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Nono dia: San Pedro de Atacama (CH) a Antofagasta (CH)

Saímos de San Pedro em direção a cidade de Antofagasta, nosso primeiro contato com o oceano Pacífico. A beleza da estrada continuou. O deserto é lindo, a paisagem é fora do comum, nada parecido com o que temos no Brasil. Passamos por uma tempestade de areia causada por algum tipo de obra ao lado da rodovia e piorada pelos fortes ventos do deserto. Deixou as lentes das câmeras impraticáveis e só fomos perceber ao chegar no pacífico.

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Enfrentando uma tempestade de areia

Enfrentando uma tempestade de areia

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Nossa chegada em Antofagasta foi ainda cedo, pudemos parar na orla e fazer as primeiras fotos daquele oceano ainda desconhecido por nós. Ver as pessoas tomando sol completamente vestidas foi estranho. A areia é grossa e escura.

Ainda não arriscamos nos banhar ali, afinal estávamos de botas e precisávamos procurar um hotel. Acabamos ficando no Ibis, com uma boa estrutura e a um quarteirão da praia.

Descarregamos as bagagens, tomamos um bom banho e fomos procurar o pôr do sol no oceano, coisa que não temos no Brasil, já que toda a nossa costa está ao leste, onde o sol nasce.

Esperando o pôr do Sol no Pacífico

Esperando o pôr do Sol tímido no Pacífico

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Percorremos um bom trecho da orla, conhecendo um pouco mais da grande cidade de Antofagasta. Achamos um pedaço de praia bem parecido com as que temos no Brasil, lá as pessoas já se banhavam mais livremente, com trajes de banho, guarda-sóis, etc. Mas ainda assim não arriscamos, o sol já estava se pondo e o frio estava apertando.

Também não foi dessa vez que vimos o sol mergulhar no mar, já que havia um grande paredão de nuvens ao fundo, impedindo nossa visão do pôr do sol.

Voltamos para o hotel em busca de uma ‘cena’ (jantar) e lá voltamos a encontrar o Coronel Motta Lima. Ele nos deu uma dica valiosa que quase deixaríamos passar.

Conhecendo a orla em San Pedro do Atacama

Conhecendo a orla em Antofagasta

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Na entrada da cidade, para quem vem do litoral, há um ponto turístico, chamado La Portada. Uma espécie de pedra furada no meio do mar. No dia seguinte combinamos de ir visitar esse ponto e de lá seguir viagem até Caldera, passando pela tão esperada Mão do Deserto.

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Decimo dia: Antofagasta (CH) a Caldera (CH)

Enquanto tomávamos nosso desayuno, ouvimos comentários sobre o tremor que havia balançado o prédio naquela noite. Eu não percebi o tremor, mas acordamos no exato momento, achando que estávamos passando mal por causa da comida da noite anterior. Só então descobrimos o motivo de todo aquele desconforto. Esse foi o primeiro tremor da viagem. Sim, teve mais.

Uma bela vista da Pedra Furada

Uma bela vista da Pedra Furada

Depois do café, saímos em busca da La Portada. Lá encontramos um outro grupo de motociclistas que vinham no sentido contrário, estavam indo para San Pedro de Atacama.

Fizemos as fotos da Pedra Furada e partimos em direção do ponto alto da viagem, a famosa Mão do Deserto. Havíamos combinado de encontrar com o Coronel lá na Mão, mas demoramos mais do que o previsto e o baiano seguiu viagem solo, voltando a nos encontrar em Caldera.

No meio do deserto, um monumento surge ao fundo, La Mano del Desierto. Ela saúda os viajantes de longe, e convida para ser vista mais de perto. Uma placa de “escultura” avisa aos desavisados sobre sua presença e indica o caminho.

Um pouquinho de off road e logo chegamos. Lá já havia um outro motociclista fazendo suas fotos, um Canadense em sua Triumph Tiger 800 XC. Ele estava percorrendo todo o litoral das Américas, e já estava quase concluindo sua jornada. Ofereci minhas habilidades de fotografo para fazer uma foto dele com a moto e a Mão ao fundo, logo em seguida ele se despediu e continuou a viagem. Nós ficamos por lá, por bastante tempo até concluir todas as fotos que queríamos.

E o Bando encontra la Mano del Desierto

Finalmente o Bando do Macaco e os Hárpias das Gerais encontram la Mano del Desierto …

... e desfraldar com orgulho a bandeira do Moto Grupo Bando do Macaco e do Moto Clube Harpias das Gerais

… e desfraldar com orgulho a bandeira do Moto Grupo Bando do Macaco e do Moto Clube Harpias das Gerais

Depois de quase uma hora, foi nossa vez de despedir de La Mano e continuar a viagem até nosso próximo destino, Caldera. No meio do caminho paramos para remover o forro térmico das roupas de cordura, pois o calor estava demais.

Alguns quilômetros depois chegamos à pequena cidade de Caldera. Boa parte da viagem desse dia foi beirando o litoral, uma visão muito bela do pacífico, contrastando com todo aquele visual de deserto. Caldera é uma cidade pequena, bem simples, de povo simples e bem-educado.

Paramos nossas motos no centro da cidade e fomos em busca de um hotel. Encontramos vários hosteis familiares, mas ficamos em um hotel padrão, que oferecia café da manhã e estacionamento, ao lado do mar. Como de praxe, tomamos um banho e fomos procurar um local para jantar.

Reencontrando um novo amigo.

Reencontrando um novo amigo.

Encontramos uma lanchonete com um bom preço e ficamos por lá mesmo. Enquanto devorávamos uma pizza, o Coronel Motta Lima reaparece e nos mostra suas fotos com a Mão do Deserto. Dessa vez nos despedimos de verdade, pois dali ele seguiria mais ao sul do Chile, enquanto nós ficaríamos em La Serena, nossa última pousada antes da despedida do Pacífico.

Em Caldera não pudemos aproveitar do oceano, nem mesmo ver o pôr do sol. O paredão de nuvens continuava la, firme, impedindo o mergulho do sol. E a praia da cidade não nos convidou ao banho. Voltamos para o hotel e fomos dormir para o dia seguinte.

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Décimo primeiro dia: Caldera (CH) a La Serena (CH)

Chegamos em La Serena ainda cedo. O trajeto foi curto, a paisagem de deserto começou a mudar e a vegetação foi aparecendo mais densa. O verde foi substituindo o bege, e os ventos continuaram.

Passeando pela orla da cidade de La Serena

Passeando pela orla da cidade de La Serena

Buscamos pela orla da cidade e paramos as motos para começar a jornada de busca por hotéis. Havia uma convenção naquele dia e vários hotéis estavam ou cheios ou com os preços nas alturas. Enquanto eu estava pulando de hotel em hotel, os que estavam cuidando das motos foram abordados por um rapaz, oferecendo cabanas para pernoite.

Decidimos ver essa cabana e gostamos. Era diferente de todos os lugares onde pernoitamos até agora. Não havia desayuno, mas era espaçosa e aconchegante, e perto do mar. Ficamos por lá mesmo. Estacionamos as motos, arrumamos as bagagens e corremos para a orla, na esperança de poder enfim entrar de cabeça no Pacífico e ver o tão esperado por do sol no mar.

A cabana em que ficamos

A cabana em que ficamos

A praia é diferente, quase não há areia, mas sim conchas, várias conchas. O mar estava calmo e ninguém se banhando, apenas alguns surfistas, o que me encorajou a entrar, fui o único. Curiosamente o mar é menos salgado que o do Brasil, e a água não é tão fria quanto eu esperava. Foi um bom banho, merecido.

Ainda tínhamos tempo até o pôr do sol, então fomos andar mais um pouco pela orla, buscando um lugar para comer. La Serena é grande, não conseguiríamos rodar por toda a orla, então decidimos voltar para um local mais perto da cabana e esperar pelo por do sol em um restaurante lá perto, na orla mesmo.

Foi a primeira vez que comi carne de carneiro, já que as únicas opções eram o carneiro ou porco. Vamos de carneiro então. Do restaurante tínhamos uma bela vista do mar e do Sol, que descia quase livre das nuvens. O paredão continuava lá, mas dessa vez havia uma pequena brecha, onde talvez conseguíssemos ver pelo menos parte do sol mergulhando.

Finalmente o pô do sol no Pacífico.

Finalmente o por do sol no Pacífico.

Depois do espetáculo, nos despedimos do mar e voltamos para a cabana, com uma latinha de café solúvel e algumas galetitas para o café da manhã no dia seguinte. Tomamos banho e quando nos preparávamos para dormir, sentimos algo estranho, parecia vir do mar, e logo em seguida tudo começou a tremer. Nosso primeiro tremor de verdade, já que o de Antofagasta foi na madrugada e eu achei que estava apenas passando mal.

A garrafa de água que compramos caiu da mesa, os capacetes que estavam amontoados se separaram aos poucos e quase cairam também. Todos ficamos assustados naquele momento. Mas logo passou e a euforia apareceu. Eu adorei ter sentido aquele tremor. Afinal, essa viagem era exatamente para isso, ter experiências que não temos no Brasil.

Milhões de pequenas conchas cobrindo a areia da praia

Milhões de pequenas conchas cobrindo a areia da praia

Um merecido banho nas águas do Pacífico

Um merecido banho nas águas do Pacífico

Susto passado, tiramos as coisas de lugares altos, e voltamos a dormir. Mas la veio aquela sensação estranha vindo do mar outra vez. Dessa vez mais forte e mais demorado. Só que agora estávamos “preparados”. Em vez de susto, eu senti ainda mais euforia. Já estávamos na cama quando o segundo tremor apareceu, e mesmo depois dele ter terminado, a cama continuou a chacoalhar. Mas dormimos. Na madrugada ainda ocorreu um outro tremor, mas dessa vez não acordei. O cansaço havia tomado conta.

Acordamos, preparamos o café, prendemos os baús nas motos e seguimos para nossa ultima cidade no Chile, a capital Santiago.

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Décimo Segundo dia: La Serena (CH) a Santiago (CH)

Chegamos em Santiago por volta das 16h, horário local, em tempo de levar as motos para a avenida Las Condes, onde encontramos as concessionarias para uma manutenção básica. Troca de óleo para a Suzuki e a Honda e troca da pastilha traseira da minha Triumph Tiger.

Uma pequena revisão para continuar a aventura

Uma pequena revisão para continuar a aventura

O transito em Santiago é bem tenso. Motoristas nervosos, que buzinam por qualquer motivo, motos que passam em qualquer espaço disponível. Cruzamentos lotados a cada virada de sinal.

Assim que as motos foram liberadas das respectivas oficinas, seguimos para o centro da cidade em busca de um hotel,  já que naquela região não havia mais vagas. Chegar no centro com aquele transito foi complicado, mas chegamos com o dia ainda claro.

Hospedamo-nos em um hotel caricato, com características de um barco da década de 90. O hotel foi construído em 1935, era antigo mas confortável, com quartos grandes e aconchegantes.

Decidimos que ficaríamos um dia descansando na cidade. Naquela noite fugimos dos restaurantes típicos e jantamos uma boa massa, em um restaurante italiano. Voltamos para o hotel debaixo de uma fina chuva, um bom convite para uma ótima noite de sono.

Não perca amanhã a continuação da viagem

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O motonliner Danne Meira Castro Aguiar enviou este relato através do “Você no Motonline”. Mande você também o seu texto e o compartilhe com milhares de leitores que, como você, também amam as motos.