Estava ansioso para começar esse teste e confesso que assim que recebi a Lander já estava me perguntando sobre o desempenho dela – dentro e fora do asfalto. O visual agrada, no melhor estilo trail. Moto alta, “magra”, rodas raiadas, tanque pequeno, farol simples, para-lama alto, resumindo, um prato cheio para quem gosta desse estilo, assim como eu. Ela realmente se parece – visualmente e no desempenho – com uma moto de trilha.
A Yamaha XTZ 250 Lander é uma moto desenvolvida aqui no Brasil. É importante ressaltar que ela é a única das motos comercializadas por aqui que tem sua concepção pura e genuinamente ON/OFF. As concorrentes da Lander (XRE 300 e Ténéré 250) estão mais aptas para o asfalto que para a terra. Elas tem um perfil mais aventureiro enquanto que a Lander está mais adequada para as trilhas.
Esse fracionamento em “sub-segmentos” é fruto de sinais que o próprio mercado oferece. As empresas percebem que a maior parte dos consumidores de determinado modelo, no caso, as motos trail, compram a moto por algumas de suas características, como as suspensões de longo curso e o conforto da pilotagem numa posição mais ereta. Daí surgem as motos com perfil mais estrada, como as duas concorrentes XRE e Ténéré.
Vendas XTZ 250 Lander |
||||||||||
2006 | 2007 | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 |
4.790 | 13.898 | 14.167 | 6.848 | 5.629 | 5.738 | 6.341 | 8.614 | 7.637 | 5.030 | 4.788 |
Por esse motivo, a Lander está sozinha na área. Sua última concorrente direta foi a Honda XR 250 Tornado, que saiu de linha em 2009. Naquele momento a Honda preferiu lançar a XRE 300 a modernizar a Tornado, que tinha muito boa aceitação no mercado, com vendas anuais sempre superiores a 20 mil unidades. E junto veio a XTZ 250 Ténéré, só que a Yamaha não matou a Lander e sua permanência trouxe muitos fieis adoradores das motos puramente trail, que gostavam da Honda, mas não encontraram na XRE 300 o desempenho (e o preço) desejado.
As fábricas percebem também que os consumidores raramente levam suas motos para um passeio pelas trilhas e no máximo encaram uma estrada de terra em algum final de semana com garupa. Ou seja, desejam uma moto mais voltada para viagens e uso no dia-a-dia. Daí surgiram a XTZ 250 Ténéré e a XRE 300, duas motos para uso misto, mas muito mais voltadas para o asfalto, com muito conforto, porte maior e visual aventureiro.
Ela é equipada com um painel digital com iluminação em LED vermelho, tem um indicador de economia, que acende quando o motor trabalha na faixa de rotação que é mais eficiente, hodômetro total e dois parciais e fuel trip (hodômetro que indica a quilometragem rodada quando chegamos na reserva). O único ponto negativo está no cabo do freio, que atrapalha a visão do painel.
Os de estatura mais baixa podem ter uma certa dificuldade para subir na moto, já que ela é um tanto quanto alta – altura do assento é de 875 mm, mas a partir do momento em que se sobe na moto a pilotagem se mostra muito fácil, na mão, bem simples.
A posição de pilotagem agrada e se assemelha bastante com a posição utilizada no off-road puro. O guidão é largo e esta posicionado de modo que os braços ficam semi-flexionados. As pedaleiras estão em uma ótima posição e o banco é bastante confortável. Graças à falta de divisões entre o piloto e garupa a liberdade de movimento é grande. Você pode sentar bem no começo do banco, próximo ao tanque, ou se quiser pode sentar mais para trás. O garupa também leva uma vida fácil nessa moto, com as grandes alças laterais para se segurar, bom espaço no banco e com as pernas em posição não muito flexionada.
As maiores qualidades da Lander transparecem na pilotagem. Como uma moto genuinamente on/off-road, a suspensão da Lander absorve bem os buracos e irregularidades do terreno. Não podia ser diferente, afinal essa é uma mera obrigação de uma moto dessa categoria. A suspensão dianteira é composta por garfos telescópicos de 240 mm de curso, enquanto a traseira é dotada do sistema de Link. Ela é do tipo Monocross, com 68 mm de curso no amortecedor que se transformam em 220 mm na roda.
O conjunto atua muito bem e em toda situação que foi colocado à prova se saiu muito bem. Realmente abusamos do sistema de suspensão, com trajetos com muitos buracos e imperfeições do terreno. As suspensões são mais que suficientes para atropelar qualquer tipo de lombada, valeta ou buraco. Nas estradas de terra seu desempenho é bastante satisfatório, rende muita diversão para quem quer se aventurar por aí.
O chassi foi projetado em berço semi-duplo e a Lander é uma moto leve, com apenas 143 kg, o que facilita ainda mais sua pilotagem. O trail é de 103 mm e a distância entre eixos é de 1.390 mm, números que mostram que a moto tende a se comportar como uma autêntica “engolidora de buracos”, como as motos feitas para o puro off-road.
Confesso que procurei um palavra para caracterizar o comportamento da Lander nas curvas, mas não encontrei nada que não fosse um palavrão quando usado para dizer que algo é muito bom! A moto tem um temperamento muito parecido com uma autêntica moto para Motocross. Basta estar com a posição de pilotagem correta e adequada para o tipo de curva, que a moto responde bem. Na maioria dos casos você só precisa inclinar para o lado contrário da curva.
Calma que eu explico. Nas curvas para a direita, por exemplo, você deve inclinar a moto para a direita e o seu corpo para a esquerda, com o pé direito para fora, imitando as competições de supermoto ou motocross e isso coloca a Lander totalmente sob controle e segurança. O resumo é que eu gostei demais de como a moto se comporta. Ela lembra a CRF 250R – para motocross, e quando isso acontece, se traduz em diversão, pura diversão sobre a moto.
As rodas são calçadas com pneus Metzeler Enduro 3, sendo na dianteira com aro 21″ e na traseira aro 18″. São pneus destinados ao uso misto e que se tornam um pouco “cantores” no asfalto, mas que oferecem um ótimo grip e não deixam a desejar em nenhuma situação, nem mesmo nas estradas de terra, onde boa arte desta avaliação foi realizada e de forma intensa.
Motor
A Lander é equipada com um motor SOHC, refrigerado a ar, com injeção eletrônica e sistema bicombustível denominado Blue Flex, que foi introduzido no modelo a partir de 2016. Com esse sistema a moto roda com gasolina ou com etanol, em qualquer proporção de mistura.
Com mecânica consagrada e confiável, a Lander traz o mesmo motor da família e é usado também na Fazer e na Ténéré. De aceleração fácil e respostas rápidas, a Lander conta com o câmbio bem escalonado, o que resulta em respostas sempre vigorosas e contundentes, esbanjando torque nas primeiras marchas, condizente com a categoria. Quando abastecido com gasolina o motor rende 20,7 cv a 8.000 rpm e 2,09 kgf.m a 6.500 rpm. Já quando o combustível escolhido é o etanol o desempenho sobe para 20,9 cv a 8.000 rpm e 2,1 kgf.m a 6.500 rpm.
É um motor que anda bem, entretanto produz uma vibração perceptível quando passamos dos 100 km/h, sendo percebida de maneira mais intensa no guidão. A velocidade máxima aferida no velocímetro foi de 145 km/h – 131 km/h aferida em GPS. Na prática é um motor que pode chegar e se manter facilmente na casa dos 110 km/h com sobra e força suficiente para fazer ultrapassagens com segurança nas estradas.
Para parar esse motor a Lander conta com um sistema de frenagem simples, porém eficiente e seguro. O freio dianteiro está equipado com um disco de 245 mm de diâmetro e o traseiro um disco de 203 mm. Nos primeiros quilômetros senti o freio um tanto quanto borrachudo, sensação que desapareceu por completo no segundo dia de testes. O freio atuou muito bem e resultou em uma frenagem ótima.
O tanque de combustível tem capacidade de 11 litros, destes – 4,3 são da reserva- o que garante uma autonomia razoável. Andando de forma tranquila podemos chegar a marca de 31 km/l na gasolina e 26 km/l com etanol.
Conclusão
A Lander é uma moto com personalidade, que mostra suas melhores qualidades na pilotagem, tem um estilo genuinamente On/Off Road, esse é o diferencial dela. Na categoria trail de média cilindrada ela é a mais barata, com R$ 15.195,00 você pode levar uma zerinho para a garagem. A XRE 300 custa 15.950,00 (sem ABS) , enquanto a Ténéré custa R$ 16.620,00.
Entre a XRE e a Lander não existe uma diferença de preço expressiva, embora sejam modelos com características bem distintas. A XRE tem um motor um pouco mais forte, são 25,4 cv, contra 20,7 cv da Lander, ambas abastecidas com gasolina. Mas a Lander tem um estilo mais aventureiro e aceita melhor essas condições de uso.
E ai, já fez a sua escolha?!
FICHA TÉCNICA YAMAHA XTZ 250 LANDER |
|
MOTOR |
|
Tipo | 4 tempos, SOHC, refrigeração a ar, 2 válvulas |
Quantidade de cilindros | 1 cilindro |
Cilindrada real | 249,45 cc |
Diâmetro x curso | 74 x 58 mm |
Taxa de compressão | 9,8 : 1 |
Potência máxima | 20,7 cv a 8000 rpm (Gasol.) – 20,9 cv (Etanol) |
Torque máximo | 2,09 kgfm a 6500 rpm (Gasol.) / 2,1 kgfm (Etanol) |
Sistema de lubrificação | Cárter úmido |
Alimentação | Injeção Eletrônica |
Embreagem | Multi-disco, úmida |
Câmbio | 5 velocidades |
Sistema de ignição | TCI |
Sistema de partida | Elétrica |
Transmissão primária | Engrenagens |
Transmissão secundária | Corrente |
Combustível | Gasolina / Etanol |
Bateria | 12V x 6Ah |
CHASSI |
|
Tipo do Chassi | Berço semi duplo |
Suspensão dianteira / curso | Garfo telescópico / 240 mm – 240 mm (roda) |
Suspensão traseira / curso | Monocross com link / 68 mm – 220 mm (roda) |
Trail | 103 mm |
Freio dianteiro | Disco hidráulico de 245 mm de diâmetro |
Freio traseiro | Disco hidráulico de 203 mm de diâmetro |
Pneu dianteiro | METZELER 80/90 – 21M/C 48S |
Pneu traseiro | METZELER 120/80 – 18 M/C 62S |
DIMENSÕES |
|
Comprimento x Largura x Altura | 2.125 X 830 X 1.180 mm |
Distância entre eixos | 1.390 mm |
Altura do assento | 875 mm |
Altura mínima do solo | 275 mm |
Peso Líquido | 143 kg |
Capacidade do óleo do motor | 1,55 litros |
Capacidade do tanque de combustível | 11 litros (4,3 litros reserva) |
Painel de Instrumentos | Painel digital com iluminação em LED vermelho, novo indicador ECO (acende quando o motor trabalha na faixa de rotação de maior eficiência, indicando uma pilotagem mais econômica), velocímetro e hodômetro com funções: total e duas parciais (TRIP-1 e TRIP-2) e Fuel Trip (de reserva de combustível), relógio e tacômetro de excelente visualização, além das luzes de indicadores (piscas, Blueflex, farol alto, neutro e alerta de motor) |
Cores | Competition Blue (Azul) / Cinza Rock / Sports White (Branco) / Vermelho Pepper |
Preço | R$15.185,00 |
Fotos: Carla Gomes