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Indian Scout, nome forte

Os povos nativos da América do Norte fizeram parte integrante do exército americano. Colonizadores ingleses recrutavam seus aliados indígenas desde os primeiros conflitos com outros índios, na guerra dos Pequot, de 1634 a 1638. Eles também lutaram pelos dois lados da guerra civil dos EUA e ainda fizeram parte importante na codificação e decodificação de mensagens secretas durante a segunda guerra mundial.

Os índios scouts foram ativos no oeste americano também no fim do século IX e início do sec XX, quando perseguiram Pancho Villa na guerra contra o México em 1916 com o General John J. Pershing. Para muitos índios americanos essa foi uma importante forma de interação com a cultura e sociedade dos brancos, da sua forma de pensar e da forma para eles estranha de se fazerem as coisas.

 

De todas as motos da Indian, a Scout é a menor, mais leve e mais ágil. Fabricada pela Polaris, empresa que começou fazendo motos para neve (“Snowmobiles”) e que migrou para quadriciclos e mais recentemente para motocicletas. Eles adquiriram a marca símbolo, a mais tradicional marca norte-americana e reeditaram seus projetos de motocicletas que antes utilizavam a marca Victory. Essas continuam, mas as Indian retornam, trazendo de volta a tradição e a força do nome dos modelos que foram líderes de mercado no início do século passado.

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Indian Scout, a reedição de um mito

Indian Scout, a reedição de um mito

Tecnologia

A Indian Scout pretende fazer o mesmo sucesso que o modelo e a marca fizeram no passado (veja a Scout no vídeo sobre sua história). Uma moto feita para ser fácil de conduzir, leve, potente e com uma esportividade que inspirava os motociclistas da época a grandes aventuras. Mas agora ela volta com todo potencial tecnológico que a indústria de motocicletas pode dispor: chassi de alumínio fundido, motor com arrefecimento a líquido, duplo comando de válvulas no cabeçote (DOHC), quatro válvulas por cilindro, transmissão final por correia e detalhes muito bem cuidados de acabamento. O visual também remete àquela do passado, com linhas simples, mas que marcaram uma época.

Conforto e estética

O banco é de couro natural e serve para o piloto apenas, mas pode-se adicionar como acessório um assento para passageiro, com pedaleiras para seu apoio. O posicionamento do piloto é bem natural para uma custom, pedaleiras adiantadas e guidão largo, com pouco recuo, deixam o motociclista em posição confortável, sem gerar interferências incômodas do vento e vibrações. O bom apoio nas costas oferecido pelo assento, propiciam bom encaixe do corpo e isso favorece quando se aproveita a grande aceleração que a moto dispõe.

A pintura da unidade que testamos é preto fosco, mas a Scout também existe no vermelho tradicional da Indian. Detalhes do chassi em alumínio ficam aparentes e definem linhas junto com filetes bem desenhados no motor V2 DOHC. A ausência do assento do garupa deixa bem visível o bonito para-lama traseiro com a discreta lanterna embutida nele, arrematando o desenho clássico e fiel ao estilo clássico.

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Motor

Se há um atributo da Indian Scout que se pode destacar, é o motor. Há muito outros, mas este chama mais a atenção de quem usa esta moto. Depois de desenvolver o V2 de 111 polegadas cúbicas dos modelos Chief, a Indian projetou este motor que incorpora técnicas e materiais atuais, que resultam em grande torque em baixas rotações, potência, baixo peso do conjunto e esportividade para o motociclista. Motor, embreagem e câmbio, como na maioria das motocicletas atuais, usam o mesmo lubrificante especificado para motocicletas. A transmissão final por correia permite baixa manutenção, um rodar mais silencioso e livre de sujeira da graxa das tradicionais correntes de transmissão final.

Motor - esquerda

Motor - esquerda

De concepção atual, injeção eletrônica e arrefecimento a líquido

Motor

Motor

Polia traciona pelo lado esquerdo

Motor - direita

Motor - direita

Vista do lado direito do motor - Embreagem

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Embreagem

Embreagem

No mesmo banho de óleo que o motor - Sistema de contrapesos para eliminar vibrações

Cabeçote

Cabeçote

Com duplo comando de válvulas e quatro válvulas por cilindro

Câmbio

Câmbio

De seis marchas o câmbio está na mesma caixa e compartilha o mesmo óleo do motor

Chassi

O chassi, outro importante componente de tecnologia, é composto de partes de alumínio fundido e usinados em CNC para um acoplamento perfeito e sem flexões. A interação com a suspensão se mostra bem integrada, mas alguns pontos na suspensão ainda precisam ser trabalhados para o mercado brasileiro, como está descrito mais adiante nesta reportagem.

Chassi composto de várias partes em alumínio forjado, usa o motor como peça estrutural

Chassi composto de várias partes em alumínio fundido, usa o motor como peça estrutural

Ciclística e suspensão

De ciclística neutra, pode-se creditar essa característica ao chassi, muito bem estruturado e que não reflete nenhuma flexão. No caso da suspensão, ela tem pouca progressividade e no fim do seu curso negativo (o curso para cima da posição em que ela assenta com o seu peso mais piloto) apresenta um impacto sensível na frente. Na traseira há pouca progressividade também e é facilmente observado fim de curso, principalmente se não estiver bem adequado o ajuste de pré-carga das molas traseiras. Uma calibração para nossas condições de piso ainda está na ordem do dia para a Indian no Brasil. Apesar desses pontos negativos, a suspensão não reflete em nada no chassi. Esse se mostra bem isolado dos problemas sentidos na suspensão, que em percursos de bom piso eles não transparecem.

Freios

Freios sensíveis com ABS e com os grandes pneus a sensação é de boa estabilidade e controle nas frenagens. E se a suspensão não ficar muito afetada com as irregularidades do piso, os freios podem ser exigidos ao máximo sem problemas, uma vez que são potentes e de boa sensibilidade, sempre suportados pelo excelente chassi.

Com um tanque de apenas 12,5 litros, não espere muita autonomia. O máximo que conseguimos rodar com um tanque foi 221 km, andando no nosso percurso com mais suavidade, perfazendo o melhor consumo no teste, 20,79 km/litro.

Consumo Indian Scout

Km Litros km/litro
Tanque 1 172,4 8,57 20,12
Tanque 2 147,1 7,68 19,15
Tanque 3 221,3 10,65 20,78
Tanque 4 144,7 7,87 18,39
Total/Média 685,5 34,77 19,72

Ao preço de R$49.990,00 (FIPE, maio/2016), ela se resume em uma moto de estilo clássico, mas que não abre mão de tudo aquilo que de mais importante se conquistou em termos de tecnologia nesses últimos 100 anos. Um super motor, com mais potencial de desempenho que outras da mesma classe, um chassi feito com a mesma tecnologia das motos “Supersport” e um um design clássico que impressiona pelo excelente nível de acabamento e qualidade dos materiais. Seja bem-vinda Indian Scout!

Ficha técnica Indian Scout

Motor
Tipo Dois cilindros em V a 60°, DOHC (Duplo comando de válvulas no cabeçote), 4 válvulas por cilindro com arrefecimento a líquido
Cilindrada 1.133 cm³
Diâmetro e curso 99 mm x 73 mm
Relação de compressão 10,7 : 1
Potência máxima (estimada) 86 cv em 7900 rpm
Torque máximo (estimado) 8,78 Kgf.m em 5.900 rpm
Alimentação Injeção eletrônica de circuito fechado, corpo de Ø60 mm
Transmissão
Primária Por engrenagens
Embreagem Múltiplos discos em banho de óleo
Câmbio Seis marchas constantemente engrenadas
Relação da primeira marcha 10,782:1
Relação da segunda marcha 7,328:1
Relação da terceira marcha 5,841:1
Relação da quarta marcha 4,957:1
Relação da quinta marcha 4,380:1
Relação da sexta marcha 4,034:1
Relação final Por correia dentada
Relação da transmissão final 2,357:1
Chassi
Tipo Dupla trave periférica, com motor fazendo parte da estrutura construído em alumínio fundido
Suspensão dianteira Garfo telescópico, curso 120 mm
Suspensão traseira Balança com dois amortecedores, curso 76 mm
Freio dianteiro Disco simples Ø298 mm com pinça de dois pistões
Freio Traseiro Disco simples Ø298 mm com pinça de um pistão
Pneu dianteiro 130/90-16 72H
Pneu Traseiro 150/80-16 71H
Rodas 16″ X 3.5″ & 16″X 3.5″
Escapamento Duplo com interligação
Dimensões e peso
Comprimento 2.311 mm
Largura 880 mm
Altura 1.207 mm
Peso líquido (tanque vazio / cheio) 247kg / 257kg
Peso com carga máxima admissível 448 kg
Altura do assento 643 mm
Inclinação máxima 33°
Distância entre eixos 1.562 mm
Rake 29°
Trail 119,9 mm
Capacidade do tanque 12,5 litros
Sistema elétrico
Luzes Farol alto/baixo, lanterna traseira, luz de freio, sinalizadores, velocímetro e luzes indicadoras
Instrumentação Tacômetro digital, hodômetro total, hodômetro parcial, temperatura do motor, luz de nível baixo do combustível

Ao preço (Fipe Maio/2016) de R$49.990,00 ela se resume em uma moto de estilo clássico, mas que não abre mão de tudo aquilo que de mais importante se conquistou em termos de tecnologia nesses últimos 100 anos. Um super motor, com mais potencial de desempenho que outras da mesma classe, um chassi feito com a mesma tecnologia das motos “Supersport” e um um design que impressiona. Bem-vinda Indian Scout!Separador_2

Bitenca
Pioneiro no Motocross e no off-road com motos no Brasil, fundou em 1985 o TCP (Trail Clube Paulista). Desbravou trilhas em torno da capital paulista enquanto testava motos para revistas especializadas.