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Atualmente, o segmento das motos trail é o segundo maior em volume de vendas do Brasil, atrás apenas do street. Em 2019, emplacou mais de 200 mil motos (contra 5 mil esportivas ou 20 mil naked, por exemplo). E a paixão do brasileiro por versatilidade e aventura em duas rodas não vem de hoje.

... Enquanto as trail, assim como as scooter, são 'boas de manobrabilidade'

Prontas para encarar a buraqueira urbana e aventuras, até hoje as motos trail estão entre as preferidas dos brasileiros

Se nesta década o Brasil tem cerca de apenas 13% das suas rodovias asfaltadas (segundo o Dnit), imagine como era encarar a falta de asfalto país afora há 30 anos. Também, já era necessário encontrar espaço para rodar em grandes centros urbanos, afinal, para se ter uma ideia, a cidade de São Paulo já beirava os 10 milhões de habitantes. Qual a solução? Motos trail, oras.

5 motos trail que fizeram história no Brasil

Não é difícil entender como as motos trail faziam (e ainda fazem) sucesso no vasto país tupiniquim. Na nossa breve análise ainda precisamos considerar o status social que ter uma ‘moto grande’ na garagem trazia, especialmente num período em que importações eram proibidas ou, ao menos, limitadas.

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Homenageando essas motos clássicas brasilerias é que criamos esta pequena lista, composta por cinco modelos. É claro que ela poderia ser muito maior, mas aqui adotamos apenas produtos que estavam à venda há 30 anos, ou seja, na década de 1990.

1 – Yamaha DT 180

Nossa lista entra ‘de sola’ com um modelo comum até hoje em trilhas e que foi essencial na popularização da Yamaha no Brasil. Sem medo de fazer fumaça e reponsável por democratizar o off road no país, a DT 180 foi produzida de 1981 a 1997.

DT 180 foi responsável por democratizar o acesso ao off road e, na carona, elevou o nome da Yamaha no Brasil

 

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Chegou ao mercado com inovações para a época. A principal era a suspensão monoamortecida na traseira, uma exclusividade. Também se destacava pelo baixo peso (102 kg a seco) e bom desempenho do motor de 176,4 cm³, que desenvolvia 16,6 cv (a 8.000 rpm) e tinha estrutura simples.

Com o passar do tempo a DT 180 recebeu atualizações. Sistema elétrico de 12v, tanque ‘Avulcão’,freio a disco na dianteira, novo tanque e grafismos, farol quadrado, ajustes na configuração do carburador. Em 88 passou a se chamar ‘Z’ e em 92 recebeu a companhia da irmã de 200 cilindradas. Mais potente e refinada, a versão maior seguiu nas concessionárias até 2000.

Segunda geração do modelo, DT 180 Z, chegou em 1988

 

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Como se trata de um modelo antigo (e clássico), não há um parâmetro claro para avaliar seu preço. A Tabela FIPE ainda tenta, mas acaba se distanciando da realidade cobrada pelos apaixonados proprietários. Segundo a pesquisa, uma 1997 é avaliada em R$ 2.745.

2 – Honda XLX 350R

Já lider em vendas, a Honda queria fazer frente à Yamaha, também, no segmento das motos trail. Por isso trouxe ao país modelos como XL 250R, XL 125S e, entre outras, a XLX 350R.

A Honda foi agressiva quando trouxe a XLX 350R ao Brasil. Marca queria frear o crescimento de concorrentes como Yamaha e Agrale

 

À venda de 1987 a 1991, a ‘XLona’ tinha visual inspirado nas trail de 600 cm³ disponíveis no exterior. Além do visual, atual e sedutor para a época, ela apostava na potência de seu motor de 30 cv (e 3,0 kgf.m de torque) para convencer os motociclistas de que era a melhor opção de compra.

A ‘nossa’ 350R tinha visual inspirado nas 600 cilindradas vendidas no exterior

O motor tinha a mesma base do que equipou a 250R. Era um RFVC, monocilíndrico, com câmara de combustão com quatro válvulas radiais e alimentado por dois carburadores. Com vigor de sobra em baixas rotações, também agradava no uso rodoviário, onde beirava os 140 km/h (reais) de velocidade final.

Material publicitário da XLX 350R, modelo aposentado em 1991

Deixou o mercado com poucas atualizações e infinitas marcas nas canelas de seus propietários, vítimas do contragolpe do pedal de partida – uma vez que ela não recebeu a necessária partida elétrica. O preço da FIPE? Uma pechincha. A 1991 é avaliada em R$ 4.757.

3 – Yamaha XT 600Z Ténéré

O Rally Paris-Dakar se popularizava rapidamente em todo o mundo numa época em que competições off-road faziam a cabeça dos jovens. Então a Yamaha vence as duas primeiras edições da prova, em 1979 e 80, aperfeiçoa sua XT 500 e apresenta ao mundo a XT 600.

Primeira Yamaha com motor 4 tempos no Brasil, a XT 600Z era sonho de consumo no final dos anos 1980 e início dos 90

De quebra, batiza o modelo como ‘Ténéré’ (nome da região Sul do Deserto do Sahara) e traz a moto trail ao Brasil como sua primeira de quatro tempos por aqui. O resultado não poderia ser outro senão sucesso.

Modelo era atualização da XT 500, bicampeão do Paris-Dakar

Lançada em 1988, no país ela acompanhou a segunda geração europeia. Trazia itens pouco comuns para a época, como freio a disco na dianteira, e entregava 42 cv e 5 kgf.m de torque com seu motor de um cilindro, quatro válvulas e 595 cm³. Outro destaque era o grande tanque, com 23 litros de capacidade.

Aqui, três Ténéré’s encaram uma viagem. Uma 660 e duas 600

Dois anos depois recebeu a primeira atualização, passando a contar com carenagem frontal e dois farois. Junto, recebeu novo painel, tanque de 24 litros e maior radiador de óleo para maximizar a capacidade de refrigeração do motor. Também ganhou nova relação de marchas, alongada, beneficiando o uso na estrada.

Poucos anos depois do lançamento o modelo foi atualizado, recebendo carenagem e outras mudanças

Foi aposentada em 1993, concedendo seu lugar à sucessora XT 600E – com outra proposta, sem carenagem, com tanque esguio e paralama dianteiro alto. Antes, dividiu vendas com a importada XTZ 750 Super Ténéré, que ficou nas prateleiras até 1998. O preço médio de uma XT 600Z Ténéré ano 1993 é, segundo a FIPE, R$ 10.757.

4 – Honda NX 350 Sahara

Atualização da XLX 350R, a NX 350 Sahara tinha uma proposta quase inovadora para sua faixa de cilindrada – a mesma tendência vivida pela Ténéré 600. Ao invés de ser uma moto ‘genuinamente’ destinada ao uso fora de estrada, era um modelo 2 em 1, pronta para encarar trechos acidentados e também para ser uma boa companheira em viagens.

‘Menos trail’ que as demais motos trail da lista, a Sahara 350 inovou por levar a proposta de uso misto para motos na sua faixa de cilindrada

A proposta, o visual e outros detalhes do conceito foram herdados da Africa Twin 750. Assim, aliava a potência do motor de 31,5 cv à grande carenagem, que envolvia toda a área frontal e incluía bolha. Além disso, felizmente recebeu partida elétrica. Produzida de 1989 a 1991, foi substituída pela NX4 Falcon, a Falcon 400.

Sahara foi descontinuada em 1999, dando lugar à Falcon 400

Apesar do propósito estradeiro, tinha supensões de longo curso e sistema monolink na traseira. Também era equipada com rodas aro 21″ e 17″ e, apesar de parecer largo, seu tanque comportava apenas 14 litros. Segundo a FIPE, uma 1991 é avaliada em R$ 6.691.

5 – Agrale Elefant 27.5

É impossível falar no mercado de motos trail dos anos 1990 sem ressaltar a presença da Agrale. Com projetos modernos (para a época), a empresa de Caxias do Sul (RS) nacionalizou modelos em parceria com a italiana Cagiva e tirou as marcas tradicionais da zona de conforto. Você não achou que a Yamaha atualizou a DT 180 simplesmente porque teve vontade, né?

Com modernos projetos da Cagiva, a chegada da Agrale movimentou o mercado de motos trail no Brasil

Com motores pequenos e potentes, a marca adotou uma estratégia inteligente ao batizar seus produtos. No lugar de ressaltar a cilindrada, que poderia se tornar uma desvantagem com os concorrentes, adotava a cavalaria nos nomes. Assim, surgiram SXT 27.5, Elefantre 30.0, Dakar 30.0 e outras. Além disso, foi a primeira montadora brasileira a utilizar motores com arrefecimento a líquido.

Publicidade da Agrale listava as exclusividades de seus produtos. Apesar dos projetos modernos, porém, modelos sofreram com uma série de pequenos problemas no anos iniciais

Poderíamos falar de qualquer uma delas, mas vamos destacar a Elefant 27.5. Lançada em 1986, a moto era movida pelo compacto motor de 190 cm³ e entregava boa potência e torque, de 2,52 kgf.m. Ainda, contava com longas suspensões, sistema monoamortecido na traseira, pedais retrateis e indicador de marchas no painel – algo inimaginável nas XLX e DT da época.

A 27.5 deixou o mercado em 1991. Depois a Agrale ainda lançaria outros modelos relevantes, como Elefantré 30.0, Husqvarna WR 250 e Cagiva Super City 125. A marca saiu do segmento em 2004, mas desde 2000 produzia apenas cinquentinhas. Segundo a FIPE, o preço médio da Elefant 2.75 ano 1991 é de apenas R$ 1.186 – valor digno de smartphone.

Guilherme Augusto
@guilhermeaugusto.moto>> Jornalista e formado em Relações Públicas pela Universidade Feevale. Amante de motos em todas suas formas e sons. Estabanado por natureza