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No artigo anterior – Estradas e Combustíveis – Parte 1 – citei as estradas do Brasil (Paraná e São Paulo), do Paraguai e da Bolívia. Agora vamos finalizar esse tema com as estradas do Peru, Chile e Argentina!

Ruta 1, Peru: belas e desertas paisagens no país vizinho

Ruta 1, Peru: belas e desertas paisagens no país vizinho

Peru – 17 dias – 3.331 km

Ruta 2 | Ruta 3S | Ruta 3 | Ruta 31 | Ruta 1 | Ruta 1S

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De todos os países que cruzamos nesta aventura, o Peru foi o que mais motocamos e o que apresenta as mais belas estradas da viagem inteira. Seja no Altiplano Andino, no meio da Cordilheira dos Andes ou na Costa do Pacífico, as estradas do Peru são de deixar qualquer um babando dentro do capacete.

Tirando a Ruta 3S que liga Cuzco até Nazca, as demais estradas são um tapete só. O problema com a 3S é que por passar no meio da Cordilheira dos Andes – no nosso caso ladeira abaixo– a incidência de desmoronamentos é muito grande e quando isso acontece, a pista é levada embora… há uma reconstrução emergencial. Mas em 99,9% dos casos não há recapeamento do asfalto e a areia fina e pedrinhas exigem uma atenção redobrada e, por prudência, a desaceleração. Somando esses trechos com as centenas de curvas em forma de cotovelo, acaba sendo grande a exigência de muito preparo físico, disposição e tempo. Além do mais, não dá para enrolar o cabo e, sinceramente, seria um desperdício de viagem não curtir a paisagem exuberante de paredões gigantescos ao lado da pista!

Ruta 3, Peru

Ruta 3, Peru

O litoral é um espetáculo a parte. É bem verdade que o Sul é muito mais bonito que o Norte até Lima, onde a Rodovia Panamericana segue sem postos de gasolina e com granjas a beiramar que deixam a paisagem feia e fedida. Já em direção ao Sul, entre Nazca e Arequipa, a estrada margeia o oceano Pacífico a sua direita, enquanto a Cordilheira dos Andes sobe em alguns pontos até quase 1.000 m de altitude ao lado esquerdo.

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O visual é fantástico, o asfalto ótimo, mas não existem três coisas importantes: guard rail, telefone de SOS e postos de combustíveis. Aliás, telefone de SOS e guard rail é um luxo das estradas brasileiras, pois são raríssimas rodovias nos países vizinhos que possuem essas instalações. Quanto ao combustível fique atento. No Peru é fácil rodar até 200 km sem encontrar nada.

Ruta 1, Peru

Ruta 1, Peru

No Peru você vai encontrar três tipos de gasolina por octanagem sendo 90 (normal), 95 (super) e 97 (super plus). Como de costume abasteci sempre com a de menor octanagem e rodei 20 km/l tranquilamente. O preço gira em média de R$1,53 o litro (US$0,92 – cotação a R$1,65), mas vale ressaltar que o combustível é medido em galão e não litros e que cada galão equivale a 3,78 l.

Chile – 4 dias – 1.466 km

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Ruta 5 | Ruta 1 | Ruta 28 | Ruta 25 | Ruta 23 | Ruta 27

O Chile é fantástico, caro e tem as estradas mais desertas que já cruzamos. O asfalto é 100% tapete e as faixas são brancas e não amarelas, como estamos acostumados por aqui. Com a pista preta, este visual é convidativo e prazeroso para viajar de moto.

A vastidão da Ruta 5, no Chile

A vastidão da Ruta 5, no Chile

Aqui a preocupação deve ser com combustível. Na Ruta 5, que liga Arica até Iquique, rodamos cerca de 230 km no mais completo vazio e só conseguimos combustível em um vilarejo chamado Huara onde compramos gasolina em uma casa de família.

Antes de entrar na estrada, esteja com o tanque cheio, pois são várias estradas desertas. Nesta mesma Ruta 5, que passa por Antofagasta e segue para Santiago do Chile, você pode descer um pouco mais que 70 km de Antofagasta para conhecer a famosa Mão do Deserto que é simplesmente fantástica e icônica.

Depois desta visita seguimos para San Pedro de Atacama e de lá rumo à Argentina via Paso de Jama. Aqui convêm encher o tanque, pois o próximo posto é depois da Aduana da Argentina, cerca de 170 km de San Pedro. Aqui você vai percorrer a Ruta 27 que sobe até 4.400 m de altitude que, dependendo da época, fica interditada por conta do gelo que forma camadas com mais de 5 metros de altura. Passamos uma semana depois de a estrada ter sido bloqueada por 5 dias e ainda tinha muito gelo no acostamento.

A pista é uma delícia com muitas curvas que podem ser feitas em velocidades maiores,  mas é preciso cuidado com a polícia Chilena, pois lá as leis são cumpridas com rigor. Esqueça qualquer possibilidade de dar um “jeitinho brasileiro”. O preço do combustível foi um dos mais altos nesta viagem, aliás, como tudo no Chile: pagamos cerca de R$2,50 l (US$ 1,50 – cotação de R$1,65) e mais uma vez é possível encontrar três tipos de octanagem – 93, 95 e 97.

Argentina – 7 dias – 1.900 km

Ruta 52 | Ruta 16 | Ruta 12

As planícies de sal de Salar Grande. Ruta 52, Argentina

As planícies de sal de Salar Grande. Ruta 52, Argentina

A primeira ruta que encontramos foi a Ruta 52 que segue até Jujuy. Ela é linda em meio a Cordilheira dos Andes. Nesta região está o Salar Grande, uma área gigantesca de sal, e os cactos gigantes que não deixam nada a desejar para outras regiões do Atacama. Aliás, esse trecho também faz parte do deserto.

Na região de Purmamarca há uma grande descida e a variação de altitude cai de 3.900 para pouco mais de 2.000 m. Esse trecho, quando feito em sentido oposto, gera o Mal de Puno, uma indisposição causada pela grande e rápida variação de altitude. Sobre isso, vale a dica: não precisa mascar a folha de coca, pois o único efeito será ficar com os dentes verdes. O cenário mais uma vez é lindíssimo e a pista muito boa.

Ruta, 27 Chile

Ruta, 27 Chile

Mas esse paraíso tem um revés e ele se chama Ruta 16! Ô estrada chata. Além do asfalto que em muitos trechos é completamente irregular, chegando quase a arremessar o garupa como se fosse um assento ejetor, as retas são intermináveis e a oferta de combustível quase inexistente. Na região do chaco argentino, os postos de serviços são abastecidos aos sábados e geralmente no domingo não há mais “nafta”. Isso ocorre porque as cidades sabem que só depois de uma semana haverá bomba cheia! Passamos sufoco para conseguir combustível. A dica então é parar em todos os postos do caminho, mesmo que a última parada tenha sido 5 km antes. Outro detalhe; nada de cartão, os caras só aceitam “efetivo” ou seja, grana.

Os preços praticados na Argentina andaram na média de R$2,05 l (US$1,24 – cotação a R$1,65). Os tipos ofertados são Normal ou Grado 1 (85 octanas), Super ou Grado 2 (95 octanas) e Fangio XXI ou Grado 3, a famosa gasolina azul não muito recomendada por conter chumbo e os motores brasileiros não estão preparados para essa alta mistura. Mas relaxe, nos outros tipos também existe chumbo. Opte pela menor octanagem.

Obs: Para facilitar a discussão sobre esse assunto criamos um espaço no final da página ou no fórum para os motonliners.