“Honda biz, com tudo ela combina. Só não combina com posto de gasolina.” Quem acompanhou o lançamento da primeira Honda Biz, que substituiu a C100 Dream em 1998, lembra bem a proposta do produto: economia de combustível, como o próprio slogan principal da campanha de lançamento sugeria. Nesta nova Honda Biz este slogan está ligeiramente comprometido pela pequena capacidade do tanque de combustível (5,5 litros) e pela absoluta imprecisão do marcador de combustível. Para não correr riscos de ficar sem combustível, a cada 120 km, aproximadamente, é necessário parar no posto de gasolina para abastecer.
Esta nova Honda Biz 125 é herdeira de uma grande família tradicional japonesa. Em 1958 a Honda lançou no Japão a C100. Uma moto completamente diferente de tudo que havia até então. Tinha um chassi de chapa estampada como raras Puchs feitas na Suécia nos anos 50 e esse processo se mostrou muito conveniente em custo e resistência. Com o tempo o modelo foi incrementado com aumento de cilindrada para 70 cc e 90 cc. Consagrou-se como o veículo de maior produção no mundo.
A primeira versão brasileira dessa Cub foi a C100 Dream, produzida e vendida por aqui entre 1992 e 1998. Aí veio a Biz, modernizada, com um aspecto menos antiquado e aprimorada tecnicamente. Ela recebeu o chassi tubular, viabilizado por processos mais modernos de produção, a roda traseira foi redimensionada para aguentar trafegar por nossas ruas e a suspensão dianteira foi modificada, passando a ser telescópica. O escudo deu cobertura à frente, antes exposta como numa moto normal, mas ela manteve o favorecimento ao uso pelo público feminino por poder se passar a perna através do corpo da moto. Era uma tentativa de aproximá-la dos scooters.
Em 2005 a Honda decidiu dar mais força ao modelo e lançou a Biz 125 para logo em seguida matar a irmã menor C100 Biz. Agora a Biz 125 virou Honda Biz 125 Flex e com ela a Honda mantém a atualização de seu segundo produto mais vendido com a injeção eletrônica e o sistema Mix, que comporta etanol e gasolina em qualquer proporção. Mas não é só isso. Uma nova posição do motociclista com um novo banco, as novas linhas do escudo agora todo pintado na cor da moto e o novo conjunto óptico traseiro renovam o visual e dão a ela um aspecto mais moderno e limpo.
Na cidade
No uso urbano ela está no seu ambiente ideal. As rodas grandes aliadas à suspensão recalibrada percorre com eficácia as buraqueiras das cidades. Seu corpo esguio e relativamente curto conseque executar manobras rápidas com leveza e precisão com bem mais segurança que o modelo anterior. O porta bagagem é de extrema utilidade, mas um capacete grande ainda não cabe, como na maioria dos scooters.
Os freios trabalham bem, mesmo o da ES a tambor que apenas vai demandar um pouco mais de manutenção e o câmbio apesar de ter seu uso facilitado pela embreagem automática tem os engates invertidos. A grande versatilidade do combustível é que faz a diferença. Mesmo no frio a moto pega fácil até com álcool puro e apenas aguardando um ou dois minutos para o motor esquentar já se pode andar normalmente.
Na estrada
Essa moto, como os pequenos scooters, não é feita para uso rodoviário. Porém resolvemos avaliar porque há inúmeros usuários dela trafegando por esse ambiente. Então é bom esclarecer seus pontos vulneráveis. Por ser pequeno, o motor é fraco e não desenvolve velocidade sufuciente para fluir no tráfego das estradas e rodovias. Mesmo em avenidas expressas o motociclista deve ter muita atenção e ficar ligado nos espelhos para abrir passagem aos veículos mais rápidos. Em trechos onde o fluxo se desloca mais lentamente em até 80 Km/h a Biz acompanha bem. E nas horas em que os radares marcam presença você sabe que pode relaxar porque não vai tomar multa por excesso de velocidade.
Freios e suspensão atuam de acordo com o verificado na cidade. Requer alguma atenção apenas a transposição de obstáculos em maior velocidade devido ao baixo peso da moto, o que não oferece muita segurança e estabilidade.
Avaliação técnica
Muito melhor que a Biz anterior, que era boa, mas tinha a frente um pouco imprecisa porque no limite flexionava o garfo. Manobras rápidas e contornos precisos das curvas são possíveis graças à boa integração entre chassi e suspensão. E os pneus não deixam faltar aderência e previsibilidade, mesmo quando abusados.
O chassi é composto por monotubo em “U”, com uma configuração que se situa entre uma estrutura de scooter e a de uma motocicleta street, como se fosse um backbone que suporta o motor por peças trianguladas. Dessa estrutura também prossegue os tubos da parte traseira.
Construção esmerada composta por soldas bem feitas, peças estampadas de reforço estrutural com bom acabamento e localização estratégica formando boas triangulações.
O motor, depois que recebeu a injeção eletrônica melhorou muito, mais ainda quando recebeu a nova configuração flex. Com comando no cabeçote e diâmetro e curso de 52,4 por 57,9 mm tem uma faixa muito ampla de torque, de forma que o câmbio de 4 marchas acaba por servir bem ao motor.
A grande caixa de ar na frente do motor é um pouco vulnerável. Recebe bastante poeira e respingos de água de chuva que acabam por contaminar a caixa e sujar precocemente o elemento.
A Biz tem embreagem automática que facilita muito o uso, principalmente na cidade, em trânsito pesado. Mas a alavanca de câmbio tem seu acionamento invertido. Isso obriga ao motociclista a reaprender ou se acostumar ao seu uso se vem de uma moto de câmbio convencional ou se sai de uma Biz e vai para uma normal, ao se desfazer do modelo. Ele pode executar manobra perigosa, reduzindo quando o seu desejo seria subir de marcha. Em termos de tecnologia esse câmbio já está superado pelas várias transmissões tipo CVT dos scooters e mesmo Cubs concorrentes.
Bons freios, adequados ao peso e velocidade obtida pela moto. O tambor vai depender de um pouco mais de manutenção para mantê-lo limpo e lubrificado do que o disco quando aplicado na dianteira.
Bem melhor do que no modelo anterior, tem mais progressividade e mesmo com pouco curso dá conta de promover um bom conforto e estabilidade. O banco ajuda bastante nesse quesito.
Característica típica da marca, não se encontra detalhe de acabamento descuidado. Encaixes perfeitos e material de primeira qualidade empregado nas peças plásticas, pintura e elétrica.
A Biz 125 Flex traz dois extremos em termos de tecnologia. Por um lado a injeção eletrônica que trabalha perfeitamente no controle de emissões e proporciona a utilização de qualquer proporção de álcool no combustível. Por outro lado o câmbio antigo e ultrapassado. No geral tem-se ainda um resultado bastante bom. Mas um grande contingente de usuários que gostam de scooter poderiam enxergar na Biz uma boa opção caso adotasse um câmbio CVT. Por fim, o farol poderia melhorar bastante se usasse lâmpada H4.
Obs.: Para facilitar a discussão sobre esse assunto, criamos um tópico no fórum para os motonliners. Clique aqui para acessar o tópico.