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Apesar de seus atributos, os números de venda fizeram da XT 225 o patinho feio da Yamaha em um nicho onde a marca tem histórico de sucesso, o de trail médias. Relembre a história do modelo, anos e versões, ficha técnica, preço e saiba se vale a pena comprar uma – para trilha ou asfalto.

Praticamente extinta das ruas, a XT 225 esteve à venda no Brasil de 1997 a 2006

História da XT 225 no Brasil

A história da XT 225 iniciou em 1986, quando foi lançada no exterior com o nome de Serow. Já no Brasil ela chegou apenas em 1997, sendo um dos primeiros modelos de quatro tempos fabricados pela Yamaha em solo nacional. Permaneceu nas concessionárias locais até 2006, quando deu lugar à XTZ 250 Lander.

A XT 600E, ou ‘XTzona’, serviu de inspiração para o design e conjunto mecânico da XT 225

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E veio com uma missão difícil, pois precisava dar sequência ao trabalho iniciado pela família DT, um dos maiores sucessos da marca no Brasil e responsável por popularizar o off-road no país, no segmento de motos de uso misto. Outro problema: as DT 180 e 200 ainda estavam à venda, dividindo a preferência do público. Para completar, enfrentava a Honda XR 200 R, modelo global oferecido por aqui desde 1994.

No exterior a XT 225 chegou muito antes, ainda nos anos 1980, e adotou também o nome de Yamaha Serow

Com tantas adversidades, a XT 225 não decolou. Enquanto a XR vendia mais de 10 mil unidades por ano, a Yamaha comercializava menos de três mil motos. O cenário piorou com a chegada da XR 250 Tornado, em 2001. A partir de então a Honda tomou ainda mais distância e passou a produzir até 9 Tornado para cada XT – em 2003 foram fabricadas 21.448 XR 250 ante 2.300 Yamaha, por exemplo.

XTZ 250 Lander substituiu a XT 225 em 2006. Muito mais que isso, colocou a Yamaha de volta à briga nas trail médias

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Principais características

Entretanto, o insucesso de vendas não diminui os atributos da XT 225. Logo que chegou ao mercado ela ganhou reputação positiva, destacando a leveza e versatilidade do conjunto, pois se mostrou uma boa opção para as tranqueiras da cidade bem como para encarar trechos de terra ou até trilhas.

Longe de empolgar, motor de 223 cm³ gerava 19 cv de potência máxima

O conjunto era motivo pelo motor monocilíndrico de 223 cm³, quatro tempos, refrigerado a ar e com 2 válvulas. O propulsor entregava 19 cv de potência máxima a 8.000 rpm e torque de 1,8 kgf.m a 7.000 rpm números pouco supeiores aos 17,2 cv e 1,7 kgf.m da XR 200 R. A alimentação era por carburador e partida, elétrica. O câmbio era de seis marchas.

No quesito consumo, uma XT 225 bem regulada pode chegar a fazer 30 km/litro em rodovia, rodando entre 80 a 100 km/h. Já em trecho urbano ele cai para aproximadamente 25 km/l.

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XT emprestou seu motor (chassi e muito mais) para a criação da Yamaha TT-R 230, para uso exclusivo no fora de estrada. Modelo 0km custa aproximadamente R$ 16 mil (FIPE)

Pontos positivos

Confiável, versátil e relativamente econômica, a XT 225 provava sua valentia em trilhas e competições off road muito antes de termos as TT-R 230 e CRF 230F, motos de uso exclusivo no fora de estrada, por aqui. Também ganhava pontos pelos equipamentos, pois tinha partida elétrica e freio a disco na roda dianteira, além de ajuste de pré-carga na mola traseira. Por falar nelas, as suspensões de longo curso garantiam conforto ao encarar obstáculos.

XR 250 Tornado foi o carrasco da XT 225, chegando a vender quase 10 vezes mais que a concorrente. Além dela, a Yamaha dividiu a preferência do público com a XR 200R e até com as irmãs DT 180 e DT 200

Pontos negativos

A XT tinha pontos negativos em comum com outras trail da época, como o assento desconfortável (especialmente ao carona, por ser plano, duro e estreito), painel de instrumentos minimalista e farol pouco eficiente. Além disso, costumava queimar a bobina com facilidade, um problema pouco grave mas insistente.

Painel de trail ‘raiz’ aponta a idade do projeto, criado no final dos anos 1980

Ainda vale a pena comprar uma XT 225?

A XT 225 é uma moto que vai bem em quase todo o tipo de terreno e uso, especialmente para quem roda sozinho. Encara trilha, a buraqueira urbana, as tranqueiras da cidade e é beneficiada em passeios de finais de semana pela sua sexta marcha.

Ver uma XT 225 como esta, emplacada, com carenagens no tanque, protetor no disco de freio, motor original e espelhos é raridade. Imensa maioria das XT 225 foi parar em trilhas – de onde jamais retornará

Porém, encontrar uma moto usada em bom estado de conservação é verdadeira tarefa de gincana. Se ver uma XR 200R ou Tornado (que chagaram a vender 9x mais) inteira por aí já é difícil, imagine topar com uma XT. As sobreviventes, que não foram destruídas nas trilhas, podem ser consideradas peças de colecionadores.

E é por isso que os preços da FIPE, neste caso, se distanciam da realidade praticada pelo mercado. De acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas, uma unidade 1996 tem preço médio de R$ 2.353, enquanto uma 2006 sai por aproximadamente R$ 4.780. Uma verdadeira bagatela.

Para saber mais, ver a ficha técnica ou opinar sobre a Yamaha XT 225, acesse o Guia de Motos!

Ficha técnica Yamaha XT 225

Motor
Tipo 4 tempos, 1 cilindro
Cilindrada 223 cc
Arrefecimento Ar
Combustível Gasolina
Potência Máxima: 19 cv a 8.000 rpm
Torque Máximo: 1,80 kgf.m a 7.000 rpm
Alimentação: Carburada
Partida: Elétrica
Transmissão: 6 velocidades
Suspensão e rodas
Suspensão dianteira: Garfo telescópico / Curso 226 mm
Suspensão traseira: Monochoque com Pro-link / Curso 145 mm
Chassi: Aço
Pneu Dianteiro: 80/90 – 21
Pneu Traseiro: 110/80 – 18
Dimensões e capacidades
Peso a seco: 118 kg
Comprimento: 2070 mm
Largura: 820 mm
Altura do Banco: 855 mm
Distância entre Eixos: 1350 mm
Capacidade do tanque: 10 litros
Preço (FIPE, fevereiro de 2021)
1996 R$ 2.353,00
2006 R$ 4.780,00

Guilherme Augusto
@guilhermeaugusto.rp>> Jornalista e formado em Relações Públicas pela Universidade Feevale. Amante de motos em todas suas formas e sons. Estabanado por natureza