O mundo vive um processo de transição energética e os veículos à combustão parecem ser um ponto chave na descarbonização do planeta. Se alguns países da Europa já estão se movimentando para construir infraestrutura urbana e mercado automotivo voltado aos elétricos, esses altos investimentos não são compatíveis com outras regiões.
Por isso a Yamaha pretende adotar medidas que não passam pela padronização total de sua frota em motos elétricas em alguns países da Ásia. Resumidamente, a marca pretende levar motos flex para lá – uma solução que nós já conhecemos bem, há mais de 10 anos.
Yamaha e as motos flex na Ásia
A Yamaha sinaliza que não pretende acompanhar essa tendência acelerada em direção às elétricas. A fabricante entende que até o momento, apenas a Europa tem condições de substituir totalmente os veículos à combustão em um prazo de dez anos.
Sendo assim, a companhia busca um meio termo para atender ao mercado de países que não vão conseguir se desfazer dos motores à combustão tão cedo. Índia e China são exemplos de países populosos que dependem do mercado de motocicletas, mas não possuem eletricidade confiável em todas as regiões do seu território.
A solução passa pelos biocombustíveis, conhecidos como combustíveis sintéticos pois não utilizam o petróleo para serem produzidos. Embora a queima desse tipo de combustível também emita CO2, a quantidade é inferior a que foi removida do ambiente. Dessa maneira há um equilíbrio nos níveis de CO2. Outra alternativa seria também o motor movido a hidrogênio.
Motos flex made in Brazil
O Brasil produz biocombustível à base de biomassa, o Etanol. A cana-de-açúcar é o material base utilizado no país para a produção desse combustível renovável, uma receita conhecida aqui há muitas décadas e já exportada a outros mercados.
As motos flex existem desde 2009, quando a CG 150 Titan Mix foi a primeira a rodar com os dois combustíveis – etanol e gasolina – sem qualquer problema. Logo depois a Yamaha lançou a Fazer 250 BlueFlex e estendeu os motores flex também a algumas pequenas 125 e 150cc.
Assim, o mercado brasileiro seria um exemplo já testado de como o biocombustível pode ser a solução imediata no processo de descarbonização do planeta. Portanto motos semelhantes as comercializadas no país, podem chegar em breve aos países asiáticos.
Além de ser o único mercado testado com modelos flex no mundo, o Brasil é um dos pioneiros na produção de biocombustíveis. O país também conta com uma alta produção de cana-de-açúcar, sendo um dos principais exportadores da matéria prima. Com o avanço do mercado asiático aos modelos flex, as empresas aumentariam a produção desse tipo de motor, que poderia ter o Brasil como um dos principais clientes e fornecedores.
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Motos elétricas não são a única opção para a Yamaha
A Yamaha anunciou que irá manter o compromisso de desenvolver as suas linhas de motos elétricas. A princípio, a marca planeja trazer até 2024 dez novos modelos movidas a bateria.
Yoshiriro Hidaka, afirmou em entrevista ao Nikkei Asia, que a empresa irá adotar cautela com o mercado asiático que corresponde a 80% das vendas anuais. “Não estamos com tanta pressa em lançar todos os tipos de motos elétricas na região”. O chefe da empresa ainda completou dizendo, “começaremos com modelos com baixas emissões de CO2, – como motocicletas de combustível sintético – e expandiremos gradualmente a linha”.