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A história da Yamaha inicia em 1887 com a fabricação de instrumentos musicais, pelas mãos do talentoso Torakusu Yamaha. Assim nasceu a Nippon Gakki. Porém, foi só em 1955 que iniciou o desenvolvimento dos produtos que dariam ainda mais fana ao sobrenome, a montagem de motocicletas. Por isso, hoje é um dia importante na casa dos três diapasões. Neste 1º de julho de 2020 a Yamaha celebra 65 anos criando motos.

A Yamaha está celebrando 65 produzindo motos. Relembre a história da marca – e seus 46 anos em solo brasileiro

Yamaha Motor Co., Ltd.

Tudo começou em 1953. Dessa forma, o embrião da divisão de motos da marca se deu a partir de Genichi Kawakami – que era o primeiro filho de Kaichi Kawakami, presidente de terceira geração da Nippon Gakki instrumentos musicais e eletrônicos, atualmente Yamaha Corporation.

Genichi Kawakami, primeiro presidente da Yamaha Motor Company

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Com 38 anos de idade Genichi se tornou o presidente de quarta geração da empresa, em 1950. Logo depois, em 1953, surgiu seu desejo de fazer uso de equipamentos de usinagem ociosos, usados anteriormente para fabricar hélices de aeronaves na Segunda Guerra Mundial. A ocupação destes serviria um novo mercado em ascensão, o de motocicletas.

Mesmo entrando tardiamente no mercado, em um momento em que o Japão abrigava cerca de uma centena de fabricantes de motos, os executivos da marca sentiram o potencial do negócio. Desta forma, uma divisão de pesquisa viajou para fábricas alemãs a fim de ficar alinhada em tecnologias. Dez meses depois, em agosto de 1954, nascia o primeiro protótipo – a Yamaha YA-1.

Moto 1: Primeira motocicleta da Yamaha, a YA-1, conhecida também como Akatombo – Red Dragonfly

Assim, a primeira moto da Yamaha era movida por um motor dois tempos de 125 cm³, monocilíndrico e refrigerado a ar. Desse modo, em janeiro de 1955 iniciou a produção da YA-1. Devido a confiança na nova direção de Genichi, foi fundada em 1º de julho de 1955 a Yamaha Motor Co., Ltd.

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Chegada da Yamaha no Brasil: anos 70

A história da Yamaha no Brasil iniciou em novembro de 1970, atuando como uma importadora na Rua General Osório, em São Paulo. A marca se juntava a gama de empresas japonesas, europeias ou mesmo lojistas que traziam motocicletas ao país. Mais tarde, o governo militar buscou estimular a produção local de motos, dificultado a importação destas com taxas elevadas, até extinguir as estrangeiras em 1976.

Assim, já em 1974 a marca dos diapasões optou em inaugurar a primeira fábrica de motos no país, na grande São Paulo, em Guarulhos. Além disso, deu origem à primeira moto nacional, fabricada no Brasil, a RD 50. Com motor de 49cm³, a primeira moto nacional produzia 6,5 cv a 9.500 rpm e torque de 0,50 kgfm a 8.500 rpm.

Saindo da fábrica, com motor de 49cm³, a primeira moto nacional produzia 6,5 cv a 9.500 rpm e torque de 0,50 kgfm a 8.500 rpm

Moto 2: a RD 50, que saiu da fábrica pela primeira vez em 10 de outubro de 1974

Estabelecendo mercado e criação da DT 180: anos 80

Em 1981 foi lançada a DT 180, que se consolidou no segmento de uso misto, voltada a cidade e fora-de-estrada. Foi a segunda motocicleta trail fabricada pela marca por aqui, sucedendo a primeira TT 125 de 1979.

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Moto 3: DT 180 marcou o início da história do segmento no Brasil

Do modelo surgiram versões como a DT 180 Six Speed (seis velocidades), DT 180 N (sistema elétrico de 12V) e DT 180Z, com freio a disco na roda dianteira. Equipada com motor de 176 cm³ ela tinha potência máxima de 16,7 cv a 7.000 rpm e 1,74 kgf.m de torque a 6.500 rpm.

Fábrica no Polo Industrial de Manaus

A concorrente Honda encarou o desafio de construir sua fábrica na Zona Franca de Manaus (AM) em 1976 e, nesta altura, a estratégia da Yamaha de ficar próxima do mercado no Sudeste não era mais suficiente. Assim, optando também por incentivos como isenção fiscal de componentes importados, a Yamaha migrou ao Norte e em 1985 inaugurou sua unidade fabril na capital do Amazonas. Nos planos iniciais da nova casa estavam a RD 350 LC YPVS e a XT 600Z Ténéré. 

A RD 350 pode não estar na nossa contagem oficial de modelos que marcaram a história da marca, porém merece uma menção especial

A primeira Ténéré

Inspirada em modelos que competiram nos desertos do antigo Rali Paris-Dakar, a Ténéré foi uma moto robusta, também de uso misto. Lançada no mercado nacional em 1988, ela inaugurou a entrada da marca nos motores de 4 tempos.

XT 600Z Ténéré e suas versões posteriores ainda é sucesso entre entusiastas

Moto 4: a XT 600Z Ténéré. Ela e suas versões posteriores ainda são sucesso entre entusiastas

Além disso, seguindo o mesmo modelo fabricado na Europa desde 1985, a moto possuía motor de 595 cm³, entregando potência de 42 cv a 6.500 rpm e torque de 5.1 kgf.m a 5.500 rpm. Assim, ela ainda teve outro pioneirismo por aqui: foi a primeira moto a adotar a partida elétrica.

A Yamaha seguiu atualizando o mercado nacional com modelos importantes, e por isso trouxe as XTZ 750 Super Ténéré, FZR 1000 e FJ 1200. Além disso, em 1997 foi lançada a XT 225. Era a primeira motocicleta ‘pequena’ produzida pela marca no país de uso misto e equipada com motor de quatro tempos.

Super Ténéré 750, ano 1977. Parece que acabou de sair da fábrica

A Yamaha também importou modelos ao Brasil logo se tornariam clássicos, como a Super Ténéré 750

Primeira moto com mais de 100 cv: anos 90

Em 1998 surgiu a a YZF-R1, elaborada com o espírito de uma superesportiva. O modelo dispunha de um motor quatro cilindros de 998 cm³, com potência de 182 cv a 12.500 rpm e 11.78 kgf.m de torque a 10.000 rpm. Do mesmo universo surgiu aYZF-R6, a primeira moto de produção com motor de quatro tempos e 600 cm³ a ter mais de 100 cv e ultrapassar a barreira dos 270 quilômetros por hora.   

R6 entregava 124 cv a 14.500 rpm e torque de 6.7 kgf.m a 10.500 rpm!

Moto 5: a Yamaha R6, de 1999. A primeira moto de série com 600 cilindradas a entregar potência acima dos 100 cv. Assim, eram 124 cv a 14.500 rpm e torque de 6.7 kgf.m a 10.500 rpm

O fim dos motores dois tempos e o disparo da Honda: anos 2000

Hoje nós estamos familiarizados ao domínio da Honda no mercado nacional, com quase 80% de participação, enquanto a Yamaha figura num distante segundo lugar, com aproximadamente 12%. Porém, o cenário já foi bem diferente.

Nos últimos anos, a Yamaha tem emplacado de 105 a 165 mil motos, obtendo cerca de 12% do mercado. Porém, até os anos 1990 esse índice era muito maior, na casa dos 40%

Nos anos 1980 e início da década seguinte, o mercado era muito mais disputado e a margem das duas japonesas, menor. A Honda defendia cerca de 60% das vendas, enquanto a Yamaha tomava para si outros 40%. Porém, tudo mudaria, dentre outros fatores, pela chegada do PROMOT, que extinguiu as motos com motores de 2T e revelou a defasagem de muitos projetos da Yamaha.

Yamaha apresentou o conceito Motoroid no Salão Duas Rodas 2019. Um protótipo elétrico e que se move obedecendo comandos de voz

Assim, o Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares (PROMOT), introduzido pela Resolução nº 297/2002 do CONAMA, passou a vigorar em 2002. A iniciativa visava reduzir a poluição nas metrópoles a partir de uma legislação baseada nas vigentes na Europa, na época o EURO I.

Desta forma, os motores a dois tempos se tornaram inviáveis. Entretanto, vale destacar que ao longo da década de 2000 alguns propulsores (de quatro tempos) das concorrentes também caíram em desuso devido às leis de emissões.

DT 200R, a última dois tempos para as ruas da marca no Brasil

Moto 6: DT 200R; a última com motor de dois tempos fabricada para as ruas no Brasil

Sai DT. Chega YBR

A esta altura a DT 180 já era coisa do passado e em 2000 foi o fim da linha para a DT 200R. As unidades azul marinho, que ainda circulam nas ruas, são o registro da última moto da marca com o motor dois tempos no país.

No mesmo ano Yamaha lançou a YBR 125, era o primeiro modelo popular da marca equipado com um quatro tempos. A moto trazia no pacote design e motor modernos para rivalizar com a concorrente da Honda, a CG 125 Titan. Enfim, nos anos seguintes a motocicleta passou a ser o produto mais vendido na linha da Yamaha no Brasil.

Presente e futuro da Yamaha

Na última década, a Yamaha seguiu focada no futuro das motocicletas, em nível mundial. A Niken, famosa por suas três rodas, é um exemplo disso. Apresentada no Salão de Tóquio de 2015 e já disponível na Europa, o modelo utiliza a mesma base e motor da naked MT-09. Em resumo, a grande diferença está nas duas rodas dianteiras, que utilizam o sistema Yamaha Leaning-Multi-Wheel, com dois garfos invertidos.

Niken, futuro será em três rodas?

Moto 7: Niken. Modelo com 3 rodas e base da MT 09 está à venda na Europa, enquanto no Brasil aguardamos a chegada da Ténéré 700

Enquanto isso, aqui no Brasil aguardamos a chegada da Ténéré 700. Nesse sentido, será a mais nova investida da marca que cresceu e hoje conta com uma rede com cerca de 400 concessionários autorizados em todo país.

Guilherme Augusto
@guilhermeaugusto.rp>> Jornalista e formado em Relações Públicas pela Universidade Feevale. Amante de motos em todas suas formas e sons. Estabanado por natureza