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O departamento (ministério) dos transportes americano fez uma reunião com montadoras, advogados de segurança, laboratórios e centros de estudos de segurança de trânsito, para discutir um enorme problema de momento: o uso cada vez mais comum de pessoas que enviam mensagens de texto (daí o nome texting) enquanto dirigem.

Clarence Ditlow, diretor do Center for Auto Safety, centro para segurança automotiva, que advoga pela segurança no trânsito, é uma das pessoas que há já algum tempo combate o uso do celular ao volante, mas agora está dando mais atenção ainda ao texting. Diz ele, “As montadoras podem fazer muito, cortar toda a telemática integrada quando o carro é colocado em Drive. Se você quer seriamente combater a distração ao volante, é o que vai ter de fazer.”

O anúncio da reunião, chamada de summit (cume, ápice, auge), foi feito logo após o estouro de um escândalo em que o grupo de Ditlow processou o departamento por ter escondido os resultados de um estudo da administração nacional de segurança de trânsito rodoviário sobre a cada vez mais comum (e funesta) tendência de pessoas que falam ao celular e ainda por cima enviam mensagens de texto enquanto dirigem.

O secretário (ministro) Ray LaHood convidou autoridades de trânsito, advogados de segurança, chefes de policia, professores universitários, fabricantes de veículos e fornecedores, para juntos discutirem idéias de como combater a distração ao volante, em especial a aparentemente mais problemática de todas, escrever e enviar mensagens de texto enquanto dirigem. Diz LaHood, “Se dependesse de mim, proibiria texting ao dirigir, mas infelizmente as leis nem sempre são suficientes.” Texting ao dirigir é ilegal em 14 estados e no distrito de Columbia (Washington, capital).

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Um ano atrás, um trem que funcionava como metrô de superfície passou um sinal vermelho e bateu num trem de carga, matando 25 pessoas e ferindo 135 outras. O maquinista estava enviando uma mensagem de texto. Em Peoria, no estado de Illinois, quase a este mesmo tempo uma garota de 17 anos de idade morreu ao sair da estrada enquanto enviava uma mensagem.

Mesmo o sistema Sync da Ford, que parece evitar problemas em todos os seus itens de entretenimento devido aos comandos de voz, também não resolve o perigo do texting. O Sync foi testado no laboratório VIRTEXX, VIRtual Test Track Experiment, e rendeu toneladas de informações a respeito das distrações dos motoristas, entre elas as diferenças entre os hábitos de jovens e de pessoas de terceira idade – diferenças essas que a Ford repassou ao governo e aos laboratórios de segurança. Os mais jovens, por exemplo, tendem a teclar com muito mais rapidez, mas o fazem olhando por mais tempo o celular – e os jovens já são o grupo de maior risco. O comando de voz torna o celular muito menos inseguro – desde que o sistema, no automóvel, seja projetado de maneira a não tirar os olhos do motorista da estrada.

Mesmo assim, a tendência de todos os responsáveis por esses estudos é de proibir o envio de mensagens a partir do momento em que a transmissão automática (quase a totalidade dos automóveis e dos veículos comerciais leves nos Estados Unidos) for colocada em Drive – ou provavelmente haverá uma verdadeira epidemia de acidentes de grande monta e freqüência.


José Luiz Vieira, Diretor, engenheiro automotivo e jornalista. Foi editor do caderno de veículos do jornal O Estado de S. Paulo; dirigiu durante oito anos a revista Motor3, atuou como consultor de empresas como a Translor e Scania. É editor do site: www.techtalk.com.br e www.classiccars.com.br; diretor de redação da revista Carga & Transporte.

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