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Othon “Voador” Russo é como sou conhecido na motovelocidade brasileira. Sou piloto veterano, corro nas pistas brasileiras desde 1976 e já participei de varias categorias nos campeonatos Carioca, Paulista e Brasileiro nesses 37 anos de motociclismo. Já fui campeão carioca, paulista e brasileiro, corri com as lendárias Yamahas TZ 350 e RD 350 LC, mas ainda tenho muita vontade de correr de motocicleta, está no sangue.

Na parte chuvosa do 500 Milhas: corrida sem sustos e um 12º lugar

Na parte chuvosa do 500 Milhas: corrida sem sustos e um 12º lugar

Resolvi participar da 500 Milhas em Interlagos no dia 13 de janeiro de 2013 com uma Hornet 600. Resolvi  tudo em cima da hora e só pintou uma grana no final da prorrogação. Decidi ir naquele clima de aventura, no espirito de guerreiro dos anos 70, nossa época de ouro. Naqueles tempos a nossa vontade era mais forte que as dificuldades e invoquei aquele espírito.

Na disputa de uma curva na pista de Jacarepagua (RJ), numa etapa da Copa RD 350

Na disputa de uma curva na pista de Jacarepagua (RJ), numa etapa da Copa RD 350

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Sai do Rio de Janeiro à um hora da manhã de sábado (12/1) e cheguei às 7 da manhã em São Paulo. Minha van deu problemas no alternador na metade da viagem, mas cheguei em Interlagos. Fiz a inscrição meio apressado e perdi os treinos cronometrados. Assim, tive que largar em último lugar no grid. Meu parceiro foi o Manuel Romão, que é do Rio, mas mora em São Paulo há mais de 20 anos e junto com o meu patrocínio do GE Park garantiu as despesas da corrida. Além dele, no final da tarde de sábado chamamos o piloto e preparador paulista, Herbert Zangrossi, o Herbão.

Experiência conta muito em provas de endurance

Experiência conta muito em provas de endurance

Herbão foi meu parceiro da 500 Milhas de 2009 e 2010 e nesse ano não ia participar da prova. Ela tava por alí, se preparando para ir embora no final da tarde quando o chamamos para correr conosco. O Manuel Romão correu de moto no Rio de Janeiro há 20 anos e só tinha dado 20 voltas em Interlagos fazia muito tempo.

Além da formação do trio de pilotos, tudo foi organizado no sábado os amigos de São Paulo formaram a equipe de box e arrumaram o galão de abastecimento, ferramentas e tudo o mais. Fizemos uma revisão rápida na moto – troca de óleo e ajustes gerais – e fomos para a largada.

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Largada em prova dos anos 70 em Jacarepagua

Largada em prova dos anos 70 em Jacarepagua

Mesmo em último, consegui largar bem e deixei varias motos para trás. Após algumas voltas começou a chover muito, tipo dilúvio e várias motos caíram e outras pararam para troca de pneus. Consegui me manter na pista na raça, não enxergava nada, até que o box sinalizou a parada para a troca de pneus. Com os pneus de chuva mantive um bom ritmo e ganhei até algumas posições. Parei para troca de pneus com 17 voltas, abastecemos a moto e voltei para a pista. Acabei dando quase 50 voltas até trocarmos de piloto.

No pódio ao final da odisseia em Interlagos

No pódio ao final da odisseia em Interlagos

Meus parceiros Manuel Romão e Herbert Zangrossi – o “Herbão” – fizeram uma ótima prova, sem erros e mantendo um bom ritmo. Assim conseguimos terminar a corrida sem nenhuma queda e para a nossa estrutura, tudo correu muito bem. Inclusive fomos bem rápidos nas três paradas para a troca das rodas e na troca de pilotos e abastecimento. Os amigos de São Paulo foram muito competentes, apesar de tudo ter sido no improviso e de última hora.

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Prova disputada na década de 70

Prova disputada na década de 70

No final da prova e com a confusa cronometragem, conquistamos a 12ª posição na classificação geral, 3º na categoria “Força Livre” e 5º na Super Sport 600cc. Para nós foi uma vitória pois terminar uma prova dessas com um esquema montado da noite para o dia contra equipes bem estruturadas e com motos de 1000 cc chegando atrás de nós não poderia ter sido melhor. Só o prazer de largar na tradicional 500 Milhas de Interlagos onde até pilotos estrangeiros participaram não tem preço. Foi mesmo uma aventura e tanto, uma emoção indescritível.

Só para finalizar a aventura, na volta para o Rio de Janeiro, a van deu pane no alternador na Serra das Araras às 3:30 da madrugada. A van, eu e o meu amigo – a lenda viva William “Cabelinho” James – , só fomos rebocados de manhã. Resolvemos o problema comprando uma bateria nova que funcionou bem e pudemos chegar até o Rio de Janeiro. Valeu a pena!