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Placa alusiva à inauguração da Via Dutra

Placa alusiva à inauguração da Via Dutra

No próximo sábado (19/01), a Rodovia Presidente Dutra, ou simplesmente Via Dutra, completa 62 anos de existência. Desde sua inauguração, a rodovia, por onde hoje é transportado cerca de 50% do PIB (produto interno bruto) brasileiro, passou por transformações que acompanharam o crescimento populacional e econômico do País, e por sua vez, foi fundamental para o desenvolvimento dos municípios por ela servidos.

Hoje, cerca de 23 milhões de pessoas em 36 municípios, levando em conta as capitais São Paulo e Rio de Janeiro, habitam o entorno da rodovia. Saiba um pouco da história de empreendedorismo e ousadia, da construção da mais importante rodovia brasileira.

Inauguração reduz tempo de viagem pela metade
No dia 19 de janeiro de 1951, quando foi inaugurada pelo Presidente da República, general Eurico Gaspar Dutra, em solenidade realizada na altura de Lavrinhas (SP), a então BR-2, nova rodovia Rio-São Paulo, ainda não estava completamente pronta, mas já permitia o tráfego de veículos entre a então Capital Federal, Rio de Janeiro, e o pólo industrial de São Paulo. Dos seus 405 quilômetros de então, 339 estavam concluídos, junto com todos os serviços de terraplenagem e 115 obras de arte especiais (trevos, viadutos, pontes e passagens inferiores).

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Via Dutra há 60 anos

Via Dutra há 60 anos

Faltava, porém, a pavimentação de 60 quilômetros entre Guaratinguetá (SP) e Caçapava (SP), e 6 quilômetros em um pequeno trecho situado nas proximidades de Guarulhos (SP). A BR-2 contava com pista simples, ou “pista singela” como tratavam os técnicos de então, operando em mão-dupla, em quase toda sua extensão. Em dois únicos segmentos havia pistas separadas para os dois sentidos de tráfego: nos 46 quilômetros compreendidos entre a Avenida Brasil e a garganta de Viúva Graça (hoje, Seropédica), no Rio de Janeiro, e nos 10 quilômetros localizados entre São Paulo e Guarulhos, no trecho paulista.

A nova rodovia foi construída com as mais modernas técnicas de engenharia da época e com equipamentos especialmente importados para isso, o que permitiu a redução da distância rodoviária entre as duas capitais em 111 quilômetros, conseguida basicamente com a superação obstáculos naturais. Sua concepção avançada permitiu, ainda, a suavização de curvas, aclives e declives. Essa soma de fatores resultou na redução do tempo de viagem, de 12 horas, em 1948, para 6 horas.

Via Dutra de hoje

Via Dutra de hoje

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Alto investimento gerava críticas
Na época, a construção da BR-2 foi criticada por parte da Imprensa e setores da sociedade civil, devido o valor de 1,3 bilhão de Cruzeiros investido nas obras, considerado muito elevado. No entanto, o Governo Federal argumentava que o desenvolvimento do Brasil dependia da abertura de novas vias que aumentasse a rapidez e eficácia no transporte rodoviário. A posição do governo federal foi evidenciada no discurso do general João Valdetaro de Amorim e Mello, então Ministro de Viação e Obras Públicas. “Com um tráfego mínimo de 1.000 veículos diários (…) e tendo em conta a economia resultante do custo de operação dos veículos rodando sobre uma estrada deste modelo (…) em 10 anos, a economia nos transportes efetuados sobre esta rodovia atingirá a casa dos 10 bilhões de cruzeiros”. Tudo isso, lembrava ele, sem contar a economia de divisas com a redução nos gastos com combustíveis, lubrificantes e peças de reposição, todos importados.

Via Dutra de hoje

Via Dutra de hoje

Projeto inovador na concepção e execução
As obras da nova rodovia representavam, também, um grande desafio de engenharia para a época. O retão de Jacareí (SP), por exemplo, foi um trecho que gerou polêmica entre os técnicos, por ser construído sobre terreno instável cuja transposição era considerada quase impossível. No entanto, o trecho foi finalizado com a utilização de 12 milhões de metros cúbicos de terra, o equivalente a 1,6 milhão de caminhões cheios, em um aterro submerso de 15 metros de profundidade. No trecho fluminense, a transposição de um trecho rochoso ao pé da Serra das Araras, chamado de “garganta de Viúva Graça” é outro segmento que representou um grande desafio para os engenheiros empenhados na construção da nova rodovia, que, comandaram complexas escavações permitindo o rebaixamento em 14 metros do paredão de granito.

Grande obra, grandes números
Os números que envolveram a construção impressionam ainda hoje. Em um esforço de engenharia que envolveu 35 empreiteiras, milhares de trabalhadores e movimentação de toneladas dos mais diversos materiais:

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– 2.657.746 m² de pavimentação
– 1,3 milhão de sacos de cimento
– 8 mil toneladas de asfalto
– 20 mil toneladas de alcatrão
– 15.000.000 m³ de movimento de terra
– 300.000 m³ de cortes
– 7.021 m de extensão em 115 pontes, viadutos e passagens
– 19.086 m com 315 bueiros
– 30 milhões de m² de faixa de domínio

Desde março de 1996 a Via Dutra é administrada pela CCR NovaDutra em regime de concessão.