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Com o crescimento dos scooter no mercado brasileiro é comum que quem está chegando agora ao mundo das duas rodas se pergunte ‘quais as diferenças entre moto e scooter?‘. Basta pensar um pouco para notar que elas vão muito além do câmbio, onde em uma é preciso fazer as marchas manualmente e noutra há câmbio automático.

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Quando a missão é escolher entre moto e scooter, o que pesa mais na sua decisão? O mercado de scooter no Brasil está numa crescente (até com opções elétricas, como o EV1 da foto), mas ainda há quem não abra mão de ter um tanque de combustível entre as pernas

Para deixar as divergências mais claras nós elaboramos a tabela abaixo, simples e comparativa. Naturalmente, ela comete algumas generalizações para facilitar o entendimento sobre cada uma das duas categorias. Vale lembrar, também, que aos olhos da lei todas as motos são iguais, não importa se é um scooter de 125 cilindradas ou uma estradeira com mais de 400 kg. É preciso obedecer as mesmas regras.

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Diferenças entre moto e scooter

QUESITO MOTO SCOOTER
Câmbio Na imensa maioria das motos é manual, por alavanca no pé. Algumas têm embreagem semiautomática, como a Honda Biz. São todas automáticas, bastando acelerar acelerar. Pela ausência de embreagem, o manete esquerdo é usado para acionar o freio traseiro.
Potência Frases como ‘os scooter são menos potentes’ são parciais, pois depende dos modelos que estão sendo comparados. Os scooter costumam apresentar desempenho parecido com as motos de igual cilindrada, mas são veículos que costumam priorizar outros aspectos em lugar do ‘top speed’.
Bagagem É o calcanhar de aquiles das motos. A maioria dos modelos pequenos e médios oferece apenas um pequeno bagageiro onde as tralhas são fixadas com o uso de extensores elásticos. Permite a instalação de bauleto, que ameniza o incômodo – mas não representa um acréscimo, já que o bauleto inutiliza o bagageiro – e prejudica o visual da moto. Praticamente todos os scooters oferecem bom espaço para bagagem sob o banco (alguns modelos são capazes de levar até dois capacetes), mantendo os pertences longe dos olhares e alcance dos “amigos do alheio”. Além do compartimento principal, costuma haver outros pequenos ‘porta trecos’, como em espaços atrás da coluna frontal. Ainda, permite a instalção de bauletos, assim como nas motos, ganhando ainda mais espaço para bagagens.
Proteção contra o vento O piloto fica exposto ao vento, ao frio e às sujeiras ou barro levantados pela própria moto ou pelos carros. O que mais suja são os sapatos e a parte inferior da calça. Outro item que sofre são os calçados, que desgastam na área que toca o câmbio. O painel frontal – e possível bolha acrílica – oferece maior proteção à roupa e ao piloto contra o vento, sujeira, frio e chuva. Como não tem pedal de câmbio, os calçados não são danificados. Permite o uso de roupas mais sofisticadas como paletó e gravata, apesar de desaconselhável pelo aspecto de segurança.
Posição de dirigir Posição montada (como montar à cavalo, passando a perna sobre a moto; as pernas ficam separadas pelo tanque) Posição sentada (como ao sentar numa cadeira; os joelhos se tocam)
Conforto As rodas maiores, de até 21 polegadas, ‘engolem’ as imperfeições das ruas e estradas. Já as suspensões (que podem beirar os 300 mm) oferecem maior conforto, pois conseguem absorver até mesmo grandes impactos minimizando os incômodos ao motociclista. A grosso modo, conforto não é o forte dos scooter. Sua rodas pequenas (entre 10 e 16 polegadas) transmitem ao piloto todas as imperfeições do asfalto – quanto menor a roda, mais ela sofrerá com buracos. As suspensões também costumam ser limitadas, com curso abaixo dos 120 mm, significando mais impactos ao piloto e, principalmente, garupa.
Preço de compra Custumam ser mais baratas que os scooter com potência e características equivalentes. Geralmente custam ligeiramente mais caro que as motos, fazendo jus a maior ‘lataria’ e também nível de equipamentos
Equipamentos As motos mais sofisticadas são tão equipadas quanto os carros de luxo, mas as de entrada costumam trazer apenas os itens obrigatórios pela lei – como freios combinados, por exemplo Costumam oferecer bons equipamentos desde as opções mais baratas. Não é raro ver um scooter de entrada ou intermediário com iluminação em LED, freios ABS, painel digital, cavalete central e tomada USB, por exemplo.
Manutenção É um tópico relativo, pois dependerá muito de quais moto e scooter estão sendo comparadas. Mas, via de regra, costumam ter manutenção mais acessível que os scooter – mas, também, mais frequente em itens como a troca da relação. Talvez pelo menor número de unidades vendidas, os scooters ainda costumam ter custos de manuteção mais altos que as motos. Porém, graças a elementos como câmbio CVT e ausência de corrente tendem a ir menos vezes à oficina
Impostos/DPVAT Igual para ambos. Obedecem às mesmas regras e são encaixadas nas mesmas categorias.
Roubo Infelizmente, costumam ser muito visadas por ladrões. Roubam as baratas para desmanchar e vender peças, as altas para praticar assaltos e as caras para ostentar entre os ‘amigos’. Apesar de não haver uma estatística nacional e imparcial, nota-se que os scooter são menos procurados pelos amigos do alheio – ao menos por enquanto

Moto e scooter: mais diferenças

Pelo menor número de plásticos e, muitas vezes, ausência de carenagens, as motos costumam ser mais ‘valentes’ que os scooter – poderíamos usar o termo ‘resistentes’, mas abriria margem para má interpretação. Caso caiam, seja por descuido do piloto ou num acidente qualquer, o prejuízo com a troca de peças será menor. Logo, são frequentemente utililizadas para o trabalho – como os crescentes serviços de delivery.

O quase monopólio de ‘motos’ fazendo delivery deixa claro que ninguém oferece a mesma versatilidade e resistência

Os scooter se diferenciam pela praticidade. Enquanto na moto você tem atribuições para os quatro membros, num scooter usará apenas as mãos para frear – e a direita para acelerar. Embreagem, troca de marchas, pedal do freio traseiro, nada disso existe. Ganham mais pontos no quesito por possuírem uma série de compartimentos para levar pequenos objetos, facilitando as pequenas tarefas diárias – como ter um lugar seguro e seco para um caderno ou onde deixar a bolsa.

Além disso, os scooter costumam ser um pouco mais econômicos que as motos com potência semelhante. Nada absurdo, talvez na casa dos 10%, para ser generalista. Por outro lado, as motos costumam demonstrar desempenho pouco superior, atingindo velocidades ligeiramente maiores.

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Scooters brilham aos olhos de quem procura praticidade. E com tantos compartimentos, tomadas, espaços e equipamentos isso não surpreende ninguém

Para resumir a um iniciante, podemos dizer que as motos são mais versáteis e os scooter têm maior praticidade. É por isso que não costumamos ver um scooter fazendo provas de motocross, assim como não é comum ver um executivo de terno numa Honda CG. A moto se dá melhor em estradas esburacadas (ou não pavimentadas), ao passo que o scooter pode ter mais agilidade para andar entre os carros.

Exceções – dá pra viajar de scooter?

Lá no começo deste texto com diferenças entre moto e scooter nós falamos sobre generalizações. Dizer que os scooter costumam ser encarados como veículos urbanos (justamente pela praticidade, tão bem-vinda no vai e vem diário nas cidades) enquanto as motos estão aptas a encarar qualquer missão, inclusive longas viagens, é mais uma delas, uma meia verdade.

Dois amigos viajaram 55 mil quilômetros com um scooter (um Honda SH 300i) e um sidecar. A história virou livro, o Our Ridiculous World Trip

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E as exceções às regras provam isto. O Suzuki Burgmam 650 é um scooter com ótimo desempenho em viagens, oferecendo um nível de conforto encontrado em poucas motos. Da mesma forma, o Yamaha TMax é sinônimo de diversão e esportividade, com características que cativaram até o multicampeão Valentino Rossi – flagrado com o modelo inúmeras vezes circulando por autódromos.

Poucas motos oferecem o mesmo nível de conforto do Suzuki Burgman 650. Então ‘dá para viajar de scooter?’. Com o scooter certo dá sim, e com folga

Já o Honda X-ADV tem a mesma vocação aventureira que muitas bigtrail, sem medo de encarar estradas não pavimentadas graças às suas características e tecnologia. Então dá pra viajar de scooter? Mas é claro que dá, especialmente se o modelo for voltado à esta proposta.

Bem aceitos pelo mercado, aos poucos os scooter começam a oferecer mais propostas além da ‘mera’ mobilidade urbana. Enquanto alguns garantem esportividade, o Honda ADV adiciona uma pequena dose de aventura ao cotidiano das cidades

Qual o melhor: moto ou scooter?

Sabíamos que você faria esta pergunta. E, como não há receita pronta, a resposta é um desistimulante depende. Do uso, das preferências do piloto, das necessidades, do piso, do orçamento disponível para compra. Mas calma, não lhe deixaremos à deriva com suas dúvidas. Role a tela para cima, reveja a tabela, releia o texto e pense o que melhor se encaixa a você.

Por isso não é possível ser taxativo e dizer qual a melhor, se moto ou scooter. Irá depender da sua necessidade e preferências, já que ambos possuem experiências de pilotagem completamente diferentes. Rode com os dois, veja qual mais lhe agrade, pese os prós e contras e seja feliz.

Guilherme Augusto
@guilhermeaugusto.rp>> Jornalista e formado em Relações Públicas pela Universidade Feevale. Amante de motos em todas suas formas e sons. Estabanado por natureza