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Mandruvadoidao veio de Ipatinga, MG

Mandruvadoidao veio de Ipatinga, MG

É incrível como as coisas acontecem sem ao menos imaginarmos como seriam. Há quase um ano iniciamos o planejamento para a organização do 2.°ENM. A cidade escolhida para o evento foi Lavras (MG). Situada em ponto geograficamente estratégico, facilitou a viagem de motonliners de todos os estados que participaram.

No início veio a empolgação dos preparativos, as brincadeiras sobre o que aconteceria, enfim, a euforia em imaginar como seria encontrar tantos amigos virtuais. Os dias foram passando e a data se aproximando. Não tínhamos pensado em como daria aquele frio na barriga nos dias antecedentes ao encontro. Alguns ainda estavam indecisos se poderiam ou não participar, outros que tinham garantido presença não puderam ir.

Chegou a semana do encontro. As malas prontas, as motos preparadas e a emoção a flor da pele. Alguns amigos foram de carro por estarem enriquecendo a festa com seus filhos e esposas. No momento do encontro, junto com a empolgação vem algumas dúvidas. O fato de nos falarmos pelo meio virtual não nos dá a imagem física da pessoa. Aí vem a pergunta: Quem é quem?  Isso para os ainda desconhecidos, é claro.

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Passadas as apresentações, chegam as conversas, as brincadeiras e as histórias. No decorrer do encontro tivemos muitas risadas, “causos” e, é claro, não podia faltar o test-drive. O mais bonito no test-drive foi a interação entre os motonliners. Não houve qualquer resistência ou discriminação de motos pelo valor ou capacidade cúbica do motor. Houve total imparcialidade.

Voltando aos relatos da viagem, foram muitos e contados das mais diversas maneiras. São histórias emocionantes que nos remetem ao real valor de fazer acontecer algo que significa tanto para tantos. Segue um relato dos mais emocionantes escrito pelos próprios viajantes motonliners.

Cida e Jean: planos desfeitos e refeitos, mas no final, tudo valeu a pena

Cida e Jean: planos desfeitos e refeitos, mas no final, tudo valeu a pena

Jean e sua esposa Cida saíram de São Paulo para um bate-volta no 2º Encontro Nacional Motonliners em Lavras, no dia 25 de junho.

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“Bom, antes de falar de como foi o 2ºENM, vou fazer um breve relato de como conheci e me cadastrei no Motonline. Possuia uma Bros KS 07 e queria fazer um up. Eu estava em dúvida, sobre qual moto pegar, só estava decidido que manteria o estilo off. Estava entre Lander, Falcon (mesmo sendo usada) e a XRE 300. Iniciei uma pesquisa na internet e encontrei o site Motonline com reportagens e o melhor, com opiniões dos proprietários das motos nos tópicos do fórum dedicados à cada marca e cada modelo. O site foi decisivo na minha escolha e adquiri a XRE, mesmo com problemas relatados por uns. Vi que a moto se enquadrava ao que eu queria, principalmente após ler o relato do Serjão, que foi com uma XRE até o Ushuaya.

Adquiri a moto, me cadastrei no site a fim de trocar informações sobre a moto, sobre passeios e sobre acessórios e equipamentos. E qual não foi minha surpresa ao ver que ali estava fazendo amigos, amigos virtuais é verdade, mas amigos. Pensei comigo, não passará disso, será apenas virtual. E assim foi até o primeiro passeio que participei, indo para Paranapiacaba. Ali conheci alguns motonliners, o que me animou muito. Ficou uma ótima impressão. O tempo foi passando e fui me tornando cada dia mais presente nos fóruns e fazendo novas amizades e mais uma vez o site foi decisivo na troca da moto. Dessa vez por uma Bandit 1200S.

Surgiu um novo passeio – Megacycle em São Lourenço. Mesmo com um pouco de “receio”, pois, os amigos do meu primeiro passeio não iriam, seriam pessoas que não conhecia pessoalmente, marquei de ir com o pessoal. Mais uma vez ao conhecê-los tive outra agradável surpresa. Pessoas muito companheiras que dispensam mais comentários. Nesse momento já havia sido marcado o 2º Encontro Nacional Motoliners e eu decidi que esse não perderia por nada, já que o primeiro deixei de ir por insegurança e por acreditar que as amizades virtuais nunca se tornariam reais.

Desde o regresso do Megacycle, comecei minha preparação para o 2º ENM, fazendo planos, comprando equipamentos, combinando com o pessoal e convencendo minha esposa, que a principio não se animou, mas depois que mostrei a foto de um encontro que o pessoal tinha feito com o nosso amigo Mandruvadoidão, ela se animou também, principalmente após ver a foto do porco ao rolete (rsrsrs). Parecia tudo certo, já havia me programado no serviço, abri mão de uns dias nas férias para mais tarde poder desfrutar de 4 dias com os amigos.

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Tudo parecia certo. Porém, começaram os problemas. Primeiro, foi com o carro, que acabara de adquirir. Como ainda estava na garantia, pedi que fosse trocado o rolamento da correia dentada e os amortecedores, pois faziam barulho e não me deixava confortável. Veio a paulada. Ao fazer a troca da correia, o mecânico não colocou o motor devidamente no ponto, acasionando o seu travamento. Depois de dias sem carro e brigas, resolveram me devolver o dinheiro da compra do veículo desde que comprasse outro carro lá. Não quis mais arriscar num usado e acabei pegando um Voyage 0 KM, o que consumiu todas as economias, inclusive o que havia separado para o encontro. Nesse momento não daria mais para ir, o que me deixou chateado demais. Tanto planejamento e agora??? Conversava com os amigos do fórum e eles sempre me dando força, me levantando, me reanimando.

Decidi ir. Refiz as contas e o orçamento, paguei a taxa do encontro, minha e de minha esposa. Ela me ajudou a calcularmos, e vimos que daria para ajeitarmos nossas contas, mesmo com a despesa extra do carro. Mais uma vez a alegria voltou, a ida estava certa, estava planejando ir com os amigos, que horas sairíamos, onde ficaríamos hospedados, etc., aí, veio outra bomba. Trabalho. Reuniões, assembléia e decidiram demitir a administradora com quem já havia combinado tudo. Ou seja, toda a responsabilidade até tudo se adequar caiu sobre mim. E o pior, meu cargo também ficou seriamente ameaçado.

Agora sim, era definitivo, não iriamos mais. Não poderia colocar meu trabalho em jogo, tenho minhas responsabilidades, filhos, casa, contas a pagar e, para minha tristeza e decepção, não iria mais. Conversei com os Motoliners, que sempre me deram muita força. Cheguei quase a não acessar mais o site, só olhava, mas não conseguia quase postar. Dava um nó na garganta ver o pessoal animado, se programando e eu não poder mais fazer parte desse encontro. Até minha esposa começou a ficar preocupada de me ver tão pra baixo e ela foi fundamental nesse momento. Faltando uma semana ou menos para o encontro, conversou muito comigo e me perguntou porque não iríamos no sábado. Respondi que era loucura e ela insistiu, disse que ela agüentaria e que ela queria muito também ir e que depois de tanto querer, planejar, não seria justo pra mim mesmo abrir mão desse desejo, desse sonho. Trabalhar tanto e não poder curtir um pouco a vida, de que adianta???

De imediato decidi. Iria no sábado. Iriamos num vôo solo. Planejamos tudo, sairíamos sábado às 6 horas. Deixei tudo programado no serviço, como me contatarem em caso de emergência e tudo mais. Nesse momento o coração já batia forte, não via a hora do momento de pegar a estrada chegar. Os amigos motoliners me incentivando muito e isso só me enchia de ânimo e coragem.

Na quarta-feira, dia 22/06, à noite me bateu uma tristeza momentânea pois via os motonliners, um a um, se despedindo no fórum pois no dia seguinte, logo ao amanhecer, se reuniriam para seguir à Lavras. Confesso que foi muito difícil passar essa noite e a quinta e sexta-feira. A sexta-feira então me pareceu ter 48 horas.

A Bandit 1200 do casal: comportamento exemplar nos quase 1000 km de "bate-e-volta"

A Bandit 1200 do casal: comportamento exemplar nos quase 1000 km de "bate-e-volta"

Chegou o sábado, mal consegui dormir devido à ansiedade. Me sentia um menino em véspera de Natal. Saímos rumo à Lavras um pouco além do que havia me programado, pois minha esposa não amanheceu bem, estava com enxaqueca, era nítido ao olhar para ela que não estava nada bem. Até sugeri, com o coração apertado, que adiássemos a viagem, o que foi imediatamente rejeitado por ela. Saímos às 7 horas. Logo em seguida e já estava na Rodovia Fernão Dias. Agora sim, depois de tantos problemas estava realmente seguindo para Lavras, muitas coisas no pensamento e a ansiedade de logo chegar. Precisava me concentrar constantemente para evitar que essa ansiedade se transformasse em imprudência, abusando da velocidade.

Paramos 2 vezes para abastecimento e uma 3ª para a esposa esticar um pouco as pernas e se recuperar. Ela não estava bem e isso me preocupava. Seguimos uma viagem tranqüila, sem sustos. A moto se comportou muito bem, velocidade constante entre 120 e 130km/h. Às 10:50 horas chegamos à Lavras. Agora faltava encontrar o parque onde estava sendo realizado o encontro. Mas com as informações que o Fábio_Sep postou, fui certeiro.

Ao fazer uma parada para telefonar em casa já encontrei o Bruno (Donytello) e aí só me deu certeza mesmo de que estava no rumo certo. E por sorte, passa por mim o Tron, mais um motonliner. Aí foi só acelerar e seguí-lo, sem me preocupar mais em olhar placas. Chegamos enfim no local do encontro. O coração estava disparado ao ver o pessoal e as motos, meus olhos marejaram, era como se não acreditasse que finalmente estava ali, depois de tantos obstáculos.

Ao parar a moto e descer, mais uma grata surpresa. A forma como o nosso amigo Clinger (Mandruvadoidão) nos recebeu, com carinho e uma atenção indescritível. Nos apresentou à todos e logo em seguida teve início a palestra ministradas pelo Harada, Levy e Bitenca, que nos contaram algumas estórias e alguns fatos, que nos fizeram pensar. Logo em seguida houve uma homenagem ao nosso amigo Alexandre (Patriarca), que não pode ir pois está se recuperando de um grave acidente de carro (carro é um perigo (rsrsrs), homenagem mais que merecida, diga-se de passagem.

Karas, tentando impedir a Silvia(esposa) de dar o lance no leilão

Karas, tentando impedir a Silvia(esposa) de dar o lance no leilão

Depois houve um leilão muito divertido para todos, menos para nosso amigo Karas, que se viu em apuros tentando impedir sua esposa de oferecer lances (rsrsrs), um grande casal. Após, houve o sorteio de brindes, onde todos foram contemplados. E por fim, o grande momento, o churrasco. Momento de eu poder rever os amigos e conhecer outros, molhar a garganta e forrar o estomago.

Sobre os amigos motonliners, só surpresas gratas. Pessoas companheiras e muito unidas, jamais imaginei conhecer pessoas assim em um site que fala de motos e motociclismo e muito menos imaginar que passaria essa amizade virtual para o mundo real. Conversamos e brincamos muito, mas sempre de olho no porco ao rolete, não via a hora dele ficar pronto. Aliás, não só eu, minha esposa intimou que só iríamos embora depois que provasse dele.

As horas passaram muito rápido e quando percebemos, já estava anoitecendo e eu precisava voltar ainda no sábado, mas não queria ficar pensando nisso. Fui aproveitar. Enfim, ao anoitecer, o porco ficou pronto e nunca vi um porco ser devorado em tão pouco tempo, coisa digna de livro dos recordes. Saboreamos o porco e já estava na hora de irmos, mas nossos amigos insistiram e ficamos mais um pouco. Fomos até o alojamento conversar mais, se divertir. Nesse grupo tinha uma grande pessoa, de 1,50 metro mais ou menos, que era impossível ficar sério ao seu lado. Michelsen é muito divertido. Mas, infelizmente, chegou a hora da despedida. Já eram 21 horas e tínhamos 400 km pela frente. Nos despedimos com um aperto no coração pois tinha certeza que estava deixando para traz grandes amigos e a saudade já batia forte.

Pegamos a estrada, a ligação de Lavras à Rodovia Fernão Dias estava bem ruim, alguns trechos duplicando e outros em reforma e à noite o cuidado foi triplicado. Chegamos à Fernão Dias, estava bem tranqüila com pouquíssimo movimento. Viagem tranqüila e excessivamente fria. Só em um momento passamos por um susto. Estava à 120 km/h e ao iniciar a ultrapassagem a um polo, o mesmo mudou de faixa repentinamente, o que me fez reduzir forte e ir para a faixa da direita e mais uma vez o motorista mudou de faixa, me fechando pela segunda vez. Passei por ele e não sei se dormiu ou se foi de propósito ou imprudência mesmo. Nesse momento, lembrei da palestra onde foi abordado o tema de como se habilitam condutores no nosso País. Foi como se ouvisse novamente o Levy falando.

Porco no Rolete com sabor mineiro

Porco no Rolete com sabor mineiro

Realmente precisamos fazer nossa parte, ser prudente e procurar antever o que o outro irá fazer. Ou seja, dirigir por nós e pelos outros. Voltando à estrada, fizemos 2 paradas para abastecimento e a média de consumo da Bandit 1200S ficou entre 15 km/l e 16,5km/l, com uma média de velocidade de 120 km/h. Chegamos em casa passados 50 minutos da meia-noite, congelados. Realmente o frio foi muito intenso em alguns trechos. Minha jaqueta de cordura e a luva deram conta do recado, mas a calça, Jeans bem grossa, ficou devendo. O capacete também deu trabalho na volta pois passou a entrar muito vento e, consequentemente, muito frio. Tentei comprar um antes de ir, mas não encontrei com o meu número.

Encerro esse relato, agradecendo aos amigos: casal Karas (Karas e Silvia) pessoas amabilíssimas, casal Zanella (Léo e Débora), ao grande Michelsen e sua noiva Fran, Donytello e Bruna, Fabio_Sep, esposa e filhos, Teco, Ezenecon e esposa (Martha_Lu), Rherbert e companheira, Thiago, Tidé e “esposa”, Leo_xj6N, Rodrigo_Alves, ao nosso fotógrafo Michel Rezende, Tron e Isabel, Prancha, ao brother Matusa, Montiverdi, Palitó, JackDaniels, Carlão, Rock tenere e esposa, Diego Cesar, enfim, à todos que participaram desse encontro e nos proporcionaram um momento inesquecível. Se esqueci de mencionar alguém, me perdoem.

Agradeço também aos amigos especiais, que fiz através do Motoline, Clinger (Mandruivadoidão) e Patriarca (Alexandre), este não estava fisicamente no encontro, mas todos o levaram no coração, e ao Adilson Gomes. São pessoas especiais que com certeza carregarei para o resto da vida no coração.

Agradeço também ao Levy, Bitenca e Harada, sem os quais, estes momentos e estas amizades não existiriam. Não poderia deixar de agradecer à minha esposa Cida, já que sem a ajuda e apoio dela, não teria participado desse encontro e vivenciado momentos tão gratificantes. Obrigado, Te amo.”

Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.