Enfim fizemos um teste completo da Haojue DK 150 S. E aqui já vai um spoiler: se você acha que vai encontrar aqui uma longa lista de defeitos diante de poucas qualidades, irá se surpreender.
O modelo é a street da marca e, como tal, encara de frente sucessos consolidados no nosso mercado, como as Yamaha e Honda. E para isso ela tem lá seus trunfos, que vão além do preço competitivo.

Quem é a Haojue
Vamos por partes. Antes de apresentar a DK 150, falando sobre seu desempenho ou consumo, cabe uma breve apresentação da marca à qual pertence.
A Haojue é uma fabricante chinesa, que surgiu nos anos 1990 e tem uma parceria de longa data com a Suzuki. Assim, é ela quem fabrica a base de muitas das ‘Suzuki’ de pequena cilindrada, inclusive algumas que conhecemos bem, como as Intruder 125 e Burgman 125, dois sucessos no mercado brasileiro.
Sim, à grosso modo, alguns modelos eram fabricados pela Haojue e apenas montados pela Suzuki, que ‘colava’ seu logotipo na carenagem. Ou seja, a chinesa está presente no mercado nacional – de forma indireta – há pelo menos 19 anos, quando a Intruderzinha desembarcou por aqui.
Já a chegada oficial da empresa ocorreu em 2017. Na ocasião, a JTZ (representante da Suzuki no Brasil) trouxe as marcas Haojue e Kymco para oferecer suas motos de baixa cilindrada e scooter, deixando a Suzuki responsável apenas pelos produtos de alta cilindrada. Assim, todas as três marcas estão sob o guarda-chuvas da JTZ.
Teste: e a DK 150, é boa?
Esta pergunta, de uma simplicidade quase infantil, motivou nosso teste. Para encontrar a resposta nós rodamos cerca de 700 km com uma DK, percorrendo trechos urbanos, rodovias, estradas de terra, com garupa, só piloto, rápido, devagar, subindo, descendo.
Vale lembrar que a unidade testada foi uma DK 150 S, com injeção eletrônica, e não a versão de entrada – e carburada – DK 150 CBS. Cabe também um agradecimento à Suzuki Sun Motors de Porto Alegre que ofereceu a moto, nos cedendo por vários dias.
Para começar, uma apresentação. A DK 150 S é uma street, de baixa cilindrada, rival de nomes como CG 160 e Factor / Fazer 150. Se distancia das concorrentes especialmente no design, que conta com rodas de 5 pontas, carenagens no tanque, pequena bolha sobre o farol e ótimo nível de acabamento, sem economizar nos plásticos texturizados.
Na parte técnica, conta com motor TSR de um cilindro, quatro válvulas (DOHC) e 149 cm³, que gera 12,1 cv de potência e 1,24 kgf.m de torque máximos, a 8.000 rpm e 6.000 rpm. As rodas são em aro 18 e em alumínio, os freios CBS têm disco na frente e tambor na traseira, os pneus não têm câmara.
Veja também:
- Como é a Master Ride, nova custom pequena da Haojue
- Nova Haojue no Brasil; como é a trail NK 150
- Haojue XCR 300: uma moto que queremos no Brasil
Como é andar com a DK 150s
Logo no primeiro contato, chama a atenção o nível de acabamento. A qualidade dos encaixes e texturas dos plásticos são quase atípicos para a categoria – e um diferencial da DK 150.
Teste DK 150 S – Como é rodar com a Haojue |
||
Motor | Um dos pontos altos do modelo. Funcionamento muito suave, com vibrações praticamente imperceptíveis mesmo em rotação mais alta | |
Câmbio | Preciso e confiável, sem engasgos ou ‘falso neutro’. A relação curta de marchas prioriza o desempenho – consumo – na cidade, mas também encara estradas | |
Consumo | A DK 150 é econômica, especialmente na cidade – favorecida pela relação de marchas. Chegou a fazer mais de 52 km com um litro | |
Agilidade | Outro forte da DK. Ciclística acertada garante uma moto extremamente ágil, sensível ao menor comando do piloto. Desviar de buracos ou de carros no corredor é tarefa fácil | |
Conforto | As suspensões oferecem conforto compatível com a categoria e contam com ajustes de pré-carga na traseira. Somadas ao banco largo e com boa espuma, garantem conforto para rodar na cidade | |
Freios | O disco dianteiro e tambor trasiero dão conta do recado graças ao eficiente sistema CBS, que distribui bem a frenagem. Ou seja, freia bem mesmo em situações de emergência ou estrada de terra | |
Painel | Digital em LCD, oferece bom nível de visualização mesmo sob o sol forte. É completo (até com indicador de troca de óleo), só faltou mesmo um relógio | |
Espelhos | Ótima visibilidade e zero vibração. Têm apenas uma pequena distorção nas extremidades, mas nada que prejudique a vida do piloto | |
Acabamento | Outro ponto forte da Haojue. Plásticos (nas carenagens, painel, rabeta etc) são texturizados e parecem ser de boa qualidade, tanto na construção quanto nos encaixes |
Depois quem agrada é o motor, suave e elástico. Sua vibração é praticamente imperceptível mesmo após os 7 ou 8 mil rpm. Mérito da boa construção – e não é difícil entender porque a marca também o aproveitou para as Chopper Road e Master Ride.
Bastam alguns minutos na tranqueira da cidade para a DK mostrar outro trunfo, a agilidade. Leve e com ciclística acertada, ela muda de trajetória como poucas, exigindo zero esforço para desviar de buracos ou qualquer outro obstáculo.
Entre semáforos, declives e frenagens bruscas também exigimos dos freios. E eles responderam bem. O acionamento é suave, tanto no manete quanto no pedal, e o funcionamento é seguro, sem comportamentos estranhos. Já o sistema combinado CBS garante uma frenagem segura, até mesmo em estradas de terra.
Quantos km a DK 150 faz por litro
Hora de aferir o consumo da Haojue DK 150. Para simular condições reais do uso, colocamos a street à prova em praticamente todas as situações que ela irá encarar nas mãos dos proprietários – inclusive em algumas para as quais ela não foi projetada, e aí a pequena reclamou.
Consumo DK 150 |
|
Urbano e estrada (até 85 km/h) | 52,2 km/litro |
Rodovia (com garupa) | 32 km/litro |
Rodovia (em condições extremas) | 24,1 km/litro |
* moto em fase de amaciamento |
Os números de consumo deixam claro: a DK 150 está em casa quando o percurso é na cidade. Aliás, sua própria relação de coroa e pinhão foi projetada para isto, permitindo rodar suavemente em 5ª marcha a 60 km/hora.
Já na rodovia, a configuração (com ênfase na relação de marchas mais curta) acaba exigindo mais do motor. Para atingir 100 km/hora ela precisa acelerar até os 8.500 rpm, já na faixa vermelha. Aí não tem jeito, se acelera mais, gasta mais.
Cientes de que o consumo cairia, resolvemos por à prova a valentia da DKzinha. Com piloto, garupa e mochila, encaramos uma autoestrada às margens de uma imensa lagoa. Vento contra e caminhões não faltaram. A situação era tão adversa que em alguns momentos era difícil manter 90 km/h (normal, pois estamos falando de uma 150). Ao abastecer, a surpresa: o consumo caiu para menos de 25 km/litro, quase inacreditável para uma moto que faz mais de 50 km/litro na cidade.
Apesar do consumo maior, ela resistiu bem e seguiu confortável mesmo em velocidades mais altas. Apesar de estar trabalhando na casa dos 9 mil rpm, o motor vibra pouco e responde bem. E foi assim que atingimos o top speed, perto dos 120 km/hora. Vale lembrar que a moto ainda estava em fase de amaciamento, com menos de mil km rodados.
Conclusão: vale a pena comprar uma DK 150 S?
A DK 150 parece ter chegado ao mercado brasileiro ciente de que teria motocicletas de qualidade e já consolidadas como concorrentes. E apresenta um produto à altura desta briga.
Assim, é confortável, econômica, ágil, leve. Tudo que uma boa street precisa ser. É uma boa opção de moto para o corre diário, especialmente nas cidades.
Entre as concorrentes, seu principal diferencial é o design. Apesar de ser uma street 150, provoca olhares por onde passa, é uma moto para se diferenciar na multidão. De quebra, conta com o suporte da rede de concessionários Suzuki, já que é vendida nas mesmas lojas da japonesa.
Preços Street 150 / 160 cc | ||
Modelo | Preço de mercado (FIPE) |
Preço sugerido
|
Haojue DK 150 | R$ 13.130 | R$ 13.189 |
Yamaha Factor 150 | R$ 13.368 | R$ 12.590 |
Haojue DK 150 S | R$ 13.955 | R$ 13.898 |
Honda CG 160 Fan | R$ 14.488 | R$ 12.280 |
Yamaha Fazer 150 | R$ 14.497 | R$ 13.690 |
Honda CG 160 Titan | R$ 16.002 | R$ 13.310 |
E o preço? Se não irresistível, é competitivo. A DK 150 S custa cerca de R$ 500 a mais que a Factor 150, mas tem qualidade de acabamento superior. Suas concorrentes mais diretas seriam as Fazer 150 e Fan 160, que custam aproximadamente R$ 500 a mais que a Haojue.
Em comum são todas boas opções ao consumidor, cada uma com seus atributos e argumentos de venda. Boa sorte na escolha.
Agradecimento especial a Marília Wilbert e Fernando Santos, que contribuíram de forma essencial na produção das fotos.