Publicidade

O ciclista que vai a minha frente olha frequentemente para trás para ver como estão vindo os carros. Mal sabe ele que está colocando sua segurança em risco. A segurança de qualquer ciclista está em olhar para frente e se preocupar com buracos, irregularidades, imprevistos de toda ordem. É raro sofrer uma colisão por trás, é o que indicam todas as estatísticas mundiais.

Ciclistas escondidos pelo ônibus; quem vem atrás não vê nada

Ciclistas escondidos pelo ônibus; quem vem atrás não vê nada

Os números oficiais de São Paulo são fogem da regra, largamente comprovada. É bem raro o ciclista sofrer uma colisão fatal por trás. Mas é fácil explicar mais esta nossa peculiaridade. A maioria dos acidentes paulistanos envolvendo ciclistas acontece em vias normalmente muito saturadas, cheias de veículos grandes, como vans, ônibus e caminhões, na periferia, geralmente onde asfalto, principalmente junto ao meio fio, é de péssima qualidade, o que obriga o ciclista a desviar subitamente. Como sempre, tudo errado. Não é recomendável pedalar nestas condições, principalmente em contato com veículos grandes, mas para boa parte dos trabalhadores de periferia não há alternativa de rota. Mesmo em condições extremas de pedal ficar olhando para trás é perigosíssimo.

Há um pequeno detalhe importante no que está acontecendo em São Paulo, e porque não dizer em todo Brasil: o tipo e tamanho da bicicleta usado pelo ciclista de baixa renda. A quase totalidade das bicicletas básicas vendidas no Brasil é tamanho 19, longa para o tipo físico médio do homem brasileiro. E a maioria mountain bike. Estas duas características faz com que a maioria dos ciclistas pedale com uma posição de corpo abaixada. Quanto mais baixo o dorso, mais difícil para os motoristas verem o ciclista. Quanto mais baixa a cabeça, mais difícil girar o pescoço e demorado olhar para trás. Ou seja, e de novo; tudo errado.

Publicidade

Bicicleta de transporte, das que se pedala em posição mais ereta, torna o ciclista mais visível no meio do trânsito e melhora muito a visão. Mas o mais importante é que estas bicicletas fazem o ciclista ir mais devagar, o que aumenta muito o tempo de reação. Bom, enfim, olhar para frente é o caminho seguro.

Ciclista completamente invisível à noite

Ciclista completamente invisível à noite

Este foi o “ver”. Agora vamos para o “ser visto”, que é o que realmente faz um ciclista seguro. Motoristas “atropelam” ciclistas porque não foram capazes de ver ou quando viram não tiveram tempo de reação. A situação fica crítica à noite, com névoa ou chuva. Ser visto, este o ponto vital para o ciclista no trânsito. Por isto é tão importante ter todos os refletores, na frente, traseira, pedais e rodas; mas refletores de qualidade, com suporte que os mantenha na posição correta e não quebre com facilidade. Não recomendo os nacionais. E de preferência farol e lanterna.

Infelizmente boa parte dos ciclistas tem usado farol e lanterna piscando numa posição que bate direto no olho dos motoristas, motociclistas e ciclistas, o que é um perigo. Por que? Ofusca, tira a noção de distância, dificulta ter referência correta da situação. Além disto há o chamado “efeito vagalume”. Está avolumando o número de artigos técnicos que afirmam que uma luz que pisca faz o motorista ir para cima da luz. As pesquisas sobre o assunto começaram por conta do número de acidentes envolvendo veículos que usam luzes piscantes, como ambulâncias e carros de polícia. Há uma campanha na TV sobre dirigir em nevoeiro onde a principal recomendação é não usar o pisca alerta. Aliás, pisca alerta só deve ser usado em condições muito específicas, de preferência com o veículo parado. Enfim, há a cada dia mais indícios do perigo que é usar qualquer pisca-pisca em movimento, em especial quando esta sega o outro.

Publicidade