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Na maioria dos países onde as carências de transporte coletivo de qualidade são evidentes, o veículo urbano de duas rodas que ganhou espaço foi o scooter e o cub. Talvez pelas distâncias, pela qualidade do piso ou mesmo pelo desejo das empresas que vieram para cá, no Brasil foi diferente.

Igualmente carente de transporte urbano coletivo de qualidade, aqui o que proliferou rapidamente foi a motocicleta padrão básico – street de 125 cc. Sinônimo de durabilidade, resistência e economia, esta classe de motocicleta prima pela simplicidade. E por essa equação  simplicidade = durabilidade, resistência e economia, as street 125 foram adotadas por 9 entre 10 motociclistas (profissionais ou não) que utilizam a moto como meio de transporte, para o trabalho ou faculdade.

É verdade que ao longo dos anos, surgiram variações, com um “tantinho” mais de cilindrada e potência, um pouquinho mais de sofisticação e algum melhoramento. Mas a essência permanece a mesma: durabilidade, resistência e economia. Por estas mesma razões, estas motos também são escolhidas para uso geral, inclusive lazer. Há quem defenda que os scooters, com transmissão automática e múltiplos espaços para carregar objetos e ainda pela maior proteção contra água e sujeira do piso é mais adequado para uso urbano. Mas no nosso País, as rodas maiores das motos street oferecem mais segurança e estabilidade para rodar em função das péssimas condições das ruas e avenidas.

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Yamaha YBR 125 ED Factor: falta um pouco de modernidade, mas ela está bem encaixada no segmento

Yamaha YBR 125 ED Factor: falta um pouco de modernidade, mas ela está bem encaixada no segmento

A Yamaha começou cedo no Brasil, primeiro com as importadas e depois com a nacional RX 125 (de 1975 a 1985) seguida da RD 125 e perdeu muito espaço para a concorrente Honda CG 125, já que o mercado brasileiro preferiu os motores 4 tempos. Assim, pode-se considerar que esta concorrência teve início de fato em 2000, com a chegada da Yamaha YBR 125. O significado da chegada da YBR ultrapassa os limites da Yamaha e invade o mercado brasileiro.

Claro que para a fábrica este significado é muito maior. Ela propiciou à marca ampliar sua rede de concessionárias para as atuais 550 lojas em todo o Brasil e trouxe novos investimentos para a fábrica em Manaus (AM), com a significativa ampliação da capacidade de produção. Mas para os consumidores, a Yamaha YBR 125 representou a real opção à Honda CG 125, até aquele momento praticamente hegemônica no segmento.

Nível de venda da Yamaha é estável enquanto a Honda cresceu; indicação de produto bem aceito ou de limitação de capacidade de produção?

Nível de venda da Yamaha é estável enquanto a Honda cresceu; indicação de produto bem aceito ou de limitação de capacidade de produção?

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A moto lançada em 2000 veio sem qualquer mudança significativa até 2009, quando teve a atenção da engenharia da Yamaha e ganhou um nome adicional, Factor, adequando-se às normas de emissões de poluentes que entraram em vigor naquele ano (PROMOT 3). Para 2012 a pequena Yamaha recebeu pneus de melhor qualidade e um modelo Black Edition, preta com vários detalhes em preto fosco e nas rodas um friso vermelho.

YBR 125 E tem partida elétrica e freio a tambor

YBR 125 E – tem partida elétrica e freio a tambor

Motonline iniciou o teste com uma YBR E (partida elétrica, freios a tambor e rodas raiadas) e depois continuou com uma YBR ED, com partida elétrica, freio a disco na dianteira e rodas de liga leve. Os mais de 2.000 km rodados com as YBR em situações normais de uso – cidade, estrada – permite concluir que a moto está adequada ao segmento e oferece até algum desempenho adicional para uma 125, com total desenvoltura para o uso urbano e grande economia de combustível. Há muitas coisas nela que podem ser aprimoradas, mas se espera que não venha em detrimento de desempenho e aumento de preço.

Na cidade

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Os 10 cv de potência da YBR deixam uma primeira impressão de insuficiência, mas ela logo trata de acabar com a dúvida. A YBR 125 é potente para andar bem na cidade e até para encarar situações mais incômodas, como subidas mais íngremes e com garupa, por exemplo. Quando se vê outras motos semelhantes que declaram ter mais cavalos no motor, dá até pra desconfiar, pois a YBR anda junto com qualquer outra de sua classe e até mais que algumas, dependendo da situação.

Confortável, ela mostra disposição para retribuir o tempo que o piloto passa com ela em conforto. Com os comandos básicos sempre à mão, a posição de pilotagem é natural e o banco com dois níveis segue a tendência. Como não poderia ser de outra forma, ela é muito leve e fácil de manobrar em qualquer situação. Passa em qualquer espaço, cabe em qualquer lugar e para onde o piloto olhar ela vai sem a menor cerimônia. Os freios mostraram-se bons tanto à disco quanto a tambor na dianteira. Claro que o disco oferece mais firmeza na hora da frenagem, mas o tambor ainda é adequado para a proposta.

O novo pneu adotado na versão 2012 faz diferença, oferece melhor equilíbrio nas curvas e mais controle nas frenagens. De uma maneira geral, esses novos pneus se adaptaram melhor à ciclística da moto e o resultado é mais estabilidade em todas as condições adversas, como na chuva e em terreno acidentados, sem refletir em mudanças de trajetória ou balanços incômodos ao receber impactos.

Na estrada

Nas estradas a velocidade limitada se faz sentir, mas não é diferente de qualquer outra 125. Essa categoria de motor não consegue manter velocidades compatíveis com auto-estradas. Inclusive, em grandes avenidas a velocidade é suficiente, mas deve-se ter muito cuidado com os veículos que andam em velocidades maiores. Um olho para frente e outro nos espelhos, essa é a regra.

Mesmo não sendo uma “estradeira”, para pequenos trajetos ela consegue ser razoável. Mas as limitações são sensíveis e até perigosas, pois a 90 km/h, o limite está bem próximo e, em caso de necessidade, vai faltar motor. Então, o melhor mesmo é não se aventurar em logos percursos por estradas ou rodovias. Mesmo porque na condição de esforço constante por longos períodos e muito próximo do seu limite, o motor da moto terá sua vida útil encurtada.

Técnica

Geometria YBR 125 Factor - desenho clássico para um bom resultado

Geometria YBR 125 Factor – desenho clássico para um bom resultado

Geometria

A YBR 125 Factor segue a receita da moto padrão para uma street. Chassi em tubos de aço com estrutura tipo diamante, distância entre eixos não muito curta para a categoria (1290mm) que faz jus a uma boa ciclística em função do peso bem distribuído e do conjunto estrutural que segue um desenho consagrado. O trail longo de 92 mm acalma a direção que assim contorna curvas com boa previsibilidade. Os amortecedores inclinados favorecem a progressividade no curso da suspensão traseira. Todas essas características definem a YBR 125 Factor como uma moto ágil pela sua leveza e ao mesmo tempo estável nas ruas acidentadas das cidades brasileiras. 

O motor é potente e econômico

O motor é potente e econômico

Motor

Monocilindro inclinado a 25º de quatro tempos com comando de válvulas no cabeçote (OHC), diâmetro e curso de mesma medida (54mm) define-o como um motor “quadrado”. Ele é alimentado por carburador a vácuo de 25mm de venturi e as curvas de torque e potência tem alguma inclinação, favorecendo o uso em alta rotação. Mas o pico da potência (10,2 cv) é atingido já em 7800 rpm e o torque (1,13 Kgf.m) em 6000 rpm. Assim a faixa útil se mostra bastante estreita, de 6000 a 7800 rpm, e com grande inclinação, pede alta rotação. Característica de um motor de alta performance, mas que vai demandar um bom trabalho do câmbio, com muitas trocas de marcha e um escalonamento perfeito.

Câmbio

De cinco velocidades, faz bem o seu trabalho. Recebendo pouca faixa útil de rotações do motor não poderia ser diferente para que a moto tenha uma boa aceleração. As trocas são precisas e rápidas, mas um pouco duras ou bem definidas, por assim dizer. Nada que penalize, mas o piloto não se esquece dele e tem que prestar atenção nas trocas para não errar. A embreagem multidisco em banho de óleo se mostra a toda prova. Pode-se abusar dela, usando-a nas retomadas onde uma marcha para baixo deixaria o motor girando muito alto, sem que apresente qualquer sintoma de super-aquecimento ou alteração da regulagem.

Freios (ED)

O modelo ED vem com freio a disco simples (245mm) de pistão único na dianteira e a tambor (130mm) na traseira. Esse sistema ficou bem equilibrado e bastante bom para o peso e porte da moto. Sua ação na dianteira é rápida e com boa sensibilidade. Na traseira, é um pouco propenso a travar mas ainda assim tem boa progressividade e potência. Precisa de constante atenção do motociclista para mantê-lo bem regulado e limpo.

Freios (K e E)

Freios e rodas: em liga leve nas ED e raiadas e a tambor nas K e E

Freios e rodas: em liga leve nas ED e raiadas e a tambor nas K e E

Os modelos K – partida a pedal e E – partida elétrica vem com freios a tambor nas duas rodas. Esse tipo de freio, se estiverem bem regulados e limpos tem boa potência, mas tanto o pedal que aciona o traseiro por varão, quanto o manete que aciona por cabo o dianteiro, criam folga rapidamente. Essa folga tem que ser regulada sempre para que o freio mantenha a força e sensibilidade. Feito isso, os freios mostram-se bons, apesar de terem menor sensibilidade e pegada nas frenagens do que outra com disco, mas pode-se considerar que esse sistema, se bem mantido, atende as necessidades de freios da moto.

Suspensão:

Na dianteira é do tipo garfo telescópico com  amortecimento hidráulico e 120 mm de curso e na traseira é com um sistema de dois amortecedores com cinco regulagens na pré-carga da mola e balança tubular de 82 mm  em aço. Padrão que atende o segmento, e nesse caso resolve bem com bom amortecimento e ação de molas.

Acabamento

Painel-de-desenho-ultrapassado-com-um-grande-relógio-para-o-marcador-de-combustível

Painel-de-desenho-ultrapassado-com-um-grande-relógio-para-o-marcador-de-combustível

O acabamento é bom, segundo o padrão da marca. Bons componentes elétricos montados com fiação de boa qualidade. As peças se encaixam perfeitamente e a pintura e tratamento de superfície metálica tem bom aspecto.

Equipamentos

O painel de instrumentos já está um pouco antiquado, com os dois grandes relógios  e luzes espia abaixo. Tem hodômetro parcial e total. Como as novas marcas que estão incluindo em seus pacotes itens como painel digital, marcador de marchas, indicador de troca de óleo entre outras funcionalidades, é apenas uma questão de tempo para que Yamaha adote alguns melhoramentos nessa área também.

Em termos de tecnologia, a Yamaha fica no padrão para essa categoria. Ignição eletrônica e carburador a vácuo com injeção de ar no escapamento para equiparar as emissões às normas exigidas. A injeção eletrônica é inevitável, mas a a nova lei de emissões vem só em 2014. Então, a questão fica mais complexa. O mercado europeu exige tecnologia para atender o Euro4, mas no Brasil ainda não. A escala de produção daqui já é até superior nessa categoria de motos do que a de lá.

Fica o pensamento de que as marcas decidem investir em tecnologia apenas nos mercados que faz essa exigência por força de lei. Pois todo ferramental e fornecedores que já estão desenvolvidos não precisam de novos investimentos. Uma situação confortável, mas para quem se importa em crescer na participação do mercado é aconselhável antecipar e aproveitar o investimento da matriz mundial também para os mercados não tão exigentes como o nosso. Essa tecnologia, deve vir logo nesta linha da marca. Afinal, foram eles que trouxeram primeiro a injeção eletrônica nas 250 cilindradas.

Ficha técnica

Ficha técnica YBR 125 Factor

Ficha técnica YBR 125 Factor

Consumo

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