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numa Yamaha XT660

De Corumbá, no Mato Grosso do Sul, até a Bolívia, Equador, Colômbia, Venezuela, Chile e Argentina.

Boiada na estrada, no Pantanal

Sou funcionário público estadual e ao me aposentar, aos 53 anos, achei que era hora de fazer uma grande viagem. Como já conhecia o sul do Chile e Argentina, decidi conhecer o norte da América do Sul. A duração prevista da viagem era de mais de 30 dias e seria difícil arrumar companheiros que pudesse dispor de tanto tempo fora. Foi então que resolvi ir sozinho. Tracei o seguinte roteiro: ir a Corumbá, no Mato Grosso do Sul, seguir para a Bolívia por Puerto Suarez, atravessar toda a Bolívia, Peru , Equador, Colômbia, Venezuela e voltar ao Brasil por Manaus. Devido a muitas chuvas no Equador, Colômbia e Venezuela, a travessia ficou impossível, daí resolvi voltar por Chile e Argentina. DIA 04 DE MARÇO/2008: Saí de Florianópolis-SC às 9,30 horas e fui dormir em Mauá da Serra no Paraná a 250 kms de Maringá

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Dia 05 de março – de Mauá da Serra fui a Maringá e dormi em Nova Alvorada, no Mato Grosso do Sul, a 200 kms de Campo Grande

Dia 06 de março – às 7,30 saí para Campo Grande, onde troquei o óleo da moto (Dismoto) Dei umas voltas pela cidade e segui para Puerto Suarez, na Bolívia, onde cheguei à noite. Puerto Suarez é uma cidade na fronteira com o Brasil, muito pequena, com muita lama, praticamente sem calçamento, muito pobre, muita corrupção, tudo muito barato, porém muito sujo.

Esperando o embarque no trem para Santa Cruz de La Sierra

Vale Grande: Província de Santa Cruz de La Sierra

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La Higuera: neste local foi morto Che Guevara

Águas na estrada a caminho de Cochabamba

Vista de La Paz, fotogrfada da Auto-pista

Montanhas geladas próximo a La Paz

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Ilhas de Uros: ilhas flutuantes no Lago de Titicaca

Cidade Inca: Macchu Picchu

Neva às quatro da tarde em Puchio, nos Andes peruanos.

Catedral de Lima, Peru

Cidade de Chimbote: Maior proto pesqueiro da América do Sul

Uma das belas praias do norte peruano, próximo ao Equadro.

Aduana no Equador

Cidade de Chiclayo, no Peru

Bairro Miraflores, em Lima

Centro de Nazca

Praia em Tacna, sul do Peru

Dia 07 de março – tentei despachar a moto pelo trem para Santa Cruz de La Sierra, mas não aceitaram, então resolvi pegar 650 kms de muito barro, muita lama. Andei 260 kms por uma carretera sem asfalto algum, parte semi pavimentada e parte sem nada. Tive que atravessar vários rios sem pontes, sobre um fundo coberto de pedras redondas. Molhei roupas e botas, o que serviu para tirar um pouco lama. Outro problema foi com o combustível pois, apesar de ser muito barata na Bolívia, neste trecho só se compra em casas de família e não há posto de abastecimento. Paga-se entre cinco e seis bolivianos por litro. Cheguei à noite a uma pequena cidade chamada Robore, fui a estação de trem que fica na entrada da cidade e perguntei se era possível colocar a moto no trem para Santa Cruz e uma moça muito simpática me disse que sim, vá em la policia paga uma autorizacion que custa vinte bolivianos, o que acabou custando 50 bolivianos, mais 140 bolivianos para o transporte, que passou a 210 e mais 50 da minha passagem. No total, com corrupção e tudo, me custou 310 bolivianos que é igual a 77 reais, mas valeu porque evitei ter que andar + 400 kms na lama, e assim cheguei depois de 17 horas, já no dia seguinte ao meio dia, a Santa Cruz de La Sierra, que por sinal é muito legal, uma cidade bonita, com bons hotéis e bons restaurantes.

Dia 08 de março – chegando a Santa Cruz de La Sierra fui para um hotel próximo da estação bimodal onde iria chegar minha moto no outro dia. Andei muito de táxi por toda a cidade, pois o táxi é muito barato, depois fui descansar para seguir em frente no dia seguinte.

Dia 09 de março – fiquei passeando em Santa Cruz até meio dia quando chegou o trem com minha moto. Saí da estação e toquei para Vale Grande onde num pequeno vilarejo chamado La Higuera ia visitar o local onde mataram CHE GUEVARA. Até lá são 250 kms, metade asfalto e metade terra. Deixei para ir a La Higuera no dia seguinte pois quando cheguei a Vale Grande, já escurecendo, caía um temporal. Nesta época do ano chove todos os dias por lá. Peguei um hotel, tomei banho, sai para jantar – sopa de choclo(milho) e depois pollo (frango) com papa (batata) fritas – e já acertei com um taxista para me levar a La Higuera no outro dia pois sabia que a estrada para lá estava intransitável.

Dia 10 de março – às 7 da manhã apareceu no hotel uma wagoneta Toyota 4×4. O motorista se chamava Mário e o preço já estava acertado: 250 bolivianos para fazer 40 kms. Achei muito caro, mas como havia muita lama e muitas montanhas embarquei e tocamos. Andamos uns quatro kms e começaram a aparecer atoleiros que continuaram até o vilarejo de La Higuera. Chegamos de volta ao hotel às 8,30 da noite, cansados de tanto empurrar a wagoneta. Minha sorte foi que o Mario pegava passageiros no caminho – a wagoneta esteve sempre lotada – e daí todos saltavam para empurrar nas subidas e nos atoleiros. Se eu tivesse ido com a XT, não teria chegado lá.

Dia 11 de março – saí de Vale Grande às 10 horas da manhã em direção a Cochabamba e assim que andei uns trinta kms um rio botou água em cima de uma ponte. Tive que esperar 2 horas para as águas baixarem e poder atravessar. Andei 120 kms sem asfalto, mais 120 com asfalto e assim cheguei a Cochabamba, já escuro. Peguei um hotel, tomei banho e fui dar umas voltas pelo centro onde jantei e voltei para o hotel por volta de meia noite, de taxi.

Dia 12 de março – Andei um pouco pelo centro de Cochabamba e às 10 horas da manhã saí para La Paz. Não almocei porque a comida de beira de estrada era muito ruim e andei 400 kms e lá pelas 16,00 horas cheguei a La Paz. Achei um hotel de imediato, tomei banho e fui fotografar na autopista que faz uma meia lua ao redor da cidade. Pelo altura da autopista encontram-se excelentes pontos para se fotografar a metrópole. Depois fui para o centro onde o trânsito é uma loucura: mesmo de moto a dificuldade é grande. Voltei ao hotel, guardei a moto e saí para jantar e depois dormir.

Dia 13 de março – saí de táxi para o centro fazer fotos nas partes antigas e modernas da cidade de La Paz, depois voltei ao hotel, peguei a moto e cai na estrada em direção ao Titicaca em Copacabana (Bolívia). Dormi num vilarejo a 80 kms de Copacabana onde só havia dois hotéis internacionais. Chovia e fazia muito frio já de tardinha: as partes altas da Bolívia são muito frias.

Dia 14 de março – logo cedo fui para Copacabana, fiz fotos na cidade e fui fazer documentação de saída da Bolívia e entrada no Peru. Segui para Puno onde cheguei à tarde, peguei um hotel, arriei as malas e fui visitar as ilhas de Uros, voltando à noitinha.

Dia 15 de março – bem cedo fiz algumas fotos de Puno e depois segui para Juliaca, onde fiz mais algumas fotos. Fui almoçar em Cusco. Assim que cheguei peguei um hotel, deixei a moto e fui andar pela cidade, de táxi – muito barato: você anda 5 kms e para 2 soles que é igual a 1,20 reais – sempre fotografando, aproveitei e comprei passagem para Macchu Picchu. Tudo muito caro: o trem custa 96 dólares, o ônibus até a cidade Inca custa 6 dolares e o ingresso na cidade Inca custa 122 soles, então veio a noite e fui andar novamente pela cidade, conhecer pontos turísticos, jantar e depois dormir.

Dia 16 de março – nesse dia não andei de moto. Sai muito cedo e peguei o trem para Macchu Picchu. Não vou comentar este passeio porque é algo que só estando lá para ver, é muito bonito.

Dia 17 de março – deixei Cusco, andei 500 kms e cheguei a Puchio à noite, uma pequena cidade nos Andes Peruanos a 4.500 metros de altitude e a 360 kms de Lima. Este foi o dia mais complicado porque é uma região muito montanhosa, a carretera muito esburacada, o frio é de congelar. Cheguei a pegar neve e por isso tive que andar a 20 kms por hora, porque ficou muito escorregadio, mas fiz muitas fotos na neve. Neste trecho tive que comprar gasolina em casa de família a preços um pouco mais salgados, sendo que a gasolina no Peru custa 14,70 soles por 4 litros do produto. Para comprar 1 dólar paga-se 2,80 soles.

Dia 18 de março – cheguei a Lima lá pelas 10 horas. Saí da carretera Panamericana, rodovia que liga Santiago no Chile a Quito no Equador, e fui para o centro de Lima. Dei umas voltas de moto pelo centro e arrumei um hotel, fui almoçar e em seguida peguei um táxi e fui conhecer a cidade, que é muito bonita. Já escurecendo voltei ao hotel onde tomei banho e fui novamente para o centro de Lima jantar e, mais tarde, fui dormir. A hospedagem no Peru é muito barata, dorme-se bem com 20 soles e com cochera (garagem) para moto. A capital Lima tem 12 milhões de habitantes e é muito violenta.

Dia 19 de março – andei 450 kms, sai de Lima as 11 horas e cheguei a Chimbote às 18 horas, uma cidade com 150.000 habitantes, e é o maior porto pesqueiro da América do Sul. Neste trecho fui parado três vezes por policiais corruptos que tentaram me extorquir por ver que eu era turista. Pelo menos a propina é baixa, em torno de quarenta soles.

Dia 20 de março – após o café da manhã, o que não é fácil de encontrar por aqui, fui trocar o óleo da moto e depois segui por 600 kms de muitas retas e muito sol quente até Piura, uma cidade com 1 milhão e meio de habitantes no norte do Peru, também é uma cidade muito violenta.

Dia 21 de março – cedo fui trocar o pneu traseiro da moto que estava careca, isto porque todo o trajeto Boliviano e Peruano até Lima é muito montanhoso e as estradas muito ruins. Só encontrei um pneu de tipo Sahara e paguei 170,00 soles, perto de 90,00 reais e segui mais 300 kms até Tumbes, onde pernoitei. Neste trecho encontram-se as praias de águas quentes e as mais bonitas do Peru.

Dia 22 de março – depois de andar apenas 40 kms cheguei à fronteira do Peru com Equador. Fiz a documentação de saída e entrada no outro país e segui em direção a Colômbia até chegar a uma pequena cidade chamada Macará no Equador. Meu destino era a Venezuela, voltando para o Brasil por Manaus, mas então veio a chuva. Chovia no Equador, na Colômbia e na Venezuela e fui informado pelas autoridades equatorianas que não havia como passar com a moto para o Brasil devido às enchentes. Tive que mudar o roteiro da volta e atravessar todo o Peru, de norte a sul, para chegar ao Chile, depois Argentina e finalmente entrar no Brasil.

Dia 23 de março – já de volta ao Peru fui dormir numa cidade chamada Chiclayo, com cerca de 500 mil habitantes.

Dia 24 de março – com vontade de chegar em casa, fiz uma passada rápida por Miraflores, um bairro muito bonito à beira-mar, em Lima, e fui dormir em uma pequena cidade ao sul, chamada Barranca, sob um calor infernal.

Dia 25 de março – ainda sob altas temperaturas fui dormir em Nazca, uma pequena cidade no deserto, bem legal, muito bem cuidada, limpa, a 660 kms.

Dia 26 de março – depois de visitar NAZCA rodei 600 kms até Arequipa, onde pernoitei. É uma cidade com aproximadamente 2 milhões de habitantes, muito visitada por quem vai a Macchu Picchu, pois fica a 40 kms da carretera Chile-Macchu Picchu e por ter toda infra-estrutura de cidade grande, bons hotéis, bons restaurantes.

Dia 27 de março – fiquei em Arequipa para descansar um pouco e conhecer a cidade.

Dia 28 de março – segui rumo a Tacna, andei 450 kms cheguei à cidade que faz fronteira com o Chile.

Dia 29 de março – de Tacna segui por 30 kms e cheguei à fronteira do Peru com Chile. A documentação demorou muito para ser concluída pois os agentes fronteiriços são muito exigentes. Perdi as sementes de milho que trazia – é proibido trazer frutas, carnes e sementes – a bagagem foi toda vistoriada, perdi muito tempo mas enfim segui viagem pelo Chile em direção ao Sul, passando por Arica uma cidade balneária, com belíssimas praias no norte do Chile. Depois de andar 650kms o pneu traseiro furou num lugar deserto com apenas uma casa, próximo de Calama. Consegui carona num caminhão até uma vila a 150 kms dali na direção de Antofagasta, isto às 5 da tarde. Terminei de arrumar o pneu às 11 da noite, e ainda tive que arrumar lugar para dormir. No dia seguinte um outro caminhoneiro me trouxe até o local que a moto estava, coloquei a roda no lugar e toquei até Calama.

Vista da cidade de Arequipa, no Peru

Deserto do Atacama, Chile

Dia 30 de março – saí de Calama e andei cerca de 200 kms. Chegando a San Pedro de Atacama lá fiquei das 9,30 até as 14 horas e depois segui para a Argentina, chegando a Pumamarca já à noite. A passagem pela fronteira Chile-Argentina foi muito rápida e simples, estava com medo porque não tinha feito a famosa carta verde, porque meu destino era a Venezuela e não Chile e Argentina, mas nem sequer me perguntaram por tal carta e por toda Argentina me pararam várias vezes para ver documentos mas não pediram a carta. Neste trecho você tem que encher bem o tanque porque há grandes distâncias sem gasolina. Se possível levar uns 4 litros. Pumamarca é uma cidade a 2.800 metros de altitude, pequena porém bastante interessante, estilo oeste americano, com bons hotéis e bons restaurantes e muito visitada por turistas, mas não há gasolina, o que só se acha a 60 kms, em Jujuy.

Dia 31 de março – fui para Jujuy, troquei o óleo da moto e segui para Salta onde tive que trocar a corrente, coroa e pinhão, o que se tornou um dilema, pois não encontrando as peças originais tive que botar corrente e pinhão que encontrei, e coroa não tinha.À tardinha segui até uma pequena cidade chamada San Pedro onde pernoitei.

Dia 01 de abril – de San Pedro segui em território Argentino por 730 kms até Palo Santo outra pequena cidade, onde pernoitei.

Dia 02 de abril – depois de andar 500 kms, chegando em Mercedes, caiu a corrente da moto na estrada, tive que pagar um transporte por 200 kms até Uruguaiana /RS, onde no dia seguinte fui a uma concessionária Yamaha e coloquei o jogo de corrente original e fui dormir em Itaqui, próximo de São Borja.

Dia 03 de abril – andei de Itaqui /RS e vim Dormir em Lages

Dia 04 de abril – sai de Lages/SC e vim almoçar em casa.

Esta foto foi escolhida a melhor da viagem Pumamarca/Argentina

– Foram 32 dias de viagem e 12.400 kms rodados e 400 kms no trem – Neste roteiro gastei 2 pneus traseiros, 1 dianteiro e um jogo de corrente, tudo isto devido às altas montanhas na Bolívia e no Peru – Os tubo de graxa furaram devido ao grande calor – Gastei 03 filtros de óleo e 700 litros de gasolina – Fiz 06 trocas de óleo

Dicas: – Neste roteiro quase não se usa cartão de crédito ele só é aceito nas grandes cidades. Em minha viagem atravessei toda a Bolívia, todo o Peru e, pelo interior, o cartão não é aceito, use dólares ou moeda local. – Nas fronteiras a corrupção é muito grande, por isso tenha sempre dinheiro trocado para as propinas. – A comida é outra dificuldade, só se encontra alguma coisa parecida com a nossa nas grandes cidades, portanto, alimentação decente só a noite. – Quanto a gasolina, não se esqueça de abastecer ao sair e sempre perguntar onde encontrar gasolina de acordo com a autonomia de sua moto, você fará vários trechos com 250 ou 350 kms sem o produto. Nestes trechos há venda de gasolina em casas de família, mas o preço chega a triplicar. – As estradas da Bolívia e do Peru são verdadeiras armadilhas, cheias de buracos, a falta de asfalto é muito comum, você vai a 130 por hora e numa curva sem nenhum aviso acaba o asfalto. – Se for a Macchu Picchu pela Bolívia e Peru, é bom ficar sabendo que irá atravessar dois países totalmente montanhosos e com estradas precárias, você pode colocar a moto no trem de Puerto Suarez até Santa Cruz de La Sierra, mas os funcionários da estação não gostam de embalar a moto para embarque e por isso falam que não transportam moto. Você terá que exigir ou optar por uma transportadora que lhe cobrará uma taxa e enviará a moto pelo trem. Se quiser boas estradas vá pela Argentina e Chile – Não viaje para estes países com moto ‘meia vida’; saia com pneus novos e vacinados, relação (corrente-coroa e pinhão) novos para não ter de trocar no caminho. Pneu você encontra parecido, mas corrente é complicado. – Para se entrar na Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela são necessários o passaporte e o documento da moto quitado, ou autorização do banco.

Mais informações pelo e-mail [email protected]