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Quando a Honda “matou” a Hornet (CB 600F) no final de 2014 junto com a CBR 600F, moto que havia sido lançada apenas 3 anos antes, muitos consumidores ficaram sem entender muito bem o que aconteceu em seguida. Naquele mesmo final de ano, a Honda apresentou as novas CB 650F e CBR 650F e esforçou-se para dizer que a nova moto naked de 650 cc não era a nova Hornet.

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Apesar disso, os consumidores não entenderam o recado da Honda. E, claro, criticaram a nova moto e a Honda. Afinal, aquela velha e cobiçada (inclusive pela ladrões) moto de 600 cc entregava 102 cv e oferecia um desempenho elétrico, nervoso e explosivo. A nova moto, apesar dos 50 cc a mais de capacidade cúbica, dava “apenas” 87 cv e o comportamento ficava longe do explosivo desempenho da antiga Hornet. Tecnicamente tudo ficava mais claro porque a Honda afirmou que a CB 650F não era a nova Hornet.

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Menos nervosa e mais disponível

Agora, menos de dois anos depois, chega a mesma dupla – naked e esportiva – da família de 650 cc da Honda, a CB 650F e a CBR 650F, ambas com pouquíssimas mudanças em relação àquelas apresentadas no final de 2014. Ambas ganharam um novo sistema de catalisador e algumas pequenas mudanças técnicas para atender ao Promot 4 fase 2 quanto a emissões evaporativas. Além claro, de novos grafismos e cores. Mas a receita é exatamente a mesma, com o mesmo motor DOHC de 4 cilindros equipando as duas versões.

É o que tem acontecido ultimamente, seguindo a onda da otimização e da eficiência energética quanto a consumo de combustível e emissão de gases poluentes. Motores mais modernos e eficientes equipando motos cujo comportamento atende a uma ampla faixa de consumidores desejosos de uma moto, rápida, ágil, confiável e que entregue um desempenho satisfatório para múltiplos usos na cidade ou na estrada. Como disse Alexandre Cury na apresentação da CB 650F 2017, “o consumidor dessa moto quer se diferenciar na multidão”. Aquele desempenho “horneteano” não existe mais porque são poucos os consumidores que podem (e gostam) de controlar aqueles explosivos e muitas vezes descontrolados 102 cv da Hornet.

Agora a rotação sobe de forma mais comportada e a potência chega de maneira controlada. Mas não se engane, os 87 cv são atingidos a 11.000 rpm e estão ali, todos disponíveis, atendendo muito bem a demanda, mesmo de pilotos mais experientes e que gostam de acelerar. Só que nesta moto é possível aproveitá-los todos com mais facilidade. O torque esta na casa dos 6,4 kgf.m, atingidos a 8.000 rpm, números que empolgam e asseguram divertimento na pilotagem. O sistema de frenagem continua com a resposta contundente e eficiente. Na frente a CB 650F está equipada com discos duplos de 320 mm de diâmetro e na traseira um disco simples de 240 mm, ambas equipadas com ABS e assinadas pela japonesa Nissin.

Honda 45 anos

Honda 45 anos: passeio com colegas jornalistas para celebrar

Honda 45 anos: passeio com colegas jornalistas para celebrar

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Aproveitamos um passeio promovido pela Honda por conta da múltipla celebração dos seus 45 anos de atividade comercial no Brasil, 40 anos da fabricação de motos no Brasil e 35 anos do Consórcio Nacional Honda, para iniciar um rápido teste da nova CB 650F. Na verdade, não há muito a ser avaliado em relação à moto que testamos em janeiro de 2015, mas foi possível, por exemplo, reconfirmar que este tipo de moto não é a mais adequada para ir para a estrada com garupa.

Para garupa, limite é um passeio rápido

Para garupa, limite é um passeio rápido

Apesar do sofrimento da garupa mesmo num rápido passeio de menos de 200 km, o destaque da moto está no equilíbrio do conjunto, com o chassi em aço e as suspensões – garfo telescópico na dianteira com regulagem e mono-amortecida na traseira também com regulagem na pré-carga da mola – o que determina um comportamento irrepreensível e condizente com a proposta da moto. Na frente o ajuste é simples e não exige um especialista para regular, enquanto que na traseira o ajuste é importante para se ajustar o sag da suspensão para o peso do piloto, passageiro e carga.

Esse equilíbrio é refletido numa certa previsibilidade das respostas aos comandos do guidão da moto. Com um desenho bem esportivo, esta naked se mostra bem fácil e obediente na condução diária, mas não tem aquela rapidez nas respostas que as esportivas puras oferecem. Isso implica em um pouco mais de determinação do piloto para que a moto contorne a curva ou mude de direção de acordo com a solicitação. A explicação para isso é a geometria da moto, que tem as medidas de rake com um ângulo de 25,5° e distância entre eixos de 1.425 mm, o que daria características até bem esportivas para a moto, mas o trail de 101 mm é que deve deixar as respostas mais lentas e previsíveis, o que no computo final deixa seu comportamento geral mais relaxado e que passa mais confiança ao piloto.

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Perfil "street fighter" prevalece

Perfil “street fighter” prevalece

Mais bonita e econômica

Num passeio tranquilo, a CB 650F chegou a fazer 25,15 km/l

Num passeio tranquilo, a CB 650F chegou a fazer 25,15 km/l

O design da moto está ainda mais bonito, com as cores do Team HRC (Honda Racing Corporation) internacional e os quatro tubos do escapamento se destacando junto ao compacto motor com curvas muito bem desenhadas, reforçando o estilo naked e o caráter “street fighter” do modelo. A balança arqueada chama a atenção e serve para abrir espaço para o escapamento que está centralizado. De fato, a moto é muito bonita e deixa qualquer piloto mais atraente ao pilotá-la.

Rodamos 747 km com a moto em condições urbanas e de estrada em ritmos diferentes de pilotagem, inclusive um trecho completo em ritmo forte. A CB 650F é sensível ao uso do acelerador, mostrando que pode ser muito econômica se a tocada for mais comportada. A melhor marca foi de 25,15 km/litro e a pior ficou em 19,40 km/litro. A média ficou em 21,19 km/litro, uma marca muito boa para uma moto dessa classe e ainda melhor que a medição do teste anterior, que havia sido de 19,2 km/litro. Com um tanque de 17,3 litros a autonomia pode beirar os 360 km.

Vendas Naked Médias 2016 (Jan-Jul, Fenabrave)

Modelo Quantidade Preço
Honda CB 650F 1.072  R$        34.103,00
Yamaha MT07 998  R$        30.303,00
Honda CB 500F 843  R$        27.512,00
Yamaha XJ6 569  R$        33.450,00
Kawasaki ER6n 304  R$        28.960,00
Triumph Street Triple 675 187  R$        35.700,00
Suzuki Gladius 650 118  R$        26.645,00

Esta versão 2017 da CB 650F confirma a proposta da nova família média da Honda de se aproximar de uma gama maior de motociclistas, pilotos casuais que buscam diversão, querem ser vistos com uma moto bonita e não desejam correr riscos enquanto curtem sua moto, virtudes encontradas na nova moto: características esportivas, sem ser radical, bonita e agradável de se ver e ser visto com ela.

Ficha Técnica Honda CB 650F

Motor

Tipo DOHC, 4 cilindros, 4 tempos, arrefecimento a líquido
Cilindrada 649 cc
Diâmetro x curso 67,0 mm X 46,0 mm
Relação de compressão 11.4:1
Potência máxima 87 cv a 11.000 rpm
Lubrificação Forçada por bomba trocoidal
Torque máximo 6,4 kgf.m a 8.000 rpm
Alimentação Injeção eletrônica PGM-FI

Transmissão

Transmissão 6 velocidades
Embreagem Multidisco em banho de óleo
Transmissão final Por corrente selada
Chassi Dupla barra periférica perfiladas em tubos de aço, setor traseiro soldado e motor fazendo parte da estrutura
Suspensão dianteira Garfo Telescópico / curso de 120 mm (108 mm na roda)
Suspensão traseira Mono-Shock / curso de 43,5 mm (128 mm na roda)
Freio dianteiro Duplo disco c/ 320 mm de diametro e ABS
Freio traseiro Disco simples c/ 240 mm de diâmetro e ABS
Pneu dianteiro 120/70 ZR 17M/C (58W)
Pneu traseiro 180/55 ZR 17M/C (73W)

Dimensões e peso

Comprimento 2.110 mm
Largura 775 mm
Altura 1.120 mm (1.145 mm na CBR 650F)
Peso seco 195 kg (197 kg na CBR 650F)
Altura do assento 810 mm
Distância entre eixos 1.450 mm
Vão livre do solo 150 mm (130 mm na CBR 650F)
Capacidade do tanque 17,3 litros (4,0 litros na reserva)
Capacidade do cárter 3,2 litros (2,6 litros para troca)

Sistema elétrico

Bateria 12 V – 8,6 Ah
Ignição Eletrônica
Farol (alto/baixo) 60/55W

Desempenho

Consumo médio no teste 21,15 km/litro
Velocidade máxima (dado de fábrica) Acima de 200 km/h


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Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.