Indian Chief Vintage

O nome é do chefe, de há mais de vinte anos, bem mais. Na realidade do início do século passado. Relembrando as motocicletas de faixa branca nos pneus, eram só nas mais luxuosas. Moda até nos carros, esses pneus davam destaque às rodas em uma imagem de limpeza e distinção. Na Indian Chief Vintage essa também é a imagem. Além das faixas brancas nos pneus, a utilização de couro cru no banco e alforjes valoriza o “look” e como não poderia faltar numa moto com esse nome, as franjas iguais às das roupas e apliques em couro dos nativos norte americanos. Isso tudo acompanhado de uma pintura excepcional e muito cromo para brilhar ao sol.

Imponente essa clássica - esse perfil está impregnado no inconsciente coletivo dos americanos como a "imagem da motocicleta". Tal é a sua importância

Imponente essa clássica – esse perfil está impregnado no inconsciente coletivo dos americanos como a “imagem da motocicleta”. Tal é a sua importância

Depois do test ride com os três primeiros modelos colocados à venda pela Indian na pista de testes do Haras Tuiuti, o Motonline realiza testes individuais em cada um deles. Agora foi a vez da Vintage e o que ficou na primeira impressão se confirmou no uso diário nas cidades e principalmente no seu ambiente preferido, nas estradas. E mais: conforto para grandes viagens com garupa e espaço para levar o que precisa para passar uns dias viajando.

Motor

Confirmamos também como é amigável esse motor. Muito torque com um rodar muito macio, sem vibrações e uma baixa rotação que você pode usar de verdade, sem que a moto fique pulando em cada pulso do motor. Ele vira muito suave, com uma grande massa em rotação internamente ao motor. Na resposta ao acelerador o empurrão não é o seu forte, efeito colateral da grande massa em rotação no motor. Mas em ultrapassagens você pode baixar uma ou duas das seis marchas que a resposta vem com a força necessária, mesmo com a moto carregada.

Motor - Visual clássico com performance do século XXI

Motor – Visual clássico com performance do século XXI

A potência desse motor a fábrica não declara, mas estima-se que esteja ao redor de 75 cv em 4.500 rpm e o torque máximo, esse sim, declarado em 14,16 kgf.m (138,9 Nm) a 2.600 rpm. Quer dizer: você sai na marcha lenta, próximo de 750 rpm e vai até 2.600 e daí até 4.500, acima disso é onde atua o corte do motor. Pronto, está percorrida toda faixa útil desse extraordinário motor. São 1.900 rpm entre o pico de torque e o pico de potência, onde se obtém máxima aceleração. Mas desde a ínfima marcha lenta, de belo e compassado som, até o ponto de máximo torque há uma boa faixa para utilização, se não necessitar de toda aceleração. Mas ainda tem seis marchas para ampliar a faixa de velocidades que se pode trafegar. Em qualquer ponto dessa ampla faixa de uso o motor está preparado para responder prontamente ao acelerador. Não se espera esportividade numa moto desse tipo e sim a tranquilidade e facilidade de uso, essa é a maior qualidade desse motor. Ah, e como ele se parece com o tradicional de 1947, uma verdadeira obra de arte.

Transmissão

Seis marchas e embreagem no mesmo bloco, compartilhando o óleo do motor, como quase a totalidade das motocicletas quatro tempos, diferente da sua maior concorrente. Assim, a Indian conseguiu compactar esse enorme motor (1.811cc) em termos volumétricos porque em termos de tamanho, ele é pequeno e a transmissão, bem dimensionada para o torque fenomenal, exige componentes de peso, literalmente. Assim mesmo, os engates são surpreendentemente leves, se comparados com outras motos da mesma classe.

Toda evolução possível na concepção do V2 arrefecido a ar está aplicada nesse projeto. O resultado é um motor extremamente suave e dócil

Toda evolução possível na concepção do V2 arrefecido a ar e óleo está aplicada nesse projeto. O resultado é um motor extremamente suave e dócil

A embreagem tem uma boa progressividade e não pesa demais no manete, mesmo com acionamento mecânico (cabo). Novamente, resultado do projeto de concepção contemporânea do conjunto motriz. A transmissão final por correia se manteve silenciosa e completamente ignorada durante todo o teste. Nada a fazer, simplesmente andar e curtir a grande presença que a Indian Chief Vintage oferece.

Dirigibilidade

A moto é pesada e você percebe ao sentar nela e liberar o descanso lateral. Os pés devem estar bem apoiados e não podem escorregar, você não vai querer tombar essa belezura. Mas ao iniciar o movimento, o guidão se torna leve e você começa a se surpreender com a manobrabilidade dela. Ela é grande sim, mas você não a sente tão pesada como seria esperado. De fácil manobra, a direção vai onde você a aponta, sem balanços ou qualquer sensação de instabilidade. O chassi, de alumínio composto de várias peças conectadas resulta em uma motocicleta muito ágil para o seu tamanho e peso. Tanto que nas curvas é preciso manter atenção aos avisos de excesso de inclinação. As plataformas ao dobrar quando entram em contato com o solo, avisam que aí está bom, melhor não exceder a essa inclinação pois outras coisas podem começar a raspar e ficar perigoso. Assim é a confiança que esse chassi transmite. E as curvas são feitas com muita precisão e uma leveza impressionante.

Suspensão

Para uso solo ou com pouca bagagem, essa suspensão está bem calibrada. Mas ao agregar carga ela deve ser ajustada na pré carga para a roda traseira. O amortecimento é bom, mas para o piso brasileiro ainda pode ser melhorado. Na frente, há pequenos reflexos de pouco amortecimento para o piso brasileiro e ela poderia ser um pouco mais progressiva. Para quem desejar, as concessionárias da marca fazem este ajuste. Entretanto, muito conforto essa suspensão oferece quando o piso favorece e mesmo em condições mais intensas, a qualidade do chassi se impõe às restrições da suspensão e então não há descontrole ou movimentos parasitas que desestimulem o piloto a continuar.

Freios

Com ABS simples, mas efetivo, os freios são a disco duplo na dianteira e simples na traseira, sendo os três discos do mesmo tamanho (300 mm). São pinças de dois pistões na traseira e de quatro na dianteira, características bem dimensionadas para essa moto, com boa resposta e bastante sensibilidade, com o ABS não muito invasivo. Você pode atuar normalmente com os freios sem que perceba a presença do ABS. Na sensibilidade dos comandos também não interfere.

Autonomia e consumo

A autonomia está dentro do esperado para uma moto dessa categoria, assim como o consumo que pouco variou durante o teste. De um mínimo de 14,5 km/litro até o máximo de 16,6 km/litro, esse não é um item que o consumidor que compra uma moto deste porte deva preocupar-se, já que em diversas condições de uso, varia bem pouco.

Consumo Indian Chief Vintage

  Hodômetro km Litros km/litro
Tanque 1 2.490 250 15,3 16,34
Tanque 2 2.747 257 17,1 15,03
Tanque 3 3.024 277 16,7 16,59
Tanque 4 3.207 184 12,6 14,60
Total/Média   967 61,7 15,67

Instrumentos

O velocímetro é montado sobre o tanque e tem uma pequena tela de cristal com hodômetro total, dois hodômetros parciais, tacômetro digital, temperatura ambiente, autonomia do combustível, voltagem da bateria, mostrador da marcha em uso, relógio, código de defeito do identificador de problemas no veículo, nível do aquecedor de manoplas (se instalado) e baixa pressão de óleo do motor. A alternância das funções se dá por meio de botão no punho esquerdo, muito fácil de acionar.

Nove LEDs distribuídos pelo painel indicam: piloto automático habilitado, piloto automático em ação, neutro, farol alto, setas, ABS, condição do motor, designação da unidade de medida (km/h ou mph). Há ainda um medidor do nível de combustível montado sobre o painel do tanque com LED, que indica baixo nível de combustível.

Ficha técnica Indian Chief Vintage

Motor

Tipo Thunder Stroke™ 111 – Dois cilindros em V, com arrefecimento a ar e óleo
Cilindrada 1.811 cm³
Diâmetro e curso 101 mm x 113 mm
Relação de compressão 9,5:1
Potência máxima (estimada) 75 cv em 4500 rpm
Torque máximo 14,16 Kgf.m em 2.600 rpm
Alimentação Injeção eletrônica de circuito fechado, corpo de Ø54 mm

Transmissão

Primária Por engrenagens
Embreagem Múltiplos discos em banho de óleo
Câmbio Seis marchas constantemente engrenadas
Relação da primeira marcha 9,403:1
Relação da segunda marcha 6,411:1
Relação da terceira marcha 4,763:1
Relação da quarta marcha 3,796:1
Relação da quinta marcha 3,243:1
Relação da sexta marcha 2,789:1
Relação final Por correia dentada
Relação da transmissão final 2,2:1

Chassi

Tipo Construído em alumínio fundido com múltiplas peças interligadas
Suspensão dianteira Garfo telescópico do tipo encapsulado, curso 120 mm com tubos de 46 mm de diâmetro e molas de carga dupla
Suspensão traseira Amortecedor único com ajuste da pré-carga da mola, curso de 114 mm
Freio dianteiro Duplo disco flutuante Ø300 mm com pinças de quatro pistões e ABS
Freio Traseiro Disco simples flutuante Ø300 mm com pinça de dois pistões
Pneu dianteiro Metzeler 130/90 x 16
Pneu Traseiro Metzeler 180/65 x 16
Rodas Rodas com 60 raios 16″X3,5″ na dianteira e 16″X5″ na traseira
Escapamento Duplo com interligação

Dimensões e peso

Comprimento 2.634 mm
Largura 1.026 mm
Altura 1.490 mm
Peso – seco / tanque cheio 369 kg / 374 kg
Peso com carga máxima admissível 573 kg
Altura do assento 660 mm
Inclinação máxima 31º
Distância entre eixos 1.730 mm
Rake 29º
Trail 155 mm
Capacidade do tanque 20,8 litros

Sistema elétrico

Bateria / Sistema de carga 12 Volts, 18 Ah / 42A máximo
Instrumentação Velocímetro e hodômetro com display no tanque; conta giros digital; indicador de temperatura ambiente; indicador de combustível; indicador de consumo médio; voltímetro; indicador de marcha; relógio; indicador de erros; indicador de temperatura da manopla (quando instalado); indicador de baixa pressão de óleo; luzes indicadoras no painel: “cruise control” ativado, “cruise control” acionado, farol alto, setas, ABS, aviso de verificar motor e unidade mph ou km/h; indicador de combustível digital, nível de reserva de combustível
Equipamentos ABS; chassis em alumínio com caixa de ar integrada; cruise control; partida sem chave; luzes dianteiras suplementares; assentos em couro premium; para-brisas removíveis e com fixação rápida; alforjes vintage em couro com fixação rápida; logotipo “Vintage” no para-lamas dianteiro

Disponibilidade

Preço (FIPE – maio, 2016) R$ 90.490,00
Cores Willow Green/Iviry Cream e Thunder Black

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Bitenca
Pioneiro no Motocross e no off-road com motos no Brasil, fundou em 1985 o TCP (Trail Clube Paulista). Desbravou trilhas em torno da capital paulista enquanto testava motos para revistas especializadas.