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Mercado brasileiro está em franco amadurecimento

Mercado brasileiro está em franco amadurecimento

O ano de 2010 marca a retomada do crescimento da indústria de motocicletas. A alta nas vendas (emplacamentos) em 2010 foi de 12,1%, com 1.803.864 unidades frente a 1.609.180 em 2009, segundo dados divulgados pela Fenabrave, Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos. Porém, o volume ainda é inferior ao recorde do setor que é de 1.925.558 emplacamentos em 2008. A queda em 2009 interrompeu um ciclo de crescimento vigoroso do setor de motocicletas que vinha desde o início do século. Na primeira década do século 21 o volume de vendas quase triplicou, saindo em 2001 de 692 mil unidades para chegar a 1,8 milhão em 2010.

Ranking de emplacamentos 2010: boa disputa pelo 3º e pelo 5º lugares

Ranking de emplacamentos 2010: boa disputa pelo 3º e pelo 5º lugares

Aproveitando a onda de crescimento, muitas marcas surgiram, mas apenas algumas mostraram alguma força para aparecerem no cenário. Disputa mesmo só a partir da 3ª posição do ranking, onde Dafra e Suzuki se tocam na disputa pela posição. Outra disputa é pela 5º lugar e envolve a Kasinski e a Sundown, apesar desta última dar claros sinais de que tem problemas e vai abandonar o mercado – leia-se consumidores e concessionárias – à própria sorte, já que suas vendas diminuem e ninguém fala pela empresa.

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Controvérsia com as “cinquentinhas”

A análise dos números de venda de motocicletas expõe uma antiga, mas ainda importante e não resolvida controvérsia. De acordo com os números de venda da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), a Traxx é a 5ª colocada no ranking, com pouco mais de 30 mil unidades vendidas, enquanto que no ranking de emplacamentos da Fenabrave ela figura em 7º, com 10.357 unidades.

Esta enorme diferença entre os números da venda da Abraciclo (fabricante para o distribuidor) e os números de emplacamentos da Traxx mostra que cerca de 70% das motocicletas Traxx são vendidas, mas não licenciadas. Como se vê, esta diferença afeta o ranking de marcas e também influi diretamente nas estatísticas que mostram os acidentes com motocicletas, pois envolve motos de até 50cc de cilindrada. Além disso, há municípios que permitem a circulação destas motocicletas sem que o condutor tenha a necessária licença (CNH – Carteira Nacional de Habilitação) e o mínimo preparo.

O velocimetro da Star JL50 marca a velocidade máxima de 50 km/h

Coincidência ou não, no final de 2010 o Jornal do Commércio de Recife (PE) divulgou a notícia de que no estado de Pernambuco passará a ser obrigatório o emplacamento de “cinquentinhas”. Veja no site da Abraciclo a notícia completa:  http://www.abraciclo.com.br.

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Motonline questionou a Abraciclo sobre esta situação, já que a Traxx é associada da instituição. O diretor executivo da Abraciclo, Moacyr Alberto Paes, explicou que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece em seu artigo 129 que o registro e o licenciamento dos veículos de propulsão humana, dos ciclomotores e dos veículos de tração animal obedecerão à regulamentação estabelecida em legislação municipal do domicílio ou residência de seus proprietários. “No entanto, o artigo fala de ciclomotores, cuja definição é a seguinte: veículo de duas ou três rodas provido de um motor a combustão interna cuja cilindrada não exceda a 50 centímetros cúbicos (3,05 polegadas cúbicas) e cuja velocidade máxima de fabricação não exceda a 50 quilômetros por hora”, enfatizou Moacyr.

Moacyr: incongruências no Código de Trânsito Brasileiro

Além disso, o diretor da Abraciclo cita também a incongruência do CTB, ao permitir ao município legislar sobre este tema, quando não é o município que emplaca veículos, mas sim o estado. Paes aproveitou e citou também a resolução 50/98 do CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito) que aprova e estabelece os procedimentos necessários para o processo de habilitação, normas relativas à aprendizagem, autorização para conduzir ciclomotores e os exames de habilitação. “Esta resolução determina ainda que o condutor seja penalmente imputável e, em seu parágrafo 1º., diz que para a circulação de ciclomotores no território Nacional é obrigatório o porte da autorização ou da Carteira Nacional de Habilitação Categoria “A”.

A Traxx foi procurada para falar sobre o assunto e, através de sua assessoria de imprensa, disse que em todo o Brasil há controvérsias quanto ao órgão responsável pelo devido licenciamento desses veículos (motocicletas de até 50cc de cilindrada), se Detrans estaduais ou órgãos municipais de fiscalização do trânsito. Segundo a Traxx, ainda existem muitos municípios que não tem órgãos destinados ao trânsito e a empresa justifica a situação também pelos valores cobrados para o licenciamento, que apresentam diferenças marcantes entre o que cobram os Detrans (em média R$ 379,00 – R$ 100,00 registro + R$ 279,00 DPVAT) e os órgãos municipais, que cobram em média R$ 100,00 como taxa única para licenciamento e seguro.

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A empresa informou ainda que todas as suas revendas autorizadas estão cientes de que devem informar ao consumidor as obrigações sobre o uso de itens de segurança, de emplacamento e Carteira Nacional de Habilitação e sobre os riscos de não estarem de acordo com o que o Código Brasileiro de Trânsito exige. Por fim, apesar de toda a advertência aos consumidores, a Traxx informa que todo esse esforço pode se tornar em vão, já que a responsabilidade pelo emplacamento do veículo é do consumidor que adquire o produto para dirigir.

 

Obs.: Para facilitar a discussão sobre esse assunto, criamos um tópico no fórum para os motonliners. Clique aqui para acessar o tópico.

Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.