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Do negócio do barulho, vou explicar: Como fui um dos pioneiros de moto off-road no Brasil, nos anos 70, acompanhei desde o início criação do preconceito (não tão pré) que hoje cerca os motociclistas de fora de estrada. O barulho assusta os animais e os proprietários de fazendas e sítios não gostam de serem visitados por alguns motociclistas vândalos, que por esses anos todos, cortaram cercas, assustaram animais e criaram erosão nas propriedades do interior da maioria dos estados … seria inevitável no Brasil, porque já naquela época, nos países desenvolvidos isso já ocorria.

Então como seria recebida pelo público uma moto de cross que, não faz barulho, deve andar em circuitos fechados, pois necessita de um Box com carregador. Coisa já considerada normal, pois hoje em dia a prática do esporte tem sido feita em circuitos por causa da segurança e suporte que um parque fechado oferece.

Sem o barulho, sinal da presença do “visitante indesejado” da zona rural, certamente serão mais bem recebidos. Uma opção mais “amigável”, sem dúvida.

Na última quinta feira, dia 29, fomos convidados a um test-ride nas duas disponíveis para a imprensa, uma Zero X, de cross e uma do modelo DS, ou Dual Sport. Cheguei na hora marcada, pronto para andar.

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A Zero X

A descrição do produto já foi feita nas matérias anteriores, agora vamos ver como ela anda. Logo de cara vi no painel eletrônico quatro modos de programação disponíveis para o uso.

São duas chaves, uma para torque com posição alta e normal, e outra para velocidade, com limite de até 25 milhas (MPH unidade de velocidade americana) e outra até 50 MPH. Uma seqüência de LEDS vai do vermelho ao verde, indicando a condição da bateria.

Com essa programação pode-se adequar o uso da moto a um aproveitamento melhor da carga da bateria, de acordo com o tipo de uso. Sentando na moto, sente-se quase como numa mini moto, mas a sua altura na verdade é para gente grande, mas tal é a leveza que fica essa sensação.

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Ao acelerar a velocidade cresce bem, mesmo com o acionamento do limitador de torque e velocidade superior. Bom para trilhas fechadas, lisas e com muitos obstáculos; assim não se desperdiça energia com derrapadas em excesso.

Para locais onde há mais subidas o seletor de torque na posição alta vai favorecer uma aceleração maior para transpor esses obstáculos, ainda em trilhas travadas, pois para lugares mais abertos você vai querer colocar o seletor de torque e velocidade no máximo para as manobras mais radicais.

Passa uma sensação estranha ao pilotar em velocidade. Parece que a posição do acelerador é sempre proporcional à velocidade que se trafega; por exemplo, para atacar um obstáculo em velocidade baixa, um toque no acelerador vai provocar uma resposta rápida do motor e a frente fica leve para ultrapassar o setor, mas em velocidade maior, diferente daquela, a posição do acelerador em que o motor vai aceitar aceleração se mostra em um ângulo bem maior no punho do acelerador.

Isso dá ao condutor não acostumado, uma insegurança na transposição dos obstáculos porque o motor não responde na mesma posição de aceleração em qualquer velocidade. Algo parecido com o acelerador dos antigos motores diesel, que davam trabalho aos motoristas não avisados.

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Os pilotos que vierem das bicicletas off-road, tipo downhill, acho que vão se adequar mais rapidamente, pois sabem prescindir de “costurar” o trecho com o motor.

Quem vier das motos a gasolina vai estranhar mais essa característica, até conseguir jogar apenas com o peso bem reduzido da moto em relação às outras. Vão ter que aprender o estilo Stephan Everts… o mestre da suavidade no motocross, que provou que dá certo.

As suspensões são tão boas quanto às das melhores motocicletas atuais, com curso adequado e amortecimento equilibrado entre as duas rodas. O chassi dá uma segurança incrível na abordagem de qualquer obstáculo, seja com ou sem motor.

Aquela máxima do off-road, que diz “na dúvida dá lhe gás”, pode ser dispensada nessa moto porque a estrutura do chassi e o peso reduzido do conjunto colocam a postura do piloto como elemento primordial da maneabilidade. O transpor dos obstáculos surpreende pela facilidade e absorção dos choques na suspensão e chassi. Assim se ganha confiança; e na dúvida, não duvide – ela passa. O limite está tão longe assim.

A Zero DS

Esse modelo promete mais por ser uma moto de uso misto … cidade e campo. Pode cumprir melhor ainda a função de moto “amigável” da Natureza, pois além de não emitir nenhum gás, o ruído fica quase nulo, apenas o zunir da transmissão e rufar dos pneus.

Críticos dos scooters elétricos estão dizendo que se torna perigoso não emitir ruído no trânsito, pois os motoristas à frente não percebem que a moto se aproxima. Eu acho que isso é sinal de despreparo dos nossos motoristas e motociclistas, porque se andassem observando melhor as leis de trânsito e o ambiente que os cercam jamais seria perigoso essa aproximação silenciosa, seria sim sinal de civilidade.

Todos deveriam colaborar com a imagem do motociclista evitando usar o acelerador e escape esportivo como buzina, coisa muito comum por sinal. Cada coisa tem sua hora e lugar.

É tão revolucionária essa moto que a Izzo ainda não conseguiu homologar no Denatran. Este se serve das características de motor a explosão para classificar os veículos e como na maioria dos países, espera-se que no Brasil também haja incentivos fiscais para as motos e scooters elétricos, pois eles não poluem e dependendo da fonte da energia elétrica (Hidroelétrica como no Brasil) colaboram na redução de emissão de Carbono. Cabe-nos esperar as autoridades resolverem esse impasse, vamos aguardar.

O câmbio simplesmente não existe e você arranca normalmente e acelera até 90 Km/h tão rápido quanto você vai querer ir, pois já deixou o trânsito todo para trás. O porte e beleza do conjunto chamam atenção por onde passa e vendo a moto parada percebe-se a atenção aos mínimos detalhes, como os minúsculos parafusos niquelados que fixam a tampinha do interruptor do pezinho lateral.

Coisa do gênio Neal Saiki. Peças do chassi usinadas em alumínio de liga aeronáutica, soldadas à mão e acabadas com tratamento térmico que aumenta a rigidez do conjunto, não é mais privilégio das quatro grandes marcas; resulta numa construção esmerada.

O painel é digital e todas as funções normais aparecem no display de cristal líquido, menos a velocidade que aparece no grande visor redondo. A autonomia e tempo de carga oferece uma relação até hoje não encontrada nas scooters elétricas, perto de 100 km com uma carga de 4 horas.

Dá perfeitamente para cumprir um trecho normal para ir ao trabalho e deixando em carga, pegar no fim do dia e voltar para casa. Sem gasolina, emissão de poluentes e barulho nenhum.

No trânsito essa moto tem um porte de uma 250 Trail, um pouco alta como vem de fábrica, mas pode ser facilmente ajustada a altura. Um pouco pesada para o que anda, conserva boa maneabilidade e é muito fácil de conduzir.

Os freios são bem dimensionados e novamente o material utilizado impressiona; coisa de primeira. Por exemplo, o sensor do velocímetro é óptico e a linha hidráulica do freio é coberto de malha de aço inox como nos comandos aeronáuticos.

O disco é flutuante estilo margarida, e na traseira verifica-se o estilo Off das lanternas e pára-lama; bem dimensionados.

A suspensão é do tipo invertida e totalmente ajustável, do tipo que raramente se vê em motos de uso misto. Se mostra muito adequada ao peso do conjunto e oferece conforto suficiente para o período que a carga oferece. O modelo apresentado veio com esse farol, diferente dos que vimos nas fotos do release da Izzo, lá era redondo e preto. Este visual é bem mais agradável, pelo resto das especificações parece ser do outro modelo, ainda não apresentado, um Motard denominado ZERO S. Resta saber como virão as próximas.

Para que a carga possa ser feita numa tomada comum o transformador que na X é externo foi incorporado ao sistema embarcado. Com isso apenas um fio, com conector do tipo de computador (cabe num bolso ou mochila) é necessário para carregar a bateria, bem maior que a do modelo X também, vejam nas especificações abaixo.

 

ZERO X ZERO DS
MOTOR
Tipo Elétrico de magneto permanente com escovas
Potência 23 CV 31 CV
Torque 67,7 Nm 84,6 Nm
Velocidade máxima 90 km/h
TRANSMISSÃO
Transmissão Uma marcha sem embreagem
Transmissão secundária Corrente
SISTEMA ELÉTRICO
Bateria Íons de lítio
Capacidade 2 kWh ( 58 volts @ 35Ah) 4 kWh ( 58 volts @ 70Ah)
Autonomia Até 64 km ou duas horas de uso Até 80 km
Tempo de recarga Inferior a 2 horas Inferior a 4 horas
Alimentação 110 / 220 volts
CHASSI
Quadro Alumínio aeronáutico com tubos hidroformados Alumínio aeronáutico
Suspensão dianteira Hidráulica Invertida com 203 mm de curso e regulagem de compressão e retorno Hidráulica Invertida com 254 mm de curso e regulagem de compressão e retorno
Suspensão traseira Balança de alumínio com 229 mm de curso e amortecedor a gás com regulagem de pré-carga e retorno
Freio dianteiro Disco simples com pinça de quatro pistões Disco flutuante com pinça flutuante de dois pistões
Freio traseiro Disco simples com pinça flutuante de um pistão.
PNEUS E RODAS
Roda dianteira Raiada, aro 20 Raiada, aro 17
Pneu dianteiro 20”x 3” 03/25/17
Roda traseira Raiada, aro 17 Raiada, aro 16
Pneu traseiro 17”x 3,5” 110/90-16
DIMENSÕES E PESO
Altura do assento 910 mm 902 mm
Angulo de caster 24 graus 26 graus
Trail N/D 82,8 mm
Peso 68,5 Kg 122,5 Kg
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Características: Painel de fácil visualização; Quadro de alumínio endurecido e anodizado; freio dianteiro e traseiro com acionamento no guidão; Botão localizado no painel para seleção da potência e velocidade Painel analógico/digital; Sensor de temperatura do motor; Baixo centro de gravidade; Carenagem frontal com farol redondo
Garantia 2 anos 2 anos
Preço sugerido R$ 31.900,00 R$ 39.900,00
Bitenca
Pioneiro no Motocross e no off-road com motos no Brasil, fundou em 1985 o TCP (Trail Clube Paulista). Desbravou trilhas em torno da capital paulista enquanto testava motos para revistas especializadas.