A Honda anunciou a nova Bros 2022 há algumas semanas e agora pudemos colocá-la à prova num primeiro test ride. Percorremos cerca de 150 km para conferir se o novo visual se encaixa à mecânica reconhecida pela economia e robustez – e se estes atributos ainda estão lá, claro.
Como é a nova Bros 2022
Antes de apresentar o teste com a Bros 2022 vamos relembrar como é o modelo. A trail mais vendida do país recebeu novas carenagens no tanque e farol, lateral e rabeta, além de revestimento do banco com melhor grip e protetores sanfonados nas bengalas.
De acordo com a Honda, os novos componentes deixaram o design da Bros 160 mais robusto e esportivo. Assim, a ideia é passar a noção de força e volume, dando a impressão de que a moto está maior.
Mesmo motor
A Bros 2022 preserva a mecânica já conhecida sob essas mudanças externas. Ou seja, o motor, chassi, câmbio, embreagem, suspensões, rodas e pneus são idênticos aos da geração anterior. O sistema elétrico também segue inalterado.
Assim, a trail conta com motor de um cilindro, 162,7 cm³, OHC e com arrefecimento a ar. A alimentação é por injeção eletrônica PGM-FI e aceita etanol ou gasolina, em qualquer proporção.
Desta forma, o conjunto entrega 14,7 cv com etanol e 14,5 cv com gasolina, a 8.500 rpm. O torque máximo é de 1,60 kgf.m com etanol e 1,46 kgf.m com gasolina, a 5.500 rpm. O câmbio é de cinco velocidades.
Seu chassi é tipo berço semiduplo de aço, enquanto as suspensões são telescópica na frente e mono amortecida atrás. Longas, têm 180 mm de curso na dianteira e 150 mm na traseira.
Os pneus são de uso miso, com medidas 90/90-19 M/C 52P e 110/90-17 M/C 60P. Por fim, os freios são combinados CBS, com disco de 240 mm na frente e 220 mm atrás.
Teste com a Bros 2022
Para saber o que mudou na Bros 2022 basta olhar o modelo. As novas carenagens lhe conferiram um porte maior e de ‘trail raiz’, remetendo a outros modelos que já fizeram – e algumas que ainda fazem – muito sucesso por aqui.
A lateral em cor única pode dividir opiniões, mas também reforça a ideia de grandiosidade ao ‘unir’ rabeta e lateral – elas são peças separadas e sobrepostas, porém parecem uma peça só no primeiro olhar. Mas vamos com calma, os novos plásticos não chegam a dar a impressão de ‘moto maior’, ainda fica claro que é uma 160 cilindradas.
É fácil entender porque a nova Bros gera uma sensação de familiaridade logo nos primeiros segundos de estrada, afinal tem mecânica e medidas idênticas aos do modelo anterior. Além disso, é uma moto dócil, previsível e maleável.
Maleável, esta é a palavra. A Bros faz mudasnças bruscas de trajetória como poucas, sendo uma moto ideal para desviar de obstáculos e encarar a buraqueira urbana. De quebra, as grandes rodas aros 19 e 17 ajudam a engolir buracos e pequenas imperfeições da pista.
Bros 160: desmpenho dentro do esperado
Seu desempenho é compatível com a categoria, acelerando com facilidade até perto dos 100 km/h e certo aperto para manter velocidades acima disso em aclives. Ainda assim, o top speed da Bros 2022 é de 118 km/h reais – chegando perto dos 130 km/h no painel.
O funcionamento do motor agrada. É suave, sem vibrações excessivas, macio. Acertado. E também possui bons números de consumo. Segundo o Instituto Mauá de Tecnologia a nova Bros 160 roda 40,3 km/litro de gasolina em perímetro urbano, prometendo médias ainda melhores (mas não oficialmente divulgadas) ao rodar na estrada.
Bros 2022: pontos a melhorar
Analisando os números de vendas, fica claro que a Bros não precisa melhorar para seguir líder. Em 2020 a Honda emplacou mais de 101 mil unidades, ante menos de 22 mil da Yamaha Crosser, principal concorrente e segunda colocada. No primeiro semestre de 2021 foi outra lavada: 59.259 contra 15.054.
Teste Bros 160 2022 |
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Gostamos | Pode melhorar | Porque melhorar |
Mecânica consagrada | Freios | Apesar do sistema parar a moto com tranquilidade, a Bros merecia um sistema ABS nesta atualização, ainda que fosse apenas na roda dianteira. A principal concorrente já tem |
Economia | Detalhes de acabamento | Parafusos cromados em meio a peças plásticas pretas se tornam aparentes; o cabo do freio dianteiro ainda passa sobre o painel – e é segurado por encaixes brancos; há ‘falsos botões’ ao lado do painel. São detalhes que, somados, deixam a moto um pouco menos bonita |
Novo visual, ‘mais trail’
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Funções do painel | O painel tem visual espartano e ainda é pouco funcional, informando apenas velocidade, nível do combustível, hora, hodômetro total e um parcial. Poderia ter conta giros, indicador de marcha engatada, trip A e B e outras informações presentes em modelos concorrentes |
Suspensão traseira | Diferente de rivais, a Bros segue sem adotar link na balança traseira, mecanismo que tornaria a viagem mais confortável. Além disso, sistema atual é firme demais |
Pode não ser uma necessidade, mas poderia fazer alguns aperfeiçoamentos em prol de uma melhor experiência do cliente e maior valor agregado à marca. Os freios poderiam ser ABS – ainda que em apenas uma roda -, assim como a suspensão traseira poderia ter link na traseira, garantindo mais conforto. A Crosser tem ambos.
Outra melhoria bem-vinda está no painel. A Bros tem um visor LCD blackout de fácil leitura mas demasiadamente econômico em informações. Não há dados sobre marcha engatada, Trip B, nível de carga da bateria, autonomia ou contagiros. Para completar, um banco mais macio tornaria a vida de quem fica mais de uma hora sentado sobre a moto mais agradável.
Nova Bros 160: preços, cores e versões
A nova Bros 2022 já está na rede de concessionários da Honda em todo o país. Pode ser encontrada em três opções de cores, branca, preta e vermelha.
A última cor é a de catálogo, mais importante dentro da estratégia da marca, e por isso a única disponível no test ride. Já a garantia é de três anos, sem limite de quilometragem, além de sete trocas de óleo gratuitas.
Por fim, o preço da nova Bros. Ele é um só para todas as cores, de R$ 14.600. Porém, nas lojas a Bros 160 acaba custando um pouco mais caro. De acordo com a FIPE, seu preço médio fica em R$ 17.812, uma diferença de 22%.
Vale a pena comprar a nova Bros 2022?
Como era de se esperar, a Bros 2022 bebeu da mesma fonte de sua irmã CG 160 na sua mais recente atualização. Assim, teve o visual renovado através de alguns itens mas a base mecânica, motor e até outros elementos – como farol, lanterna e setas – permaneceu idêntica.
Assim, é a trail mais barata da Honda, cumprindo o papel de primeiro degrau entre as aventureiras da marca. É uma moto fácil de pilotar e econômica para manter, seja pelo baixo consumo de combustível ou reduzido custo nas peças e manutenção.
Mas é uma espartana, sem qualquer mimo. Não há computador de bordo, painel digital, carenagens envolventes, tomada USB ou luzes em LED. Alguns destes recursos estão disponíveis na XRE 190, como ABS na roda dianteira, painel completo e motor mais potente, com 16,4 cv e 1,67 kgf.m de torque.
Desta forma, a pequena XRE está um degrau acima e custa R$ 18.490. São apenas R$ 678 a mais, que podem fazer jus à diferença graças ao melhor nível de equipamentos. A concorrente direta Crosser também possui equipamentos ausentes na Bros e ainda há outras opções, como a Dafra NH 190 e seu motor arrefecido a líquido.
Mas quem decide qual é a melhor é vossa majestade, o consumidor. Além disso, tivemos apenas um primeiro contato com a nova Bros. Agora, estamos ansiosos para colocá-la lado a lado com rivais num comparativo.