoa que gosta de natureza, do vento na cara, do som do motor. Tem espírito aventureiro, competitivo e gosta de um desafio.

Produzida no Brasil, Ducati 1199 Panigale entrega "humildes" 195 cv

Produzida no Brasil, Ducati 1199 Panigale entrega “humildes” 195 cv, sabe onde andar com ela?

Por outro lado, os movimentos que a sociedade se impõe em respeito ao meio ambiente e à sua sustentabilidade tem gerado uma dinâmica no sentido contrário àquela caracterização da imagem do motociclista como o rebelde sem causa. A competitividade entre os motociclistas, o culto ao equipamento mais “envenenado”, ter a moto inspirada num Valentino Rossi, Marc Marquez e outros grandes campeões do esporte, experimentar a técnica ao limite está cada vez mais complicado. As motocicletas também não são mais as mesmas, a Honda XRE 300 por exemplo, tinha em 2009 potência de 26,53 cv a 7.500 rpm, em 2016 os números baixaram para 25,4 cv com gasolina e 25,6 cv com etanol em 7.500 rpm mas o pior é que o consumo que era 16,7 a 30 km/litro de gasolina aumentou para 14,5 a 18,5 km/litro. Isso foi causado pelo aumento da densidade do catalisador no escapamento que aumentou a restrição à saída de gases.

Escapamentos especiais como acessórios ficam cada vez mais fora do contexto legal

Escapamentos especiais, sem catalizador como acessórios ficam cada vez mais fora do contexto legal

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Os engenheiros estão num beco sem saída, vão ter que mudar radicalmente a forma de propulsão ou continuam adaptando o velho e confiável motor de combustão interna do ciclo Otto, de forma que ele se torne o mais sustentável possível, mas há um limite por causa de sua natureza intrínseca de queimar e expelir gases, alguma contaminação sempre acontece.

Níveis de CO2 na atmosfera atinge níveis alarmantes, de 403 ppm em 2016

Níveis de CO2 na atmosfera atinge níveis alarmantes, de 403 ppm em 2016

Por isso, cada vez mais a competição fica restrita às pistas, o que além de permitir uma segurança maior, também permite que as regras para testar a competência de cada máquina e piloto sejam mais bem observadas. As BMW S 1000 RR são um bom exemplo. O modelo de pista é a HP4, não se pode andar com ela nas ruas. Depois dela, a que já possível de andar nas ruas é o modelo RR que conta com válvula no escapamento para adequar o som aos testes de emissões, catalisador para limpar os gases, luzes compatíveis com os regulamentos do trânsito, etc. Mas junto você tem que carregar o espírito de “fora da lei” que ela inspira, os agentes de trânsito, os radares, tudo conspira contra ela, a coitada da moto esportiva. Para uma abordagem mais “comportada” tira-se um R no nome e muito da adaptabilidade para as pistas vai junto com ele, a moto se torna mais “amiga” do meio ambiente, a BMW S-1000 R.

A opção mais interessante para muitos é a competição fora da estrada. No off-road não é necessária tanta estrutura para formar uma pista e em qualquer terreno se pode desenvolver uma atividade interessante nas mais diversas modalidades do motociclismo. Desde o Trial que praticamente é uma prova de habilidades até o Enduro que não tem limites como prova de resistência e habilidade. A Zero Motorcycles é pioneira nas elétricas off-road.

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Zero motorcycles é pioneira na modalidade off-road nas elétricas - clique na imagem para conhecer mais sobre elas

Zero motorcycles é pioneira na modalidade off-road nas elétricas – clique na imagem para conhecer mais sobre elas

Na vida urbana, cada vez mais a motocicleta se torna um veículo inserido na vida do cidadão, seja para o trabalho, para locomoção para as mais diversas atividades e por que não para diversão. Porém a esportividade está indo para outro plano, apenas para áreas controladas como nas pistas. E usa-se veículos preparados para o fim específico, não há mais possibilidade de ter uma moto só para pista e trabalho, não dá mais para se ter uma abordagem competitiva com as motos nas ruas. As estradas são cada vez mais um local para dividir espaço com outros veículos e não é possível atingir os limites de pilotagem ou de equipamento nesse tipo de ambiente. Acabou a brincadeira.

Os programas de controle da poluição do ar por motociclos e veículos similares, desde 2002 vem sendo desenvolvido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA que criou, por meio da Resolução nº 297, o PROMOT, que segue exigências inspiradas no sistema europeu. Desde essa época as diversas fases de limitações de emissões têm sido aplicadas e em 2016 entrou em vigor o PROMOT 4, fase II que acaba por eliminar do mercado mais uma leva de modelos de motos, veja matéria específica a respeito.

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Paralelamente a isso novos modelos vem sendo criados, que possam atender essas novas limitações, mas não é só isso. Toda essa polêmica sobre velocidade máxima no trânsito, o comportamento cada vez mais consciente, exigido dos cidadãos em respeito ao próximo e a postura consciente para uma vida sustentável, tem modificado o ambiente urbano e mesmo rural, com a preocupação de que toda atividade seja positiva para todos que compartilham o espaço e o meio ambiente. Atividades que possam colocar em risco físico ou que simplesmente incomodem outras pessoas, presentes na área, são normalmente restringidas pelo cidadão consciente.

Motos como a nova versão da Triumph Bonneville Street Twin, da Honda NC 750, toda linha das Indians, as novas Yamahas da série MT, são motos que procuram seguir essa nova tônica, mantendo o prazer de pilotar uma motocicleta, sem perder de vista o comportamento sustentável, esperado pela sociedade. Mais eficiência energética se exige, com melhor aproveitamento do combustível e ainda menos emissões. Muitos modelos ainda vão se tornar obsoletos por causa disso, mais pesquisa e desenvolvimento serão dispensados a novas tecnologias, até que uma nova classe de motos seja desenvolvida. Será elétrica, com baterias de Íons de lítio ou outra tecnologia, como a célula de hidrogênio, por exemplo. Uma solução que possibilite um custo baixo com autonomia razoável, sem emissão de gases ou ruído. Os sistemas atuais ainda não conferem um bom resultado. Mas enquanto isso…

Nos automóveis,  a Tesla Motors, uma empresa americana que foi fundada por um grupo de engenheiros de Silicon Valley queria provar que um automóvel elétrico poderia ser melhor que os de combustão interna. O automóvel Tesla, já conta apenas nos EUA, com 667 estações de recarga para seus veículos, com mais de 4500 pontos de carga, e conta com muitos outros em vários países. Há ainda a rede de pontos de carga em “destinos” como hotéis, shopping centers e restaurantes. Tudo está sendo feito pela empresa para gerar “usabilidade” do seu sistema.
Até que no lançamento do modelo 3 da Tesla no fim de março deste ano, o CEO da empresa, Elon Musk apresentou como fator principal da existência da sua empresa, o aumento do nível de CO2 na terra e então, criar um automóvel sustentável, que possa ser produzido em massa passou a ser o seu grande desafio.
Foram desenvolvidos dois modelos iniciais nos quais o principal objetivo era mostrar a viabilidade e a qualidade desse tipo de veículo. Agora, já numa nova fase, a empresa procura estabelecer um produto de massa que possa fazer diferença no volume de emissões no planeta.

Esse novo modelo será colocado no mercado no ano que vem, ao preço de 35 mil dólares, autonomia para mais de 300 km com piloto automático que executa várias manobras automaticamente, administrado por um software que é permanentemente aperfeiçoado para versões cada vez mais complexas. Já existem versões com direção autônoma para várias situações, como tirar o carro da garagem a um comando do seu smartphone. A previsão é produzir já em 2017 meio milhão de unidades. A fábrica de baterias de Lítio para atender a demanda da produção desses veículos está pronta e em operação,  a expectativa é grande, pois já na primeira semana depois do lançamento foram encomendadas 1500 unidades.

Mas nós, motociclistas ainda temos que esperar que os automóveis, veículos em maior volume, abram o caminho para um número maior e novas versões de motocicletas sustentáveis, compatíveis a um meio ambiente mais pacífico e um esporte que possa ser praticado por todos, num ambiente de paz e contínuo desenvolvimento.

Bitenca
Pioneiro no Motocross e no off-road com motos no Brasil, fundou em 1985 o TCP (Trail Clube Paulista). Desbravou trilhas em torno da capital paulista enquanto testava motos para revistas especializadas.