Hoje é legal rodar de scooter por aí. Colocar suas tralhas sob o banco, pôr a mochila nas costas e serpentear pela cidade sem se preocupar em trocar marchas ou com o consumo de combustível. É cool. Mas a história dos scooters no Brasil nem sempre foi asssim.
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Scooters no Brasil: o início
Se atualmente nosso mercado enxerga com bons olhos o segmento (tanto que só a Honda está prestes a ter sete opções por aqui) o panorama era bem diferente há 30 anos, no início dos anos 1990. Foi nesta época que os primeiros ‘scooter modernos’ chegaram ao país.
Alguns ridicularizavam suas rodas pequenas, muitos dequalificavam a potência dos motores compactos, outros diziam que pareciam Lambrettas. E muitos criticavam por simplesmente não compreender a proposta destes veículos pequenos, leves e urbanos. Mas houve quem acreditasse no segmento, como, por exemplo, a Yamaha.
O valente Yamaha Jog 50
A fabricante japonesa foi a primeira a apostar no nicho dos scooters no Brasil, trazendo o Jog 50. O modelo existia na Ásia desde 1983, nos Estados Unidos desde 1986 e em 1992 chegou ao Brasil.
Era muito leve, com pouco mais de 60 kg, e ágil, pensado estritamente ao uso no para e arranca das grandes cidades. O câmbio, claro, era automático, CVT.
Para empurrar o conjuto peso-pena havia um motor monocilíndrico, de 49 cm³, 2Tempos, arrefecido a ar, que entregava 6,3 cv a 7.000 rpm e 0,67 kg.m de torque a 6.500 rpm. A potência era condizente com a proposta e levava o Jog 50 até o pico de sua velocidade máxima, limitada a pouco mais de 60 km/h. Além disso, mesmo alimentado por carburador, o scooter rodava perto de 50 km com um litro de gasolina.
A agilidade era beneficiada pelas rodas pequenas, de apenas 10 polegas na frente e atrás. Entretanto, elas cobravam seu preço no conforto, já que eram ‘engolidas’ por buracos com facilidade.
Já o design era moderno para a época e refletia o padrão global da Yamaha, com linhas retas e quase futuristas. Para completar o conjunto, algumas comodidades como partida elétrica e um pequeno bagageiro atrás do banco.
Scooters no Brasil: o fim do Jog 50
Apesar da resistência do público brasileiro aos scooters pequenos, a Yamaha manteve o Jog 50 nas concessionárias até 1999. Um ano antes a fabricante lançou o Jog Teen 50, que permaneceu no Brasil até 2005. As diferenças entre os dois eram pontuais, ficando a cargo dos grafismos e da nova limitação de velocidade máxima (50 km/h), basicamente.

A Yamaha não foi a única a apostar no segmento na época. Um ano depois que o Jog chegou por aqui a Suzuki passou a oferecer o Address AE 50. Também em 1994 a Honda trouxe o Spacy, com proposta semelhante mas desempenho superior, fruto do motor de 125 cm³. Eram tempos difíceis. O Spacy foi descontinuado já em 1996, enquanto o AE resistiu até 2002.
O brasileiro queria mesmo era CUB
Havia boas opções, de diferentes marcas, com motores de 2 ou 4tempos, mais leves ou mais potentes, com bons níveis de equipamentos. Além disso, eram muito econômicos e até automáticos.
Mas algo nos scooters não agradou o brasileiro dos anos 1990. Talvez a memória que remetesse às obsoletas Lambretta das décadas de 1960 e 70, quem sabe o excesso de plásticos, talvez a potência limitada de muitos. E também tinha a questão das rodas que, pequenas, tornavam o ir e vir nas esburacadas ruas uma tarefa desconfortável.
Então quem sabe misturar a ciclística de uma moto, com direito a rodas grandes, à proposta dos scooter? Bingo. Assim surgiram as CUB nacionais, ‘vestidas de scooter’, representadas por modelos como a Honda C-100 Dream, lançada em 1993, e também a Yamaha Crypton, de 1997.
Em 1998 chegaria a Honda Biz, com design agradável de linhas suaves, câmbio sequencial com embreagem automática e amplo espaço sob o banco. Para completar, ainda tinha rodas de 17 polegadas na frente e 14 atrás, tamanho suficiente para remeter à experiência de pilotar uma street de 125 cc. O resultado foi um sucesso estrondoso, a criação da Biz 125 na sequência e mais de 3 milhões de unidades já fabricadas do modelo.
O mercado só se voltaria aos scooters anos mais tarde, agora em um passado bem recente, graças a insistência de várias marcas e, claro, a uma nova mentalidade do consumidor brasileiro. Mas aí já é outra história.