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Foto: Manual de manutenção de motos - Haynes

Foto: Manual de manutenção de motos - Haynes

Olá Bitenca Gostaria de sua opinião e aconselhamento num assunto que eu sei que domina muito bem – MOTOS!

Sei que é norma de conduta dos colunistas e colaboradores do Motonline não indicarem nem tampouco condenarem esta ou aquela moto, independente da marca ou modelo. Esta é a razão pela qual procuro sua orientação, como dizem, “em off”.

Tenho muita vontade de adquirir uma motoca de média cilindrada que sirva tanto para pequenos deslocamentos urbanos como para viagens longas, com direito a algumas incursões leves em estradas de terra. Ou seja, um modelo robusto e barato para iniciar-me no mototurismo e trilhas brandas.
Pesquisando dentre diversos modelos e marcas, avaliando números de desempenho, consumo, preço, relatos de motocilcistas diversos e tendo em mente minha disponibilidade financeira atual (até R$ 5.000,00), acabei por restringir minhas buscas a dois modelos: a NX 350 Sahara e a XLX 350.

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Entretanto, como não possuo muito conhecimento de ambas, sendo inclusive inexperiente – creio eu – no mundo das duas rodas (tive até hoje apenas motos de baixa cilindrada, a maior delas uma XR 200), fico um tanto receoso de aventurar-me na compra de um modelo fora de linha, muito embora as mencionadas máquinas detenham excelente reputação no universo das duas rodas.

Foto: Manual de manutenção Honda  - Bitenca

Foto: Manual de manutenção Honda - Bitenca

Navegando por fóruns variados, acabei me deparando com algumas afirmações sobre a Sahara e a sua mãe XIselona, as quais não posso dizer se verdadeiras ou não, e este é o motivo pelo qual recorro a você, que certamente poderá desmistificar – ou confirmar – algumas destas afirmações bastante recorrentes.

Vamos a elas:
1) Ambas as motos tem um desgaste anormal da relação, exigindo atenção redobrada na manutenção;

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2) Corrente de comando (Sahara) e comando de vávulas (XLX) problemáticos, que requerem trocas frequentes, fora dos padrões normais de uma moto;

3) Vazamento de óleo pelo respiro do cabeçote (?), o que ocasiona perda de lubrificante e consequente diminuição do volume deste dentro do motor (o que, aliás, é apontado como uma das causas da “quebra” da corrente de comando na Sahara). Alguns recomendam, inclusive, que leve-se um litro de óleo nas viagens, para reposição;

4) Inexistência de peças de reposição para o motor (pistões, clilindro, anéis, virabrequim, dentre outras), sendo necessário recorrer aos ferros-velhos em busca de motores sucateados para recuperação (ambos modelos);

5) Carenagem e bolha muito frágeis, que quebram-se com facilidade e tem custo de reposição muito alto (Sahara);

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6) Bagageiro original muito fraco, que danifica-se facilmente (ambas);

7) Gastos com manutençao muito elevados, sendo dificil encontrar um modelo em bom estado que não ofereça problemas a curto ou médio prazo (ambas).

Enfim, Bitenca, estas são as principais críticas que encontrei pela internet, críticas estas que me deixam “com o pé atras” para adquirir uma destas motos, ainda que eu seja fã incondicional dos modelos (a XLX em especial) pois a ultima coisa que quero é um veículo que passa a maior parte de tempo parado na garagem ou na oficina, sendo grande fonte de aborrecimentos ao invés de alegrias e prazeres.

Evidentemente, sua opinião e o esclarecimento será de suma importância para que eu desfaça – ou não – essa má impressão sobre as motos. Pessoalmente, acha que vale o investimento? Quais os principais itens a analisar na compra de uma destas usadas? Espero não estar tomando seu tempo com isso. Porém conto com a sua colaboração para elucidar estas questões e desde já, agradeço pela atenção dispensada.

Saudações,
Artur, 28, Guarujá, SP

R: Olá Artur,
Um modelo barato, robusto, para iniciar no mototurismo e trilhas brandas como você quer não deveria ser uma moto de tanto uso, como os modelos que citou. Não por deficiência do produto mas sim pelo tempo de uso ou de garagem, que também prejudica borrachas, peças plásticas e carburador.
Talvez uma opçãao melhor fosse uma moto de menor cilindrada mas mais moderna, como uma XR200, Lander, etc. mas menos antiga do que as que você se referiu.
A não ser que seus deslocamentos pelas estradas sejam prioridades, a moto pode ser menor que a 350. Caso contrário pense numa Falcon que pode ser ainda uma boa opção.
As peças de que você se refere se deterioram como consequência de algum esforço excessivo, falha na lubrificação, combustível de má qualidade ou tudo isso junto. Nos modelos de até dois ou três anos esse tipo de defeito é muito raro. Após os primeiros 50 mil Km com um uso intenso esses motores já começam a exigir alguma manutenção que raramente é feita com peças originais e no momento correto. A consequência é a deterioração do motor (ou a moto) como um todo e assim, na verdade você compra uma sucata que sempre vai ter excesso de manutenção.

Imagine o que acontece quando você instala lâmpadas num prédio novo. Você gasta uma nota para colocá-las e no começo é uma beleza, não queima nenhuma porque todas as lâmpadas estão dentro de sua vida útil. Mas ao vencer esse prazo elas começam a queimar e se você não trocar todas novamente no momento correto, nunca mais vai parar de trocar lâmpadas porque na verdade, depois de vencer o número de horas de vida elas vão queimar aleatóriamente, cada uma no seu limite de uso.

Com máquinas (motos) é a mesma coisa. Todas as peças têm uma vida útil que deve ser observada, como quase nunca isso é feito na manutenção, os veículos viram sucata depois de um certo tempo de uso. Isso é consequência dessa manutenção deficiente que as pessoas normalmente fazem. Inclusive porque na verdade não se investe na conservação correta do veículo porque ele nunca vai ter essa despesa recuperada no seu valor de revenda. Usam e abusam da máquina até ela virar sucata e então vendem pelo valor de mercado, que também, por sua vez acaba ficando abaixo do que seria normal para um veículo bem conservado.
Essa atividade é o que corrompe o mercado de usadas.
O melhor é ter uma moto de pouco uso que você possa manter corretamente, mesmo que no fim, ao revender não consiga recuperar o valor investido. Afinal você terá usado o equipamento com segurança e máxima performance em milhares de quilometros rodados.
Se ao vender, alguém reconhecer que você fez um bom trabalho conservando a sua motocicleta, quem sabe não recebe uma oferta melhor?

Abraços,
Bitenca